Fábrica de Palmela não renova com 120 trabalhadores

CT da Autoeuropa quer integração de 120 contratados notificados da não renovação

São 120 os trabalhadores da Autoeuropa com contratos a termo que não vão ver os seus contratos renovados nem ser integrados nos quadros da fábrica de Palmela. A decisão abrange trabalhadores “de uma área específica da fábrica, na montagem de carroçarias para os MPV (multi-purpose vehicles)”, conta Fausto Dionísio, coordenador da Comissão de Trabalhadores da empresa, que quer a integração no quadro de pessoal destes colaboradores. Fausto Dionísio defende ainda que a empresa deveria acionar o plano demográfico, que permite rejuvenescer a empresa, substituindo trabalhadores com mais de 60 anos por outros mais jovens, o que poderia facilitar a integração dos 120 que já foram notificados da não renovação dos contratos a termo. A atividade e despedimentos da Autoeuropa vai ter consequências para os cerca de 59 mil trabalhadores no setor da indústria dos componentes que alimentam a fábrica de Palmela. 
Autoeuropa corta 120 trabalhadores 


“A fábrica da Volkswagen Autoeuropa está a produzir diariamente o mesmo número de carros (890) que produzia antes da pandemia. Tem todas as condições para integrar estes 120 trabalhadores”, disse à agência Lusa Fausto Dionísio.
O coordenador da Comissão de Trabalhadores explicou que "os trabalhadores que a empresa não quer passar ao quadro estão numa área específica da fábrica que só faz veículos MPV (Multi-Purpose Vehicle), com uma produção atual de 160 carros por dia, mas que vai passar a fazer apenas 30".
No resto da fábrica há uma linha de montagem onde passam tanto os veículos MPV como o novo modelo T-Roc, mas o troço onde estão os 120 trabalhadores sob ameaça de desemprego só faz MPV, adiantou.
O coordenador da comissão da fábrica de automóveis da Volkswagen, em Palmela, defende ainda que a empresa “deveria acionar o plano demográfico, que permite rejuvenescer a empresa, substituindo trabalhadores com mais de 60 anos por outros mais jovens, o que poderia facilitar a integração dos 120 que já foram notificados da não renovação dos contratos a termo.
Segundo Fausto Dionísio, há cerca de 70 colaboradores que já manifestaram vontade de sair por mútuo acordo, com uma indemnização de um mês e meio de salário por cada ano de trabalho, mantendo o seguro de saúde.
O representante dos trabalhadores reconhece que nos últimos dois anos a “Autoeuropa já passou ao quadro 1300 trabalhadores contratados a termo, a grande maioria ainda antes de completarem três anos de contrato”, e que, “até final de outubro, vai passar ao quadro mais 300 trabalhadores”, mas reclama também a integração dos 120 que estão na iminência de ir para o desemprego.
“Na reunião que a Comissão de Trabalhadores já tem marcada, para sexta-feira, com a administração da empresa, vamos defender que estes 120 colaboradores também devem ser integrados no quadro de pessoal”, reforçou Fausto Dionísio, relembrando que a fábrica “está a produzir diariamente o mesmo número de carros (890) que produzia antes da pandemia”.

Despedimentos na Autoeuropa pode alastrar a outras unidades 
José Couto, da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, garante que a atividade e despedimentos da Autoeuropa vai ter consequências para os cerca de 59 mil trabalhadores no setor da indústria dos componentes que alimentam a Autoeuropa.
"Este efeito do pára arranca dos construtores da indústria automóvel teve um efeito em cadeia no resto dos fornecedores e nós estamos preocupados como o que é que vamos fazer, isto é, se temos de readaptar a nossa capacidade de produção, temos defendido e temos dito isso junto do Governo que a nossa preocupação é não perder postos de trabalho", sustenta.
Uma das empresas fornecedoras da Autoeuropa é a Faurecia, que tem cerca de 500 trabalhadores. O coordenador da Comissão de Trabalhadores, Daniel Bernardino, acredita que o número de trabalhadores vai ser reduzido, uma vez que a Autoeuropa "vai reduzir bastante a sua produção", afetando as outras empresas do parque industrial, "porque muitas dependem praticamente em exclusivo do cliente Autoeuropa".
O sindicalista Eduardo Florindo, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITESUL), em declarações à agência Lusa na passada terça-feira, também manifestou preocupação com a não renovação dos contratos a termo destes 120 trabalhadores e prometeu discutir o assunto com a administração da Autoeuropa numa outra reunião prevista para esta quinta-feira.
A agência Lusa tentou ouvir também a administração da Autoeuropa, mas não obteve resposta.

Comentários