Palmela exige requalificação de infraestruturas rodoviárias

Autarquia quer fim das portagens, variantes em Quinta do Anjo e Pinhal Novo e acessos à Autoeuropa 

No inicio deste ano, o Governo anunciou  que Plano Nacional de Investimentos 2030 tem previstos 200 milhões de euros para a ligação rodoviária entre os concelhos do Arco Ribeirinho Sul, no distrito de Setúbal, incluindo duas pontes entre o Barreiro, Seixal e Montijo. No entanto, o executivo municipal de Palmela não aceita que o município não tenha sido contemplado com nenhuma obra. A requalificação das circulares Sul e Norte nos acessos à Autoeuropa, a execução da circular regional exterior à margem sul, para ligação dos principais centros urbanos mais periféricos e áreas de acolhimento empresarial, a construção das variantes às Estradas Nacionais 252 [Pinhal Novo] e 379 [Quinta do Anjo], além da eliminação das portagens do nó A2 entre Palmela e Setúbal "são propostas consideradas estruturantes para o município de Palmela e que não foram previstas no Plano Nacional de Investimentos 2030", sublinha a autarquia numa mocão aprovada pelo executivo. 
Executivo e oposição pedem fim das portagem 

Na moção apresentada pelo presidente Álvaro Amaro e subscrita por todos os vereadores exige-se que o Governo altere a decisão e inclua nos Investimentos no sector da Mobilidade e Transportes, “os contributos propostos que não foram contemplados a nível da requalificação das acessibilidades rodoviárias às áreas de acolhimento empresarial". 
A autarquia lembra que as "infraestruturas rodoviárias propostas são fundamentais para permitir a circulação das mercadorias e a facilitação do acesso aos destinos de (re)venda e do tráfego de outras trocas comerciais, quer do ponto de vista do cluster automóvel, quer do ponto de vista das transações e capitalização de outras atividades económicas instaladas nas diversas zonas industriais, permitindo, assim, ligações mais diretas, a partir das vias municipais até às grandes vias estruturantes nacionais como a A2 (Ponte 25 de Abril), a A12 (Ponte Vasco da Gama), a A13 (Marateca ligação A1) e a A33 (circulação interna da Península de Setúbal)".
O município de Palmela, com uma localização privilegiada na Península de Setúbal e na região de Lisboa e um dos principais clusters da indústria automóvel da Europa e do mundo, tendo por base a instalação da Autoeuropa e o seu parque de fornecedores (desde 1995) e um conjunto de diversas zonas industriais, com destaque para a Zona Industrial das Carrascas, a Zona Industrial do Vale do Alecrim, a Zona Industrial de Vila Amélia, a Zona Industrial da Biscaia e a Futura Plataforma Logística do Poceirão, procura, diz o texto da moção, "assegurar um ecossistema empreendedor favorável ao desenvolvimento da atividade empresarial e económica no concelho, para qualificar, vocacionar, expandir, criar ou requalificar infraestruturas de acolhimento empresarial inseridas numa ótica de coerência, racionalidade e complementaridade no seio da rede regional e supramunicipal, com as necessárias ligações ao exterior".
Só a Autoeuropa, diz ainda a moção, é "reconhecida como a grande empresa de produção e loja da Europa em matéria de veículos ligeiros, é responsável por cerca de 75 opor cento da produção de automóveis ligeiros em Portugal (223.240 unidades), com uma produção diária de 885 viaturas, exportadas sobretudo para a Alemanha, Espanha, Reino Unido e Itália, o que fez quintuplicar, desde 2017, o numero de viaturas pesadas a circular no território concelhio". 
Numa altura em que se definem quais as prioridades a apresentar no âmbito do Portugal 2030, o presidente do município de Palmela, Álvaro Amaro, reforçou que este é o "momento para refletir sobre estas questões, até porque muitas medidas para a Península de Setúbal têm vindo a ser proteladas, o que não pode continuar a verificar-se tendo em conta as atividades económicas que se consolidam na Região e necessitam de uma rede de suporte ao nível de infraestruturas e acessibilidades".
Álvaro Amaro lembrou ainda ao Governo que deve “aproveitar a estabilidade do país para aprovar propostas que interessam ao concelho e à região, porque a Península de Setúbal merece mais investimento face as necessidades que tem”.

Abolição de portagens para Setúbal volta à discussão 
Sobre a gestão comunista, a CDU não esteve só na discussão do tema. A oposição [PS e a coligação PSD-CDS-PP] uniu-se para exigir "mais investimento" ao Governo de António Costa e focaram-se, sobretudo, na eliminação das portagens entre Pinhal Novo, Palmela e Setúbal para “descongestionar o trânsito na Volta da Pedra”.
Pedro Taleço, vereador do PS,  reconheceu “ser difícil a eliminação das portagens que estão concessionadas”, mas destaca que “é preciso fazer alguma coisa, que ajude a descongestionar o trânsito na Volta da Pedra”. O autarca socialista defende “existem questões que deviam ser resolvidas de imediato para tirar o tráfego das nossas vilas, que afeta a vida dos cidadãos”. 
Paulo Ribeiro, vereador do PSD/CDS-PP, foi mais longe ao sugerir “a abolição das portagens, enquanto não se avançar com a requalificação da 379 e 252” e lembrou “já votámos uma moção em que deviam ser eliminados os pagamentos das portagens”, que “não teve acolhimento no seio do Governo”.
Ainda antes da votação por unanimidade da moção, Álvaro Amaro deixou a sugestão ao Governo para que “equacione a hipótese de transformar o troço entre Palmela e Setúbal numa circular, tendo em consideração os custos com a variante da 252, em Pinhal Novo”.

Governo investe 200 milhões em acessibilidades no distrito 
O Plano Nacional de Investimentos 2030 tem previstos 200 milhões de euros para a ligação rodoviária entre os concelhos do Arco Ribeirinho Sul, no distrito de Setúbal, incluindo duas pontes entre o Barreiro, Seixal e Montijo, segundo o Governo.
“O programa consiste nas intervenções necessárias para assegurar a ligação rodoviária, entre as penínsulas do Seixal e do Barreiro e entre o Barreiro e o Montijo, contemplando as travessias dos braços de rio que existem entre estes territórios”, revelou o relatório divulgado no ‘site’ do Governo.
Segundo o documento, o potencial do Programa Arco Ribeirinho Sul, que inclui os concelhos de Almada, Barreiro e Seixal, foi “alavancado pelo novo aeroporto do Montijo” e, por esse motivo, o avanço do projeto “deverá ser coordenado” com a infraestrutura aeroportuária.
Para o Governo, este investimento vai contribuir também para desenvolvimento, restruturação urbanística, atratividade e coesão dos territórios do Arco Ribeirinho Sul.
Além disso, defende que a ligação entre os concelhos vai reduzir os “tempos de percurso", a "emissão de Gases com Efeito de Estufa", a "sinistralidade e o congestionamento”.
De acordo com o relatório, trata-se de um investimento de “200 milhões de euros”, que será executado com “recurso a iniciativa privada”. Prevê-se que as obras se iniciem em 2021 e terminem em 2026.
Em Dezembro, o primeiro-ministro, António Costa, já tinha anunciado que a construção da ponte rodoviária entre os concelhos do Barreiro e Seixal está prevista nas acessibilidades do novo aeroporto do Montijo.

Agência de Notícias 

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