Dragagens no porto de Setúbal discutidas no Parlamento

Danos causados por dragagens no Sado são "reversíveis"

O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas  e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmaram, nesta terça-feira, no parlamento que os impactos ambientais causados pelos sedimentos libertados durante as dragagens no rio Sado são "temporários" e "reversíveis". As duas entidades foram ouvidas na Comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território sobre um incidente ocorrido em janeiro junto ao terminal da Teporset, no rio Sado, em Setúbal, onde estão a ser efetuadas dragagens para manutenção da infraestrutura. 
Especialistas afirmam que danos provocados não são importantes 

Durante o processo ocorreu o rebentamento de uma parede do tanque de contenção de águas de dragagem, situação que originou uma escorrência de sedimentos sobre a praia da Eurominas, causando danos numa pradaria marítima.
O incidente foi denunciado pela Ocean Alive, uma Organização Não Governamental, e pelo movimento SOS Sado, que apresentou uma queixa a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e Ordenamento do Território.
Na audição desta terça-feira, a primeira entidade a intervir foi o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, que através do diretor regional de Lisboa e Vale do Tejo, explicou que o rebentamento da bacia de retenção se deveu a uma situação de "elevada pluviosidade", ressalvando que os trabalhos de dragagem decorreram de "forma normal".
Rui Pombo referiu que os sedimentos que escorreram da bacia de retenção originaram a destruição de quatro mil metros quadrados de pradaria marítima, mas que os responsáveis da Teporset já apresentaram um plano com medidas de compensação ambiental e restabelecimento da situação preexistente.
"A proposta que nos foi colocada encontra-se em análise e esperamos nas próximas semanas ter uma análise técnica que nos permita verificar a melhor forma de intervenção no sentido de recuperar esta área e minimizar os impactos", apontou.

APA lamentou a destruição de pradarias marítimas
População contra as dragagens do Sado 
Por seu turno, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, sublinhou que se tratou de um "acidente" e assegurou que os impactos causados são "temporários e reversíveis", uma vez que os sedimentos não tinham "qualquer perigosidade" nem existe indicação de "contaminação hídrica".
O presidente da APA lamentou a destruição dos quatro mil metros quadrados de pradarias marítimas, mas lembrou que esta área irá ser recuperada e que "apenas representa um por cento," da área total das pradarias marítimas do Estuário do Sado.
Na sua intervenção, Nuno Lacasta criticou também os promotores da ação cautelar que suspendeu as dragagens no rio Sado que, segundo o responsável da APA, impediram que fosse dado o "destino mais adequado" a alguns sedimentos.
"É possível, como ouvimos, ser reparado este dano, inclusive na pradaria marinha, e é nisso que todos trabalharemos nos próximos tempos. Zelaremos para que esta situação seja reposta e reparada", assegurou.
Há cerca de um mês, ouvido pela mesma comissão, um representante da Teporset já tinha manifestado a intenção de implementar medidas de compensação ambiental.
Na mesma sessão foram ouvidas também entidades responsáveis pelo porto de Setúbal, que negaram que os sedimentos libertados durante as dragagens sejam poluentes e que esteja comprometida a biodiversidade do estuário.
No entanto, estas dragagens têm sido criticadas pelo movimento SOS Sado, que questiona o facto de esta intervenção não ter sido sujeita a uma Avaliação de Impacto Ambiental. 

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