Central de hidrogénio de Sines pode criar cinco mil empregos

Governo lança convite ao mercado para projeto de hidrogénio


O Governo lançou um convite à manifestação de interesse no projeto, direcionado a "empresas ou entidades portuguesas ou europeias". Em comunicado, a tutela resume um despacho publicado em Diário da República dando conta de que “o projeto de Sines, que é parte integrante da Estratégia Nacional para o Hidrogénio, tem suscitado um grande interesse por parte do setor empresarial português” e que, por isso, considerou “vantajoso iniciar um processo de manifestação de interesse, dando oportunidade de participação de vários projetos neste setor hidrogénio, desde que garantida a coerência estratégica nacional e europeia”, diz o Estado português. Este projeto visa produzir hidrogénio a partir de fontes renováveis em Portugal para depois ser exportado para o norte da Europa, nomeadamente a Holanda. Com o nome de Flamingo Verde, a nova fábrica poderá criar cinco mil postos de trabalho e conta com o envolvimento de Portugal e da Holanda.
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Tendo em conta o interesse que o projeto de produção de hidrogénio verde de Sines tem suscitado às empresas do setor da energia, o Governo decidiu abrir um processo de auscultação do mercado, de modo a englobar a participação de empresas e entidades portuguesas e europeias.
O Governo "considerou vantajoso iniciar um processo de manifestação de interesse, dando oportunidade de participação de vários projetos neste setor hidrogénio, desde que garantida a coerência estratégica nacional e europeia", explicou o ministério do Ambiente em comunicado.
O gabinete de Matos Fernandes esclarece ainda que "o presente convite destina-se a empresas ou entidades portuguesas ou europeias, cujos projetos propostos se traduzam num valor acrescentado para o nosso país, nomeadamente por via do estabelecimento em Portugal e da criação de emprego".
Um dos aspetos considerados fundamentais para as eventuais candidaturas, que têm de ser submetidas até 17 de Julho, é a dedução de emissões de CO2 equivalente associada por projeto apresentado.
Na mesma nota, o Governo sublinha que esta auscultação do mercado, e eventual complementaridade de projetos, vai permitir ainda "robustecer a candidatura portuguesa ao IPCEI -Important Project of Common European interest [sigla em inglês]", ou seja, ao estatuto de projeto de interesse comum da União Europeia, e "incentivar sinergias a nível de cluster industrial, nomeadamente na inovação, pequenas e médias empresas ou reforço da capacidade de produção, potenciando a capacidade de exportação".
O ministério do Ambiente recorda ainda que "Portugal ambiciona integrar, já em 2020, o primeiro clauster de Hidrogénio a nível europeu, e que as primeiras unidades de eletrolisadores entrem em operação em 2022, pelo que a maturidade dos projetos e capacidade de execução são considerados fundamentais".
A EDP, a Galp e a REN são algumas das empresas que já manifestaram interesse em participar no projeto de hidrogénio verde de Sines, o qual integra a Estratégia Nacional para o Hidrogénio que está neste momento em consulta pública.

Nova empresa pode gerar cinco mil empregos 
As manifestações de interesse serão analisadas por um Comité de Admissão de projetos que envolve as áreas governativas da Economia e Transição Digital, do Ambiente e da Ação Climática e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Negócios Estrangeiros, apoiados a nível técnico pela Direção-Geral de Energia e Geologia e pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia”, de acordo com o comunicado.
O projeto de Sines, denominado Green Flamingo, vai ser desenvolvido em parceria com a Holanda e prevê a construção de uma central solar de 1 Gigawatt, o suficiente para abastecer um milhão de casas a funcionar oito mil horas por ano, a qual vai implicar um investimento de cerca de três mil milhões ao longo desta década e contará com apoio de fundos europeus.
A 21 de Maio, o Governo aprovou a estratégia nacional para o hidrogénio, que prevê investimentos de sete mil milhões de euros “no horizonte 2030”, levando a uma redução da importação de gás natural de 300 a 600 milhões de euros. Quando estiver a funcionar, terá a capacidade de produzir 465 mil toneladas de hidrogénio por ano, eliminando a emissão de 18,6 milhões de toneladas anualmente e poderá, diz o Governo, criar cerca de cinco mil empregos na região.
Como funciona? Basicamente, a eletricidade é usada para dividir água em hidrogénio e oxigénio numa unidade chamada de eletrolisador, num processo químico conhecido por eletrólise. O hidrogénio verde tem depois vários fins: refinar petróleo, tratamento de metais, produção de fertilizantes ou o processamento de alimentos.
Entre as vantagens de Sines para albergar este projeto, está o facto de ser um porto de águas profundas e um complexo industrial químico, de contar com bastante eletricidade produzida a partir de energia solar (nos próximos anos), a existência de “boas” ligações elétricas” e uma “grande quantidade de engenheiros qualificados”.
No dia em que foi ainda aprovado o Plano Nacional de Energia e Clima 2030, cuja primeira versão foi apresentada no final do ano passado, o Governo aprovou para consulta pública a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, com o objetivo de “introduzir um elemento de incentivo e estabilidade para o setor energético”, segundo o comunicado do Conselho de Ministros desse dia.




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