Utentes queixam-se de horários dos barcos da Trafaria

"Temos horários que são insuportáveis, com quatro ligações de manhã e três à tarde" 

Os utentes da Margem Sul queixaram-se dos horários “insuportáveis” da ligação fluvial entre a Trafaria/Porto Brandão e Belém, operada pela Transtejo, pedindo à empresa o “reforço de carreiras” e mais investimento do Governo. “Os horários de transporte foram sendo retomados, exceto na Trafaria/Porto Brandão e Belém, onde temos horários que são insuportáveis, com quatro ligações de manhã e três à tarde”, afirmou Marco Sargento, da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul. Os utentes estão descontentes com várias questões em Almada, nomeadamente com o transporte rodoviário assegurado pela Transportes Sul do Tejo, e equacionam “um conjunto de ações para o início de Setembro”.
Horários dos barcos não foram repostos 

Segundo o responsável, a carreira entre Almada e Lisboa já apresentava “deficiências e horários reduzidos”, mas tudo se agravou com a pandemia da covid-19, motivadora de mais supressões que ainda não voltaram a funcionar, ao contrário das restantes ligações da Transtejo (Seixal, Montijo e Cacilhas a Lisboa).
“Se uma pessoa quiser vir jantar à Trafaria, é de esquecer porque não consegue voltar depois de jantar. Se a pessoa considera usar o barco para ir trabalhar, basta atrasar-se um minuto que tem de estar duas horas à espera do próximo barco. O serviço público não está a ser cumprido”, frisou.
Na visão de Marco Sargento, esta situação está a prejudicar os utentes e a fazer com que deixem de procurar o transporte fluvial no Tejo.
“Cortar este transporte e serviço público é empurrar as pessoas para o automóvel e num momento em que estávamos a crescer no transporte público com a questão do passe e em que estamos preocupados com as emissões de dióxido de carbono”, apontou o responsável da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul.
Neste sentido, os utentes exigem o “reforço dos horários”, até porque não aceitam o argumento da “escassez de procura” a esta ligação fluvial.
“Isto acaba por ser um círculo vicioso. Não tendo os barcos lá, as pessoas não confiam que o barco lá esteja quando chegam e não procuram. A Transtejo, como empresa, tem esta responsabilidade e deveria acautelar todas estas questões que não está a fazer”, defendeu.
A Lusa contactou a Transtejo, mas até ao momento não foi possível obter declarações, porque se encontra a decorrer uma reunião entre a administração e os sindicatos representativos dos trabalhadores.

Problemas também na TST 
No entanto, Marco Sargento mencionou que também terá de ser o Governo a “dar respostas” porque se trata de uma empresa que está sob tutela do Ministério das Finanças e do Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
“São estes que têm que dizer à Transtejo o que fazer e com que meios fazem”, referiu.
Os utentes da Margem Sul estão descontentes com “várias questões em Almada”, nomeadamente com o transporte rodoviário assegurado pela Transportes Sul do Tejo (TST), e equacionam “um conjunto de ações para o início de Setembro”.
“Já fechámos que queremos fazer uma ação de rua com som, com distribuição de documentos, mas ainda não fechámos o modelo. Penso que na última semana de Agosto já teremos dados sobre isso”, disse.
A 7 de Julho, um grupo utentes da Transtejo já tinha realizado um protesto contra a redução de carreiras entre a Trafaria/Porto Brandão e Belém, prometendo intensificar as ações de luta se os horários não forem repostos.

CDS-PP já questionou o Governo sobre esta ligação 
Numa pergunta dirigida ao Ministro do Ambiente e Ação Climática, o deputado do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, quer saber por que motivos não foram repostos na íntegra os horários das ligações fluviais entre Trafaria/Porto Brandão, em Almada, e Belém, em Lisboa, considerando que todos os restantes horários, em concreto na carreira Cacilhas/Cais do Sodré , foram repostos na sua totalidade.
João Gonçalves Pereira questiona também se o ministro considera ou não que a longa interrupção das ligações em apreço, entre as 10 e as 17 horas, "prejudica o direito e o normal acesso das populações à mobilidade e à acessibilidade aos transportes públicos com qualidade" e, finalmente, questiona para "quando a reposição dos horários na íntegra".
Para os centristas, a utilização do transporte fluvial como movimento pendular entre as duas margens do rio Tejo é "mais saudável ao ambiente, evitando um maior fluxo de transporte rodoviário individual nomeadamente na ponte 25 de Abril, que todos os dias regista uma enorme concentração de gases poluentes em consequência das centenas de milhares de veículos que atravessam a infraestrutura".
Este constrangimento, diz o CDS-PP, leva a que "os utentes tenham obrigatoriamente de optar por alternativas mais morosas e mais dispendiosas, incluindo a utilização do transporte individual, em contradição com o aconselhamento de novos padrões e novos hábitos de proteção do meio ambiente e de incentivo ao transporte público".

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