Protesto contra a falta de professores nas escolas do concelho de Sesimbra

"Os professores são a nossa condição para fazer um futuro em condições" 

"Temos 120 alunos do 3.º ciclo, nos 7.º e 8.º anos, sem professores de inglês desde o princípio do ano letivo", denuncia Vasco Aniceto, representante da Associação de Pais e Encarregados de Educação da EB 2,3/s Michel Giacometti durante a manifestação que teve como objetivo alertar para a falta de docentes nas escolas do concelho de Sesimbra. Um protesto organizado por encarregados de educação e estudantes de estabelecimentos do concelho, que decorreu na manhã desta terça-feira, frente à Escola da Quinta do Conde. A iniciativa contou com a presença de Paula Santos, deputada e líder parlamentar do PCP, e Felícia Costa, vereadora do pelouro da Educação da Câmara de Sesimbra, Eduardo Cruz, diretor do Agrupamento de Escolas Michel Giacometti, representantes dos encarregados de educação e alunos.
Manifestação decorreu terça-feira na escola de Quinta do Conde

Eduardo Cruz, diretor do Agrupamento de Escolas Michel Giacometti reforça que este problema é "uma gota de água no grande desinvestimento que a escola tem sofrido" e recorda a dificuldade de contratação de docentes que se tem verificado nos últimos anos, que considera "intolerável em 2022".
No estabelecimento de ensino onde é diretor, a Escola Básica 2,3/s Michel Giacometti, Quinta do Conde, há necessidade de professores de Inglês, Matemática e Geografia e existem alunos que não tiveram uma única aula de Inglês em todo o ano letivo 2021/2021 e alguns que não tiveram a disciplina de Português no 1.º período.
Este cenário tem gerado bastante preocupação nos encarregados de educação, que veem o percurso escolar dos filhos ser posto em causa.
A mãe de uma das alunas afetadas e uma das dinamizadoras da ação de protesto, Cristina Machado, considera "inconcebível" alunos passarem todo um ano letivo sem aulas de Inglês, uma das disciplinas que considera essenciais na formação escolar. No caso da sua filha, esteve prevista a colocação de duas professoras, no entanto uma delas encontra-se de baixa e a outra "era de longe" e acabou por desistir da vaga.
A falta de docentes abrange "os cinco agrupamentos do concelho", explica Vasco Aniceto e, face à falta de resposta do Ministério da Educação, adianta que está a decorrer uma petição, que já tem cerca de 7500 assinaturas, para pedir uma audição com os diferentes grupos parlamentares na Assembleia da República.
Também os estudantes partilham a preocupação com a gravidade da situação, que terá implicações em disciplinas importantes para os exames e para a progressão no percurso escolar, como referiu na ocasião Albertino Rodrigues, aluno do 10.º ano e presidente da Associação de Estudantes da Escola Michel Giacometti.

Líder parlamentar do PCP presente na manifestação 
Alunos querem mais professores nas escolas 
Paula Santos, líder parlamentar da bancada do PCP, eleita pelo círculo de Setúbal, associou-se também ao protesto.
A deputada salienta que este é um problema a nível nacional e que tende a agravar-se caso não sejam tomadas "medidas de valorização dos professores e das suas carreiras", dando como a exemplo a proposta de "atribuição de um apoio aos professores deslocados, para suprir algumas destas carências".
Quem tem acompanhado de perto este problema e feito tudo o que está ao seu alcance para a sua resolução é Felícia Costa, vereadora do pelouro da Educação da Câmara de Sesimbra.
A autarca deixa um apelo ao Ministério da Educação, pois "a situação tende a agudizar-se" e mostra a preocupação da autarquia face a este problema. "A informação que temos é que, se não forem tomadas medidas, em setembro vamos iniciar o ano letivo sem professores nas nossas escolas". 
Felícia Costa lembrou que, para além do caso da Michel Giacometti, que é o mais grave, nas escolas Navegador Rodrigues Soromenho, Secundária de Sampaio e no Agrupamento da Boa Água também continuam a faltar docentes.


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