Aeroporto do Montijo é ameaça ao Estuário do Tejo

Zero e Quercus lamentam pressões ambientais na Reserva Natural do Tejo

Na passada sexta-feira, 19 de Julho, assinalou-se o Dia da Reserva Natural do Estuário do Tejo, criado pelo Estado com o objetivo de iniciar uma gestão racional da área de modo a não comprometer as suas potencialidades biológicas. O aumento da área de proteção, a necessidade de maior fiscalização da pesca e a melhoria da qualidade da água são desafios apontados pelas associações ambientalistas Quercus e Zero na gestão da Reserva Natural do Estuário do Tejo. A grande ameaça actualmente, indica a Zero, é o projeto do aeroporto do Montijo, considerando que a construção pode vir a ter um impacto muito significativo no ecossistema da reserva. A Quercus aponta os problemas ao nível da qualidade da água, além de haver espécies invasoras entre os peixes, bivalves e invertebrados, como principais factores de risco.
Aves do Tejo e perigo com mais aviões 

Em declarações à Lusa, João Branco, membro da direção da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, sublinhou que “a reserva é uma área bastante importante a nível nacional e internacional” devido à dimensão biológica.
Durante o inverno, segundo João Branco, a reserva chega a receber mais de cem mil aves, resultado da migração da espécie.
Porém, apesar de aclamada pela sua diversidade biológica, a Reserva Natural do Estuário do Tejo enfrenta desafios ambientais – por estar localizada junto a áreas povoadas, por exemplo, acarreta problemas ao nível da qualidade da água, além de haver espécies invasoras entre os peixes, bivalves e invertebrados.
“À medida que essas espécies invasoras se espalham pelo território, as espécies nativas diminuem obrigatoriamente, porque competem pelo mesmo habitat e pelos mesmos recursos”, explicou o membro da direção, apelando à criação de políticas que minimizem este efeito.
A dimensão da reserva é outro dos problemas apontados pela Quercus, que considera necessário um alargamento da sua área terrestre, nomeadamente nas margens do Tejo até Vila Franca de Xira e nas margens de Alverca do Ribatejo.
No entender de João Branco “há uma série de zonas envolventes que merecem uma requalificação” com vista a fazer parte da reserva natural.
A proteção das margens e dos mouchões é outro ponto que João Branco salientou como carecido de políticas protectoras, recordando o rombo ocorrido no Mouchão da Póvoa, que levou parte significativa desta ilha.
O representante criticou o tempo que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) demorou a intervir nesta situação, tendo em conta que era “aquela que tinha competências para autorizar intervenção”
“Todo o estuário e todo o rio têm que ser geridos de forma a conversar os valores naturais e a Reserva Natural do Estuário do Tejo”, apelou, lamentando que a população veja este conjunto de forma isolada.

Aeroporto como maior inimigo
Para a Quercus, o Tejo constitui “um sistema único” e deveria ser protegido na totalidade, não apenas na área da reserva.
Partilhando da opinião em relação à importância desta área, Paulo Lucas, da direção da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável considerou que a reserva “tem sido um dos marcos da conservação da natureza em Portugal” e admitiu que a reserva tem sido sujeita a muitas pressões, principalmente pelo facto de estar localizada numa área povoada.
A grande ameaça actualmente, indicou, é o projeto do aeroporto do Montijo, considerando que a construção pode vir a ter um impacto muito significativo no ecossistema da reserva.
“A grande preocupação são as aves”, disse Paulo Lucas, revelando que tanto o aeroporto as pode afectar, como podem elas afectar o aeroporto.
“O país tem de ter outro tipo de abordagens”, disse o ambientalista.

Agência de Notícias com Lusa 
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