Festa do Senhor Jesus das Chagas regressa a Sesimbra esta sexta-feira

Devoção ao Senhor Jesus das Chagas leva milhares de pessoas às ruas da vila

Gaiteiros de Lisboa, Matay, Calema e Anjos são os destaques do cartaz da Festa das Chagas, que decorre a partir desta sexta-feira e prolongam-se até 8 de Maio, na vila de Sesimbra. São as primeiras grandes festas do distrito de Setúbal que, depois de uma interrupção de dois anos por causa da pandemia, estão de volta já este mês. A Festa das Chagas está associada às celebrações religiosas em honra do Senhor Jesus das Chagas, que têm o seu momento alto no dia 4 de Maio, feriado municipal, com a procissão, que percorre as principais ruas da vila. A primeira procissão de que há registo aconteceu em 1895 e nos anos seguintes as comemorações atingiram grande esplendor, lembra a autarquia de Sesimbra. Tal como aconteceu em 2019, a festa realiza-se no terminal rodoviário, e conta com zona de divertimentos, área destinada a tasquinhas do mar, onde o peixe e marisco de Sesimbra podem ser saboreados.
Senhor Jesus das Chagas volta a sair à rua a 4 de Maio 

A abertura da Festa acontece já esta sexta-feira, no entanto, a abertura oficial, com intervenções da Câmara de Sesimbra e Irmandade de Nosso Senhor Jesus das Chagas, terá lugar na noite de 23 de Abril, sábado. O concerto de abertura terá lugar também no dia 23, com os Gaiteiros de Lisboa.
No último sábado de Abril, a atuação cabe aos irmãos Calema, que alcançaram sucesso com os temas Tudo por Amor e Vai. Em 2020, lançaram Yellow, uma lufada de ar fresco, não só pela alegre e contagiante sonoridade, mas também pela mensagem positiva que está implícita em cada batida. Os temas Te Amo, Allez, Amar 24/24, Abraços ou Yellow assumem novas sonoridades com influências da cultura afro.
Matay, que era para abrir as festas nesta sexta-feira mas que devido ao mau tempo, sobe ao palco a 5 de Maio. O cantor que ficou conhecido por partilhar com Dengaz a música Dizer Que Não. Participou no Festival RTP da Canção em 2019, onde interpretou Perfeito, com letra de Boss AC e música de Tiago Machado. Confia, o seu novo single a solo, com letra e música de Agir, une o calor das raízes africanas de Matay a outras influências, como a soul e o gospel.
Já em Maio, dia 7, o palco volta a receber uma dupla de irmãos, desta vez os Anjos, que dispensam apresentações. Surgiram em 1998, e rapidamente se transformaram num dos maiores fenómenos de popularidade de sempre na música em Portugal. Ficarei, Perdoa, Quero Voltar e Nesta Noite Branca são alguns dos êxitos do grupo, que há mais de duas décadas escolheu Sesimbra para viver.
Tal como aconteceu em 2019, a festa realiza-se no terminal rodoviário, e conta com zona de divertimentos, área destinada a tasquinhas do mar, onde o peixe e marisco de Sesimbra podem ser saboreados, divulgação de entidades ligadas ao mar e à pesca e um stand da Câmara Municipal, com promoção turística do concelho.
A Festa das Chagas está associada às celebrações religiosas em honra do Senhor Jesus das Chagas [protetor dos pescadores], que têm o seu momento alto no dia 4 de Maio, feriado municipal, com a procissão, que percorre as principais ruas da vila. A procissão, que se realiza há mais de cem anos, é uma das mais antigas e maiores do sul do país e começa desde a Igreja Matriz até à Capela da Misericórdia. Segue-se depois um Sermão no Largo da Marinha e bênção ao mar e às embarcações.

A lenda do Senhor das Chagas
Procissão tem mais de 100 anos e é o momento alto da vila
Segundo dita a lenda do Senhor das Chagas, no séc. XVI houve uma revolta contra a igreja católica. Nessa altura a rainha mandou encaixotar todas as imagens que estavam nas igrejas e deitá-las ao mar. Arrastados pelas correntes os caixotes foram levados mar fora e foram ter aos sítios mais diversos. Um deles veio ter à praia de Sesimbra. Estavam alguns pescadores à beira mar quando viram aquele caixote a boiar junto à pedra que fica do lado nascente da fortaleza.
Trouxeram-no para a praia, abriram-no e viram uma imagem de Jesus Cristo e ficaram muito admirados sem saberem o que fazer com ela.
Pensaram um pouco e trouxeram-no para o terreiro da Misericórdia, onde hoje em dia é um jardim, mas não tinham sítio onde o colocar. A imagem não ia ficar no chão, nem à chuva nem ao vento, por isso resolveram levantar uma tenda e fingir que aquilo era uma pequena capela, pois um dia fazer-se-ia uma a sério.
Todos repararam que faltava um braço à imagem, mas também sabiam que no caixote não estava. E a imagem continuou assim na pequena capela improvisada onde toda a gente ia venerá-la. Ora era costume, e ainda hoje há quem o faça, ir à praia buscar lenha para levarem para a lareira. Naquele dia, uma velhinha apanhava uns pequenos troncos na praia. Ao chegar a casa colocou os troncos no braseiro e sentou-se ali ao pé para se aquecer. Começou a reparar que toda a madeira ardia menos aquele tronco mais grosso. A ele nem o lume chegava perto.
Intrigada pegou nele e mirou-o com atenção. Viu, então, que aquele pedaço de madeira tinha a forma de um braço.
Correu até à capela, mostrou-o ao padre e concluíram que aquele tronco especial era realmente o braço da imagem do Senhor Jesus.
Todos gritaram “milagre”, prometeram fazer todos os anos uma festa em honra do Senhor e mandaram edificar a capela da Misericórdia onde fizeram um altar para colocar a imagem do Senhor Jesus das Chagas.
Todos os anos no dia 4 de Maio faz-se uma procissão que atravessa as ruas da vila de Sesimbra e que no largo da Marinha abençoa o mar para que este nunca falte com o peixe que era, até há poucos anos, o principal sustento das pessoas de Sesimbra. Um cartaz turístico e profundamente ligado à cultura da vila, está de regresso após dois anos "suspensa" devido à covid-19. 

 

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