Secil estuda alteração da área de exploração da Arrábida

Ambientalistas e Câmara de Setúbal "vetam" alargamento da pedreira na serra

A cimenteira Secil, no Outão, no concelho de Setúbal, está a estudar a possibilidade de aumentar a área de exploração de pedreiras na serra da Arrábida. Sendo uma delas a ampliação, avança o jornal Público. É nesta zona que se encontra também a fábrica de cimento há mais de 100 anos. A cimenteira ainda não avançou com pedidos oficiais às entidades que terão de se pronunciar sobre uma eventual alteração da configuração das duas pedreiras em causa, mas já terá feito contactos iniciais. Os ambientalistas lançaram o alerta e dizem que não é admissível porque põe em causa o ecossistema do parque natural e a Câmara de Setúbal, que também já sabe da intenção da fábrica, lembra que tal "não é possível" à luz do Plano Diretor Municipal e do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Arrábida. A fábrica responde que está apenas a fazer estudos mas que de facto um dos cenários é o aumento da área de exploração. 
Empresa quer alargar pedreira na Arrábida 

Neste momento, a empresa já começou a fazer contactos com as entidades que terão de avaliar e aprovar a possibilidade de ampliação da exploração, entre elas a Câmara de Setúbal. “Os diferentes instrumentos de gestão territorial em vigor no concelho de Setúbal, o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Arrábida e PDM [Plano Diretor Municipal, não consideram o licenciamento de novas explorações de recursos geológicos ou a ampliação das existentes no Parque Natural da Arrábida”, respondeu a autarquia ao Público.
A associação ambientalista Zero lembra isso mesmo: o Plano de Ordenamento do Parque Nacional não permite nem novas explorações, nem a ampliação das existentes. A associação reclama ainda que “não pode ser feita a alteração da classificação do regime de proteção da área envolvente”.
Uma intenção que a associação ambientalista Zero não entende visto que, há cerca de 13 anos, a empresa teve autorização para aumentar a profundidade da exploração, “assegurando reservas que, ao ritmo de utilização da altura, se estimava permitir o funcionamento da fábrica até pelo menos 2040".
“Nas pedreiras da Arrábida, seja as da Secil ou outras, o processo tem de ser o da sua recuperação”, afirma a Zero.
A Zero reconhece o esforço de recuperação paisagística feito pela empresa, tal como é exigido a todas as pedreiras — embora nem todas o cumpram — e admite que tem contribuído para “minimizar os danos irreversíveis que foram causados” ao longo dos anos. Mas a associação também lembra que a Secil só “existe naquele local por ser muito anterior à criação do Parque Natural da Arrábida, em 1976”.

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