Comboio da ponte há 20 anos a ligar Setúbal à capital

Fertagus retirou 62 milhões de carros da ponte 25 de Abril em 20 anos 

A Fertagus revelou que está a perder um milhão e meio de euros com a introdução dos novos passes sociais. O prejuízo surge numa altura em que a travessia ferroviária na Ponte 25 de Abril celebra 20 anos. Um dia histórico para os caminhos de ferro de Portugal. Foi assim que João Cravinho, então ministro das Obras Públicas, comentava a inauguração que acontecia a 29 de Julho de 1999. O comboio atravessava pela primeira vez a Ponte 25 de Abril, que liga Almada à capital portuguesa. O comboio permitiu retirar 62 milhões de automóveis do tabuleiro rodoviário. Desde então foram transportados 390 milhões de passageiros. O comboio da ponte, como é conhecido, liga os concelhos de Setúbal, Palmela, Barreiro, Seixal e Almada a Lisboa. 
Comboio aproximou península de Setúbal de Lisboa  

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, já disse que o Estado está satisfeito com o serviço da Fertagus, dando a entender que a concessão será prolongada. Esta terça-feira marca o vigésimo aniversário da travessia de comboios na ponte 25 de Abril.
Segundo a concessionária da travessia ferroviária entre a estação de Roma-Areeiro, em Lisboa, e a estação de Setúbal, numa extensão de 54 quilómetros, nestes 20 anos de serviço, que agora se comemoram, a empresa já transportou 390 milhões de passageiros, o equivalente a 37 vezes a população de Portugal.
O serviço ferroviário de passageiros da Fertagus percorreu nestes dois decénios quatro milhões de quilómetros, que se traduzem em 40 voltas ao planeta Terra.
“A linha ferroviária que atravessa a ponte não só permitiu melhorar o fluxo de transportes de entrada e saída da cidade de Lisboa, como evitou a emissão de 780 mil toneladas de CO2 [dióxido de carbono] nestes 20 anos – cada passageiro representa actualmente apenas 23g CO2/km”, destaca um comunicado da Fertagus.
No primeiro ano de operação, de Julho de 1999 a Julho de 2000, a Fertagus transportou 10 milhões de passageiros. Em 2018, a empresa transportou 21 milhões de passageiros, mais do dobro, a uma razão de 83 mil passageiros por dia.
“A Fertagus, ao longo destes 20 anos, tem investido sempre num serviço de qualidade. Ao longo de 20 anos não existiu nenhum mês em que a Fertagus não tenha cumprido as exigentes metas de pontualidade e regularidade de serviço”, defende a administradora da concessionária, Cristina Dourado.
A empresa opera com 18 Unidades Quádruplas Elétricas (comboios de quatro carruagens), de duplo piso (‘double decker’).
“Nas últimas duas décadas, a Fertagus, que une cinco municípios do distrito de Setúbal à capital, ajudou a mudar o perfil de mobilidade dos passageiros que atravessam a ponte, daí ter a excelente avaliação de 4,5 em 5 pelos clientes. Não só tem sido crescente o número daqueles que o fazem de comboio, como são muitos aqueles que deixam os seus veículos nos mais de 6.200 lugares dos parques [de estacionamento] Fertagus, que estão atualmente com uma taxa média de ocupação de 70 por cento – ao longo de 20 anos, são já mais de 18 milhões de viaturas parqueadas”, destaca o referido comunicado.
A Fertagus é uma empresa do Grupo Barraqueiro, cuja concessão termina a 31 de Dezembro deste ano.

PCP e BE pediram fim da concessão 
Neste momento, o Estado e a empresa encontram-se em negociações para alargar o período de concessão, num processo que está ser liderado por uma comissão de negociações nomeada para o efeito.
A 19 de Outubro do ano passado, um projeto de resolução do grupo parlamentar do PCP a exigir o fim da concessão da Fertagus foi rejeitado na Assembleia da República, apesar dos votos favoráveis do próprio PCP e do Bloco de Esquerda.
Neste momento, tudo indica que a concessão da Fertagus será prolongada, residindo a grande dúvida em saber qual o prazo de prorrogação.
No passado sábado, 27 de Julho, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, numa entrevista ao jornal ‘Público’, confessava que “não estou insatisfeito com a operação feita pela Fertagus na Ponte 25 de Abril”.
“Há uma comissão a trabalhar para prolongar a concessão. O Estado está satisfeito com aquele serviço”, defendeu Pedro Nuno Santos na referida entrevista.

Agência de Notícias com Lusa
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