Governo proíbe vendas ao postigo e encerra restaurantes de centros comerciais

"Não é aceitável mantermos este nível de circulação", avisa António Costa

O Governo endureceu as medidas de restrições para combater a propagação da covid-19 e, assim, decretou a proibição de circulação entre concelhos aos fins de semana. Além disso, todos os estabelecimentos de qualquer natureza têm de encerrar às 20 horas nos dias úteis e às 13 horas aos fins de semana, com exceção, neste caso, do retalho alimentar que aos fins de semana pode estar aberto até às 17 horas. O primeiro-ministro anunciou que passam a estar proibidas todas as vendas ao postigo em estabelecimentos de venda de produtos não alimentares, como lojas de vestuário. Foi também decretado o encerramento dos restaurantes de centros comerciais, mesmo para take-away. É proibida também a venda ou entrega ao postigo [ou porta] de qualquer tipo de bebida, mesmo cafés, nos estabelecimentos alimentares. As novas medidas devem entrar em funcionamento nos próximos dias. As escolas e os ATL's irão continuar em funcionamento. 
Cafés deixam de poder vender à porta 

As vendas ao postigo nas lojas do ramo não alimentar e de bebidas, incluindo café, nos estabelecimentos do ramo alimentar vão ser proibidas, mesmo nos que estão autorizados a vender em ‘take-away’, anunciou hoje o primeiro-ministro.
A intenção do Governo é acabar com os ajuntamentos à porta de pastelarias, por exemplo, onde as pessoas se acumulam depois de pedirem uma meia de leite ou um pastel de nata ao postigo. Há outras alterações em mente, mas esta pretende corrigir os efeitos negativos de uma medida que, na prática, transferiu os clientes do interior dos estabelecimentos comerciais para o exterior.
António Costa começou por alertar para o facto de, neste momento, estar em causa a "saúde e a vida de cada um de nós e de quem nos rodeia", o primeiro-ministro sublinhou, em conferência de imprensa, a partir de São Bento, que "não é aceitável mantermos este nível de circulação" verificado desde que entrou em vigor o confinamento geral.
De acordo com os dados reunidos pelo executivo, "entre sexta e ontem, comparativamente com sexta e domingo da semana anterior, tivemos uma redução de 30 por cento das movimentações", um valor que não é suficiente para travar as cadeias de transmissão no país.
Esta informação, ressalvou o primeiro-ministro, foi recolhida junto de forças de segurança, operadores de transportes públicos, concessionários de autoestradas e dados relativos à movimentação de telemóveis.
"Ainda hoje morreram mais 167 pessoas. Não há nenhuma razão para termos hoje menos receio da covid-19 do que o medo que todos tivemos quando a doença chegou em março passado", advertiu.
Perante a situação, António Costa explicou que se impõe o alargamento do quadro de medidas e procedeu ao anuncio das novas medidas, relevando que passa a ser proibido: a "venda ou entrega ao postigo, em qualquer estabelecimento do ramo não alimentar", a "venda ou entrega em cafés ou em estabelecimentos em 'take away'" e o consumo "à porta ou na via pública" nas imediações destes espaços. Assim passa a ser proibida a venda de álcool, cafés ou outro tipo de comida à porta de cafés ou restaurantes.

Jardins, espaços ribeirinhos e locais de desporto podem ser fechados 
Portugal não tem cumprido o recolher obrigatório

O primeiro-ministro também avançou que "serão encerrados todos os espaços de restauração em centros comerciais", mesmo em regime de 'take away', e que serão "proibidas todas as campanhas de saldos e de promoções".
Sobre os espaços públicos, será também proibida a permanência nestes locais, como por exemplo, em jardins e zonas destinadas ao exercício físico. 
"Solicitamos a todos os presidentes das câmaras municipais que limitem o acesso a locais de grande concentração de pessoas como frentes ribeirinhas, parques infantis e equipamentos desportivos", informou.
Serão ainda encerradas as "universidades sénior, os centros de dia e centros de convívio". Contudo, "não se justifica alterar a decisão tomada relativamente ao funcionamento das escolas". Ou seja, os restantes estabelecimentos de ensino irão permanecer de portas abertas.
"Para reforçar a obrigatoriedade do teletrabalho, é determinado que todos os trabalhadores que se tenham de deslocar para o local de trabalho sejam portadores de uma credencial pela entidade empregadora", adiantou também.
Ainda sobre novas medidas, o chefe do Governo informou que "todos os estabelecimentos deverão encerrar às 20 horas aos dias de semanas e às 13 horas aos fins de semana, com exceção do retalho alimentar, que pode ficar aberto até às 17 horas", e que haverá "mais visibilidade das forças de segurança na via pública", designadamente, nas imediações dos estabelecimentos escolares, de forma a serem um fator de dissuasão para impedirem ajuntamentos que são uma ameaça à saúde pública".

"Estamos a viver o momento mais grave desta pandemia"
António Costa apresentou medidas mais restritivas 

Depois de ter estado reunido com a 'taks force' responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 esta manhã, António Costa aproveitou ainda o momento para revelar que o país está "condições de ter uma melhor gestão do stock de vacinas e acelerar o processo de vacinação nos lares".
Assim, o executivo assumiu, acrescentou o primeiro-ministro, o objetivo de "concluir até ao final da próxima semana a vacinação integral da primeira toma em todos os lares, salvo, naturalmente, naqueles onde a existência de surtos nos impede de proceder à vacinação".
Por fim, o chefe do Governo alertou que, neste momento, "estamos a viver o momento mais grave desta pandemia" e apelou, mais uma vez, para que todos os portugueses cumpras as medidas de combate à pandemia.
"Podemos ter toda a confiança na excelência dos profissionais de saúde, podemos ter confiança no esforço que está a ser feito para multiplicar além do limite do previsível a capacidade de resposta do SNS".
De acordo, o primeiro ministro "as forças de segurança irão seguramente reforçar a fiscalização, e o Governo, o Presidente da República e o parlamento nunca hesitarão em tomar as medidas, por mais duras que sejam, que se imponham para salvaguardar a saúde publica. Mas há algo que se impõe compreender: O controlo e combate da pandemia, em última instância, depende do comportamento individual", garantiu António Costa. 
A pandemia de covid-19 provocou, mais de dois milhões de mortos resultantes de mais de 94,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.028 pessoas dos 556.503 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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