Associações voltam a protestar contra as dragagens do Sado
Associações cívicas e de defesa do ambiente promovem no sábado uma manifestação contra as dragagens do estuário do Sado, obras previstas no âmbito de um projeto da administração portuária de melhoria das acessibilidades marítimas ao porto de Setúbal. "Ainda há tempo de parar e salvar o Sado desta loucura. Basta haver coragem política para ouvir a população. Sábado, mais do que nunca, é importante a participação ativa e mobilização de todos os que têm no Sado um modo de vida. É tempo de vir para a rua gritar bem alto: sim ao Sado, não às dragagens!", refere um comunicado das associações.
Clube da Arrábida, SOS Sado, Associação Zero, Ocean Alive e Greve Climática Portugal, são as cinco entidades organizadoras da manifestação, que será antecedida de uma vigília de jovens do movimento Greve Climática Global, na Praça do Bocage, junto à Câmara Municipal, durante toda a noite de sexta-feira para sábado.Clube da Arrábida, SOS Sado, Associação Zero, Ocean Alive e Greve Climática Portugal são as cinco entidades organizadoras da manifestação, com início às 15h30, junto à doca dos pescadores de Setúbal.
As associações consideram que "o desenvolvimento social e económico previsto através desta obra compromete os esforços conseguidos no sentido da qualidade de vida das pessoas e do desenvolvimento sustentável de Setúbal" e lembram que a "melhoria da qualidade da água do estuário do Sado tem permitido manter os serviços da natureza que suportam empregos, o desenvolvimento de estruturas e uma nova identidade de Setúbal, como destino do turismo de natureza e 'terra de peixe'".
O comunicado salienta ainda que, "de acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, esta obra que atravessa a Reserva Natural do Estuário do Sado, o Parque Marinho Luíz Saldanha em pleno Parque Natural da Arrábida, assim como outras sete áreas de proteção ambiental, terá efeitos irreversíveis para toda a biodiversidade que depende destes habitats".
"Serão afetadas, por exemplo, a manutenção e qualidade das areias das praias, que são o 'ex-líbris' desta região, as pradarias marinhas imprescindíveis na fixação de carbono e sobrevivência de várias espécies, assim como as populações de roazes-corvineiros e de cavalos-marinhos", acrescentam os promotores da manifestação, que advertem também para as consequências negativas das dragagens para a "maternidade de vida marinha" que é o estuário do Sado.
"As dragagens afetarão todo o peixe e o marisco que fazem a marca desta região, colocando as comunidades de pescadores e mariscadores locais em drástico risco de sobrevivência. Toda a indústria hoteleira, de restauração e marítimo-turística, que tem no rio Sado o seu maior cartão de visita, verá a sua atividade seriamente afetada", defendem as associações.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Vieira, do Clube da Arrábida, lembrou que nos últimos 12 meses foram interpostas seis providências cautelares contra as dragagens no estuário do Sado, mas que nenhuma foi decretada e duas nem sequer foram aceites pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada.
Pedro Vieira precisou ainda que o Clube da Arrábida recorreu para o Tribunal Central Administrativo Sul relativamente à decisão do tribunal de Almada de não decretar uma dessas providências cautelares.
"O Tribunal Central Administrativo deu-nos razão e mandou devolver a referida providência cautelar ao Tribunal para que fosse reavaliada, mas, entretanto, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra recorreu para o Supremo Tribunal Administrativo e, desde então, não houve qualquer evolução do processo", disse Pedro Vieira, que apelou para uma grande participação dos setubalenses na manifestação.
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