Sines "não contava" com inclusão na lista dos 121 concelhos de risco

Surto na Misericórdia da cidade espalhou pandemia no concelho 

O presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, reconheceu, nesta quarta-feira, que “não contava” com a inclusão do concelho na lista dos 121 municípios considerados de risco elevado devido à covid-19, mas garantiu empenho no controlo da pandemia. “É algo com o qual não contávamos, mas vamos acatar esta decisão porque preferimos que existam medidas que pequem por excesso do que por defeito. Tudo aquilo que possamos fazer para conter o surto na Misericórdia de Sines e a propagação à população, naturalmente, estamos empenhados”, disse o autarca da cidade alentejana do distrito de Setúbal. Mais 22 utentes e três funcionários da Misericórdia de Sines estão infetados com o vírus que provoca a covid-19, elevando para 78 o número de casos contabilizados neste surto. 
Sines está entre os municípios em confinamento parcial 

De acordo com dados da Proteção Civil municipal, divulgados na segunda-feira, o concelho de Sines contabiliza 65 casos ativos e três óbitos, a grande maioria está relacionado com o surto na Misericórdia de Sines, onde já foram detetadas 78 pessoas infetados com o vírus Sars-Cov-2, entre utentes e funcionários.
“Esta lista foi feita tendo uma referência definida pelo Governo, de 240 casos por cada 100 mil habitantes e nos 14 dias anteriores superámos largamente esse número. No entanto, era algo que não esperávamos porque desde o início da pandemia, Sines tem tido um comportamento exemplar com números muito abaixo deste limite agora definido”, frisou.
O valor mais elevado de casos (14), desde o início da pandemia, “foi registado no passado mês de setembro”, no concelho de Sines, indicou.
“O facto de termos tido, segundo os nossos cálculos, cerca de 105 casos nesses 14 dias, a grande maioria, registados na Misericórdia de Sines, fez com que ultrapassássemos o número de referência, ou seja 24 casos por cada dez mil habitantes e por isso passámos a figurar entre os municípios desta lista”, acrescentou.
Segundo o autarca, “há um conjunto de medidas que esta resolução obriga e que já estão a ser postas em prática, não só na Câmara Municipal como também em algumas atividades económicas do concelho” de Sines.

Mais 22 utentes e três funcionários infetados na Misericórdia
Casos positivos aumentaram na Santa Casa da Misericórdia 
De acordo com a Câmara de Sines, a Autoridade de Saúde Pública local e a Santa Casa da Misericórdia de Sines, após a repetição dos testes à covid-19 na instituição "foram detetados mais 22 residentes e mais três funcionários com resultados positivos".
"A totalidade dos novos casos pertencem à mesma ala do Lar Prats da Misericórdia onde foram detetados os casos anteriores, ou seja, o surto mantém-se restrito àquela ala da unidade residencial, reforçando-se a convicção da eficácia e da rigorosa aplicação do plano de contingência desde a sua aprovação", realçam as três entidades, num comunicado conjunto.
A repetição dos testes resultou da decisão tomada pela autoridade de saúde pública local "com o objetivo de garantir o controlo das cadeias de transmissão e a tomada de medidas adicionais sempre que se justifique", explicam.
Desde a identificação do surto contabilizam-se 78 casos positivos, dos quais 63 residentes e 15 funcionários, havendo já a registar o óbito de dois utentes que se encontravam internados no Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém.
"A Autoridade Local de Saúde continua a acompanhar a situação e encontra-se em permanente comunicação com o clínico residente da Santa Casa da Misericórdia de Sines e médico da Unidade Local de Saúde, assim como com o corpo clínico de retaguarda do Hospital do Litoral Alentejano", lê-se no comunicado.
A Santa Casa da Misericórdia suspendeu todas as visitas e disponibilizou uma linha telefónica dedicada à informação dos familiares dos residentes.

Porto de Sines tem quase seis mil trabalhadores 
Porto de Sines movimenta milhares de pessoas 

“Recordo que entre cinco a seis mil pessoas trabalham no Complexo Industrial e Portuário de Sines e vivem nos concelhos vizinhos. Tendo Sines uma grande ligação ao litoral [alentejano], tudo o que possa acontecer aqui vai ter reflexos em toda a comunidade”, disse o autarca, realçando a importância dos “comportamentos cívicos” adequados ao atual contexto.
Nuno Mascarenhas diz aguardar pelas últimas orientações do Governo “em termos de teletrabalho e de funcionalidade da Câmara Municipal”, garantindo, no entanto, que “os serviços vão continuar a funcionar dentro daquilo que é a normalidade” e a “atividade desportiva condicionada”.
“Em termos de população em geral, é importante ter atenção aos novos horários dos estabelecimentos comerciais, havendo limitações que vão ter um impacto na economia local, mas a Câmara Municipal está atenta e irá tomar medidas a curto prazo para ajudar as atividades que têm sofrido mais com esta pandemia”, concluiu.
O Conselho de Ministros decidiu, no sábado, que 121 municípios vão ficar abrangidos, a partir de quarta-feira, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo "oposição fundamentada" pelo trabalhador, devido à covid-19.
Os restaurantes e as salas de espetáculos nestes 121 concelhos têm de fechar até às 22h30 e todos os estabelecimentos comerciais terão de encerrar, na generalidade, às 22 horas. 

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