Distrito de Setúbal com quase 100 pessoas com covid-19

Hoje começa a fase mais critica da doença. Fique em casa. Não arrisque

Subiu para 99 o número de casos confirmados de pessoas infetadas com o Covid-19 no distrito de Setúbal. De acordo com as estatísticas da Direção Geral da Saúde, a maior parte dos casos já referenciados localizam-se nos concelhos de Almada e Seixal. A lista divulgada pelo ministério da Saúde revela que em Almada foram contabilizados 35 casos positivos e no Seixal 29. Setúbal com 12, o Barreiro com seis, a Moita com cinco, Montijo e Sesimbra, ambos com quatro, Alcochete com três pessoas infetadas e Sines com um caso são os concelhos referenciados. Palmela e três concelhos do sul do distrito [Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém] continuavam, até às 23h30 desta quarta-feira, sem casos confirmados. Lembre-se que estamos no período de mitigação [contágio comunitário], sendo esta a fase mais grave de contágio que começa, dizem os especialistas, esta quinta-feira. Fique em casa. Não arrisque. Nas últimas 24 horas morreram 43 pessoas. Os dados nacionais mostram também que a doença está a vitimar, sobretudo, pessoas com mais de 70 anos, pelo que se repetem os apelos para se manter o afastamento social e se redobrarem as precauções sanitárias nos contatos com os mais idosos.
Numero de casos aumenta no distrito 

Portugal tem 2995 infetados, 43 mortos e 22 recuperados da infeção causada pelo novo coronavirus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta quarta-feira (25 de Março), que inclui os dados recolhidos até às 24 horas do dia anterior. Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 630 casos - um aumento 27 por cento face ao dia de ontem - e registadas mais 10 mortes. E é com estes dados que o país entrará na terceira fase da pandemia, a de mitigação, que já prevê o contágio comunitário.
"Portugal está prestes a entrar na terceira fase da pandemia - a de mitigação - o que envolve mais esforços", disse o Secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa diária no ministério da Saúde, esta quarta-feira. 
"Quer isto dizer que temos transmissão comunitária, não exuberante, mas temos. É por isso que à meia-noite vai entrar um novo plano. A fase transição pode ter alguma turbulência, mas estamos aqui para resolver os obstáculos e contamos com todos", clarificou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
O Plano Nacional de Preparação e Resposta ao novo coronavírus estabelece três níveis e seis subníveis, de acordo com a avaliação de risco para a covid-19 e o seu impacto para Portugal. Segundo o documento da Direção-Geral da Saúde, a fase de mitigação, nível vermelho de alerta e de resposta três (a mais elevada de uma escala de três), corresponde à presença de casos de covid-19 em território nacional e divide-se entre os subníveis de "cadeias de transmissão em ambientes fechados "e "cadeias de transmissão em ambientes abertos".
E na prática o que muda? Segundo a diretora-geral da Saúde se nas primeira fases os doentes eram encaminhados para instituições hospitalares de referência, agora as respostas serão mais alargadas. "Abrimos o processo", diz Graça Freitas. Ou seja, os infetados passam a poder ser acompanhados em casa (cerca de 80 por cento), no centros de saúde mais próximos da sua residência, no caso de "um grupo de doentes com sintomas um bocadinho mais graves" e só os casos críticos (aproximadamente cinco por cento) serão internados na rede alargada de hospitais. Ao dia de quarta-feira, estão hospitalizadas 276 doentes, destes 61 encontram-se em alas de cuidados intensivos.
A resposta é dada de acordo com a proximidade do local onde se encontra o doente, sem olhar à dicotomia público ou privado e tentando sempre que possível isolar os infetados com covid-19 dos restantes doentes. A pensar nisso, os três institutos portugueses de oncologia (IPO de Lisboa, Porto e de Coimbra) não deverão receber nenhuma pessoa suspeita de infeção, como medida de proteção dos seus doentes imunodeprimidos.

