Marta Temido diz que reclassificação do Centro Hospitalar não depende de decisão política
A ministra da Saúde referiu, esta quarta-feira no Parlamento, que estão previstos investimentos de sete milhões de euros até ao final de 2022 no Hospital de Setúbal, além da construção do novo Serviço de Urgência. Marta Temido referiu que a reclassificação da unidade hospitalar está em análise e garantiu que, se tiver condições, técnicas avançará. A ministra da Saúde foi ouvida na Comissão de Saúde sobre as dificuldades no Hospital de Setúbal, onde 87 médicos pediram a demissão alegando falta de condições. A reclassificação do Hospital de Setúbal, do grupo C para o grupo D, tem sido defendida pelos médicos demissionários, pela administração da unidade e pela Câmara de Setúbal como forma de obter melhor financiamento. Por responder ficou uma questão do deputado do BE Moisés Ferreira, sobre a eventual desativação do Hospital Ortopédico do Outão e a deslocalização dos serviços de ortopedia para o Hospital de São Bernardo.
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A ministra da Saúde afirmou esta quarta-feira que a reclassificação do Centro Hospitalar de Setúbal do nível C para D, que permitiria aumentar o financiamento daquela unidade, depende de critérios técnicos e não de uma decisão política.
A classificação de uma unidade hospitalar, ou a sua eventual reclassificação, depende de um conjunto de critérios técnicos que se prendem com o volume de negócios, com a atividade assistencial, com a população servida, com a sua própria diferenciação. Não é uma questão estritamente de decisão política. É uma questão de avaliação de critérios”, disse Marta Temido.
“Essa avaliação de critérios tem em conta aquilo que é a classificação das restantes instituições do Serviço Nacional de Saúde. A Administração Central do Sistema de Saúde tem estado a fazer um trabalho relevante de análise daquilo que é o agrupamento dos vários hospitais, em termos de níveis e de homogeneidade da sua resposta e clusterização dos hospitais, e a analisar e avaliar indicadores, com o apoio de peritos e técnicos exteriores, da atual classificação dos hospitais”, acrescentou.
Marta Temido, que respondia a perguntas dos deputados durante uma audição da Comissão Parlamentar de Saúde sobre as “dificuldades que o Centro Hospitalar de Setúbal está a enfrentar”, requerida pelo PCP, assegurou, no entanto, que o Ministério da Saúde vai dar “prioridade a este trabalho relativamente ao Centro Hospitalar de Setúbal e fazer as correções de classificação” que forem “tecnicamente adequadas e possíveis”.
Na audição, a ministra deixou também um reparo aos médicos que têm denunciado a falta de condições no Centro Hospitalar de Setúbal, lembrando que “a melhor forma de atrair recursos humanos é conquistá-los para projetos de trabalho e não passar uma imagem, ou intensificar uma imagem, de que a instituição vive enormes dificuldades e num clima de confronto”.
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Por responder ficou uma questão do deputado do BE Moisés Ferreira, sobre a eventual desativação do Hospital Ortopédico do Outão e a deslocalização dos serviços de ortopedia para o Hospital de São Bernardo, uma possibilidade que muitos profissionais de saúde do Centro Hospitalar de Setúbal consideram ser inviável, porque, dizem, iria agravar ainda mais o atual problema da falta de instalações.
Na audição requerida pelo PCP, participou também o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, que, apesar de reconhecer as carências de pessoal médico, garantiu que o hospital que serve as populações dos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra, tem hoje mais 37 médicos especialistas, dos quais 27 médicos internos, do que tinha em Dezembro de 2015.
Depois de o diretor clínico ter renunciado ao cargo, outros 86 médicos pediram a demissão, sublinhando a “situação de rutura” nos serviços de urgência, nos blocos operatórios, na oncologia, na maternidade e na anestesia, entre outros. Entre os 86 demissionários estão diretores de serviço e departamentos, coordenadores de unidade e comissões, chefes de equipa de urgência e a restante direção clínica.
Os representantes dos médicos foram ouvidos no parlamento no final de Outubro e alertaram que o Centro Hospitalar tem um défice de 70 clínicos.
Agência de Notícias com Lusa
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