Mobilidade é um desafio sustentável em Setúbal

"É necessário inverter o uso massivo do transporte individual e adequar a oferta de transporte público"

A necessidade de mudança de paradigma no uso de transportes para alcançar uma mobilidade urbana sustentável foi, na tarde desta terça-feira, destacada pela presidente da Câmara Municipal, em encontro dinamizado no âmbito do Dia Europeu sem Carros. “É necessário inverter o uso massivo do transporte individual e adequar a oferta de transporte público às zonas urbanas”, afirmou Maria das Dores Meira na abertura do fórum participativo “efeito covid-19, o que mudou nas cidades”, realizado no Cinema Charlot – Auditório Municipal. Para impulsionar a mudança de paradigma no uso de transportes, a autarca sublinhou a importância de “fomentar soluções que permitam reduzir a dependência do veículo próprio”, as quais ganham particular relevo e urgência em virtude do “retrocesso nesta matéria causado pela pandemia”.

Cada vez mais pessoas usam a bicicleta nas cidades

Ainda assim, perante as mais recentes adversidades, a presidente da autarquia reiterou a “aposta em modos de deslocações alternativos ao transporte individual”, com soluções materializadas no Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal, “ferramenta estratégica de intervenção e gestão do ecossistema da mobilidade”.
Este plano, salientou, traduz-se num investimento decisivo “na melhoria da qualidade de vida urbana dos cidadãos e do ambiente por via de políticas integradas de mobilidade, as quais assentam também no desencorajamento do uso massivo do automóvel e numa maior regulação do estacionamento no cento da cidade”, diz Maria das Dores Meira. 
Estas medidas, vincou, só serão possíveis “em plena conjugação com um aumento da oferta de transportes públicos no concelho superior a setenta por cento que resultará do processo de contratação pública lançado pela Área Metropolitana de Lisboa e no qual a autarquia de Setúbal tem um papel e um contributo decisivos”.
Mais do que planeamento, esta estratégia municipal, em curso desde o final de 2018, assenta num conjunto de ações concretas, como o projeto intermunicipal Ciclop7 – Rede Ciclável e Pedonal da Península de Setúbal, o Terminal Interface de Setúbal e o programa Arrábida Sem Carros.

Cidade está a melhorar mobilidade urbana 
O projeto Ciclop7, cuja obra está na fase final de execução, é um dos projetos mais relevantes a nível da mobilidade urbana sustentável em Setúbal, com a criação de um trajeto de ciclovia ao longo da Avenida dos Ciprestes, entre o limite norte do concelho e o final da Avenida 5 de Outubro, numa extensão total de três quilómetros.
“É um género de eixo norte/sul da rede ciclável, permitindo uma ligação entre o concelho de Palmela e a frente ribeirinha de Setúbal e atravessando vários pontos de interesse, como os futuros Parque Urbano da Várzea e Terminal Interface”, explicou o chefe da Divisão de Mobilidade e Transportes na autarquia, José Miguel Madeira.
Esta ação, adiantou, está inserida “numa lógica de promoção dos modos suaves de deslocação e de ligações de curta distância nos espaços urbanos”, promovendo a intermodalidade, a utilização da bicicleta e a adoção do percurso pedonal nas deslocações quotidianas da população.
No âmbito do Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal destaque para a construção do Terminal Interface de Setúbal, que congrega a intermodalidade na atual estação de comboios da Praça do Brasil, ao reunir, num único polo, opções de transporte coletivo rodoferroviário e que, atualmente, funcionam em locais distintos.
Acresce, entre outros, a criação de dois parques de estacionamento subterrâneos, a promoção de uma fiscalização mais eficiente do estacionamento irregular no espaço público e a requalificação da rede viária, com a adoção de novas soluções que permitem uma melhor distribuição e fluidez do tráfego automóvel.
Com tudo isto, a presidente da Câmara de Setúbal realça que a autarquia está a “desenvolver um pacote de medidas que contribuem de forma ativa para a descarbonização dos transportes, para a melhoria do espaço público e para a promoção de uma mobilidade urbana mais sustentável”.
O fórum participativo continuou com intervenções do vereador da Câmara de Lisboa, Miguel Gaspar, e do presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Manuel Antunes Bernardes, que partilharam experiências e projetos ao nível da mobilidade nos respetivos municípios.
Seguiu-se “A mais-valia dos modos suaves em tempos de Pandemia”, tema abordado por Mário Alves, da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, e a apresentação do projeto “Living Streets – Oeste Sustentável”, da Agência Regional de Energia e Ambiente do Oeste, por Rogério Ivan.
O fórum participativo contou ainda com intervenções de Cristina Daniel, da Agência de Energia da Arrábida, para apresentação do Plano de Mobilidade Elétrica da Arrábida, e de Sérgio Pinheiro, da Área Metropolitana de Lisboa, que explanou sobre os “Efeitos da Pandemia na utilização dos transportes públicos”. 

Dia sem carros revela veículos elétricos feitos em Setúbal 
O Dia Europeu Sem Carros, assinalado a 22 de Setembro, é o ponto alto da Semana Europeia da Mobilidade, realizada entre os dias 16 e 22, com o tema “Emissões Zero, Mobilidade para Todos”, que reflete o objetivo da União Europeia, estabelecido no Pacto Ecológico Europeu, de ser o primeiro continente com impacte neutro no clima até 2050.
Setúbal associou-se à iniciativa europeia com várias ações, embora mais circunscritas devido à atual crise sanitária da pandemia de Covid-19. Além do fórum participativo, a Praça de Bocage esteve durante todo o dia 22 encerrada ao trânsito automóvel, como forma a enfatizar o espaço público enquanto área mais dedicada aos peões.
A praça sadina acolheu, igualmente entre as oito e as 17 horas, uma mostra de veículos elétricos de várias empresas da região e de protótipos de veículos amigos do ambiente, que resultam de projetos em curso na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal.

Agência de Notícias com Câmara de Setúbal

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