Almada e Seixal com números preocupantes 
A região mais afetada do país continua a ser o norte (1517 casos, 20 mortes), depois Lisboa e Vale do Tejo (992, 12 mortes). Seguem-se o centro (365, 10 mortes), o Algarve (62, uma morte), a Madeira (16 casos), os Açores (17) e o Alentejo (12).
Numa análise mais fina da caracterização demográfica, Lisboa (187 casos), Porto (137), Maia (119), Vila Nova de Gaia (83) e Valongo (71) são os concelhos onde existem o maior número de infetados com o novo coronavírus. Quatro destes cinco pertencem à Administração Regional de Saúde do Norte, onde o vírus está mais ativo. 
No distrito de Setúbal, os casos de Almada e do Seixal [com 35 e 29 casos respetivamente] são os concelhos com "maior risco de contágio", até porque também são os mais populosos. Setúbal, já chegou à dúzia de casos positivos e é expectável que os casos continuem a subir até meados de Abril. Barreiro e Moita seguem a seguir com seis e cinco casos, respetivamente. Sesimbra e Montijo apresentam quatro casos. Alcochete com três doentes confirmados e, nesta quarta-feira, o novo coronavírus chegou ao sul do distrito. Sines, tem o primeiro caso confirmado. Palmela, Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém ainda não registam qualquer caso confirmado.
É preciso, no entanto, ter em conta que estes últimos dados, relativo à distribuição de casos por concelhos foram preenchidos apenas por 54 por cento dos concelhos, como informa o boletim. Segundo Graça Freitas isto acontece porque ao contrário dos óbitos - que são de registo obrigatório - este género de informação pode não ter sido preenchida e, por isso, ainda não se encontra disponível. Dependem do fator humano, ou seja, se os técnicos tiveram ou não disponibilidade de registar na plataforma oficial.

Três distritos em alerta laranja devido à Covid-19
O comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte Costa, referiu, esta quarta-feira, que há três distritos em alerta laranja, por concentrarem um maior número de infetados pelo novo coronavírus. Em causa estão os distritos de Porto, Lisboa e Braga. Os restantes estão em alerta amarelo.
"Com toda esta situação que começou a criar-se com a pandemia da covid-19, a primeira atitude que nós tomámos foi, de imediato, elevar o estado de alerta especial logo para amarelo para todo o país; e temos, neste momento, três distritos em alerta laranja: Porto, Lisboa e Braga", adiantou Duarte Costa.
Segundo o responsável, estes últimos são os locais "onde as maiores incidências dos riscos e as maiores incidências dos casos" obrigam a ANEPC a "maior coordenação, a uma atividade mais próxima relativamente àquilo que são os agentes da proteção civil" e àquilo que é de si esperado "para para mitigar tudo aquilo que tem que ver com os efeitos da covid-19".

Idosos são os mais afetados
Apesar da faixa etária que revela o maior números de infetados em Portugal ser a dos 50-59 anos (535 casos) e de existirem muitas confirmações entre os mais novos, a maioria dos doentes tem mais de 70 anos.
"Quase 80 por cento dos casos de covid-19 até à data são entre pessoas com mais de 70 anos", afirmou António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa. Também a "letalidade desta doença é de facto muito maior entre os idosos", assumiu o Secretário de Estado da Saúde, alertando que a preocupação cresce nos lares. A ministra da Saúde anunciou no sábado a preparação de medidas mais robustas de apoio a estas instituições, sem especificar ainda quais.
Ainda de acordo com o boletim epidemiológico desta quarta-feira, aguardam resultados laboratoriais 1591 cidadãos e 13 624 estão em vigilância pelas autoridades de saúde.
Quanto aos sintomas, estes tornaram-se mais intensos nos últimos dias. Mais de metade das pessoas (62 por cento) revelam tosse, 51 por cento febre, 36 por cento dores musculares, 28 por cento cefaleia, 23 por cento fraqueza generalizada e 19 por cento dificuldades respiratórias.

As prioridades que entram em vigor hoje
A Direção-Geral da Saúde estabeleceu uma cadeia de prioridades para um cenário em que "não seja possível testar todos" os suspeitos. Doentes para internar, recém-nascidos, grávidas e profissionais de saúde sintomáticos são as prioridades para a realização de análise biológicas ao novo coronavírus.
Quais são as prioridades? A Direção-Geral da Saúde determina a seguinte prioridade: primeiro, os doentes com critérios de internamento hospitalar; segundo, os recém-nascidos e as grávidas; e terceiro, os profissionais de saúde sintomáticos.
Na cadeia de prioridades seguem-se doentes com comorbilidades (como asma, insuficiência cardíaca ou diabetes), doentes em situações de maior vulnerabilidade, como residência em lares e unidades de convalescença, e, finalmente, doentes com contacto próximo com as pessoas anteriormente referidas.
Neste momento, segundo o Secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales estão a ser realizados seis mil testes diários para despistar a covid-19 no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e cerca de dois mil no setor privado e social. 
Para os próximos dias estão disponíveis 24 mil kits para efetuar as análises biológicas, informa a tutela, acrescentando que esta tarde ocorrerá uma reunião no Instituto Português Ricardo Jorge para reavaliar a capacidade de testes no país.

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