Alunos voltaram à escola em Corroios com "novas regras"

Alunos voltam às aulas com consciência de que “muita coisa vai mudar”

Os alunos da Escola Secundária João de Barros, em Corroios, no Seixal, regressaram na segunda-feira às aulas presenciais de uma forma tranquila, com algumas máscaras em falta, mas com a consciência de que “muita coisa vai mudar”. De acordo com os alunos, “presencial é muito melhor, explica-se melhor e não tem os problemas do computador, acho que é muito bom voltarmos”, disse Pedro Duarte, de 17 anos, que se encontrava junto ao portão a aguardar pela hora da entrada. Para o diretor da escola, António Carvalho, este reinício de aulas presenciais “foi muito positivo e os alunos corresponderam”, apesar de haver “pequenas coisas a acertar”. Num dia normal vão estar 120 alunos por turno, dos 480 que frequentam o 11.º e o 12.º ano. 
O novo regresso à escola em tempos de pandemia 

Desta vez a campainha não tocou, mas o portão abriu-se às 9h20 com a coordenação das assistentes operacionais, para que os estudantes formassem uma fila para desinfetar as mãos e recebessem uma máscara, no caso de não terem.
“Meninos mantenham a distância e a máscara, mas vocês não vêm televisão?”, ia alertando a coordenadora operacional Maria Santos, de 55 anos.
Para o aluno do 12.º ano, Pedro Duarte, as aulas ‘online’ “foram uma boa ajuda” durante o estado de emergência, mas voltar à escola é fundamental para “uma melhor preparação para os exames”.
Além disso, tem uma perspetiva muito prática em relação à nova realidade escolar, em que é obrigatório usar máscara e não pode haver muito contacto com os colegas.
“Acho que é algo que temos de nos habituar, porque há muita coisa que vai mudar a seguir a esta quarentena e temos de nos habituar a isso”, defendeu.
Já o estudante David Ferreira, de 18 anos, dividia-se entre o entusiasmo do regresso, porque “dois meses em casa custam, sem poder sair e apanhar ar fresco”, e a preocupação por não poder ver todos os seus amigos.
“É fundamental regressar, mas vai ser muito condicionado e não vamos poder estar com a maior parte da nossa turma. Se calhar há gente que eu gostava de estar e não vou estar, mas pronto”, lamentou.

Pequenas coisas a acertar
Para o diretor da escola, António Carvalho, este reinício de aulas presenciais “foi muito positivo e os alunos corresponderam”, apesar de haver “pequenas coisas a acertar”.
“Um bom exemplo é que na entrada tínhamos dois dispensadores do mesmo lado e rapidamente nos apercebemos que os alunos com máscara podiam entrar por um lado e os que não tinham por outro. Ajustamos o espaço nos primeiros três minutos e a coisa começou a fluir na perfeição”, referiu.
De acordo com o responsável, na manhã de segunda-feira estiveram presentes cerca de 80 alunos, o que corresponde a 70 por cento dos estudantes que “deviam entrar nas instalações”, apesar de nunca poderem estar mais do que 140 estudantes por turno.
“O dia de hoje destes alunos é estarem na sua mesa até às 12 horas, que é quando termina o turno da manhã, depois saem e o dia de trabalho na escola para eles terminou. Na escola, as assistentes operacionais farão a desinfeção da sala e à tarde, às 13 horas, entra um novo turno que estará connosco até às 17 horas”, explicou.

Dez anos há espera da conclusão das obras 
Uma escola com novas regras 
Vista de fora, a João de Barros quase parece moderna e com boas condições, mas a realidade é que está em obras há mais de dez anos e a maior parte das aulas são lecionadas em contentores.
Nesta matéria, os alunos dividem-se e enquanto David Ferreira considera que “os contentores não têm as melhores condições”, Pedro Duarte referiu que “até têm uma boa temperatura” e que já estão habituados “a viver neste ambiente”.
Já o presidente da Associação de Pais, José Lourenço, destacou a "capacidade de adaptação" da escola, mas considerou que as aulas deveriam ter continuado a partir de casa.
“Temos aqui uma escola em construção que ocupa 70 por cento do espaço e está em construção há dez anos. Nós temos aqui cerca de 1.300 alunos, mais professores e funcionários, que estão a funcionar em 30 por cento do espaço desta escola”, criticou.
As obras iniciaram-se em 2009, mas foram interrompidas pouco tempo depois por insolvência do empreiteiro, voltando a parar no ano passado por “litigância do empreiteiro e do dono da obra”, segundo o diretor.
Ainda assim, na semana passada António Carvalho garantiu à Lusa que estavam prontos para abrir a escola porque “inventam soluções sem recursos” há dez anos.
“Toda a experiência que temos tido ao longo do tempo, de lidar com situações imprevisíveis ou inventar soluções sem recursos, hoje está a ser-nos bastante útil para encontrarmos a solução mais ajustada às circunstâncias em que vivemos”, defendeu, na ocasião.
Segundo o responsável, o novo concurso público já foi lançado e há a expectativa de que “em Setembro ou Outubro se consiga retomar as obras”.

Agência de Notícias com Lusa 

Comentários