Descoberto um depósito de resíduos clandestino em Setúbal

Depósito de resíduos existe há duas décadas, mas só agora se levanta a suspeita de risco ambiental 

Foi descoberto um depósito clandestino, em Setúbal, com cerca de 120 mil toneladas de resíduos. Visível à distância está localizado há décadas junto ao estuário do Sado.  A Câmara de Setúbal diz que não tinha conhecimento da situação e o Ministério do Ambiente já fez saber que vai realizar uma fiscalização ao local. Os ambientalistas da Zero exigem a intervenção da Secretaria de Estado do Ambiente para que sejam feitas as devidas análises científicas e que se investigue a origem dos resíduos colocados na zona de proteção da Reserva Natural do Estuário do Sado.
Mais resíduos perigosos descobertos no Vale da Rosa 

Este é o segundo descoberto em menos de um ano no município de Setúbal. Os resíduos encontrados, no ano passado, em Vale da Rosa, tinham origem na antiga empresa, Euronimas, localizada no terreno ao lado deste depósito agora encontrado, e que a autarquia de Setúbal diz desconhecer a existência.
À SIC, que deu a notícia, o Ministério do Ambiente já fez saber que vai investigar a situação ainda esta semana.
No caso de Vale da Rosa, junto ao Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal, estão detetados cerca de 80 mil toneladas de resíduos, já classificados como perigosos pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), por conterem arsénio, cádmio, chumbo, mercúrio, níquel e manganês. 
São motivos mais do que suficientes para a Zero desconfiar, e denunciar, existir a possibilidade de mais um risco ambiental no território sadino, pelo que se prepara para pedir a intervenção do Governo. 
Parcialmente cobertos de vegetação, e apesar do efeito de sedimentação provocado por dezenas de anos de exposição, os montes existentes na Mitrena indiciam a presença dos mesmos materiais descobertos no Vale da Rosa. Aliás, a informação de que as toneladas de resíduos ali encontradas no ano passado tinham origem na Eurominas foi conhecida de imediato.
Eusébio Candeias, ex-presidente da Junta de Freguesia do Sado e ex-vereador comunista na Câmara de Setúbal, deu a saber, em Junho de 2020, que aqueles materiais começaram a ser carregados para o Vale da Rosa em 2003, vindos da Eurominas.

Zero quer descontaminar a zona 
Ambientalistas querem limpar toda a zona 
Situado a poucos metros do limite da área do sapal, o depósito de resíduos denunciados pela Zero tem escorrências, há duas dezenas de anos, para as águas do Estuário do Sado, assim como para o lençol freático na zona, que é considerado um dos maiores da Europa.
O receio de risco ambiental, e para a saúde pública, inerente a estes resíduos, a serem perigosos, tal como a associação ambientalista em muito desconfia pela comparação aos existentes no Vale da Rosa, está patente na carta que recebeu da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo. 
Referindo-se ao Vale da Rosa, a comissão escreve: “Atendendo a que se concluiu tratar-se de resíduos perigosos que apresentam diferentes características de perigosidade, estão a ser efetuadas as necessárias diligências junto da área da saúde para atuação no âmbito das respetivas competências. Após a remoção dos resíduos em causa, podem vir a ser definidas outras medidas de actuação consideradas adequadas nomeadamente uma avaliação da qualidade do solo e da água subterrânea”.
É a pensar nisso que os ambientalistas da Zero exigem a intervenção da Secretaria de Estado do Ambiente para que sejam feitas as devidas análises científicas e que se investigue a origem dos resíduos colocados na zona de proteção da Reserva Natural do Estuário do Sado.

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