Demolição do Bairro da Jamaica é para continuar

Autarquia quer 74 famílias realojadas até ao fim do ano

A demolição do Bairro da Jamaica, no Seixal, foi retomada na passada sexta-feira, depois de três meses parada devido a uma providência cautelar interposta pelo proprietário, Urbangol. Até ao fim do ano, 74 famílias dos dois lotes adjacentes ao lote dez, que está vazio desde Dezembro, vão sair para as novas casas que a autarquia e o Governo, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia do Seixal, estão a adquirir. Joaquim Santos, presidente da Câmara do Seixal, destaca a "postura do proprietário que permitiu um entendimento entre as partes para que fosse retomada a demolição do lote dez". O processo foi arquivado há duas semanas no Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada depois de em Janeiro o proprietário ter impugnado os trabalhos de demolição. Neste período de tempo, a autarquia tinha que pagar 20 mil euros mensais a uma empresa de segurança para garantir que o edifício não era reocupado.
Bairro começou a ser demolido 

“Esperemos que daqui a três ou quatro semanas o edifício esteja completamente em baixo. É um sinal importante para dar esperança à restante população que aqui está de que o processo não está parado”, referiu Joaquim Santos.
A demolição do lote dez, com sete andares, será feita por um processo de desmonte que irá demorar cerca de 45 dias. Iniciou-se com a retirada do recheio, como paredes interiores, libertação de infraestruturas de alimentação ao edifício, seguindo-se depois o corte da estrutura de betão armado por peças que serão trituradas e tratadas.
De acordo com a autarquia do Seixal, tendo em conta as questões de segurança associadas quer ao tipo de construção quer às construções vizinhas, este é o processo mais adequado para a demolição do lote, de forma controlada e segura.O autarca adiantou também que o município já está a programar a segunda fase de realojamentos, o que espera que aconteça ainda este ano.
“Até ao final do ano queremos concretizar o realojamento de mais 74 famílias e a demolição de mais três edifícios”, avançou.
Em 20 de Dezembro do ano passado terminou a primeira fase de realojamentos dos moradores do lote 10, em que 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações de várias zonas do concelho, segundo a Câmara do Seixal.
O acordo para a resolução da situação de carência habitacional neste bairro foi assinado em 22 de Dezembro de 2017, numa parceria entre a Câmara do Seixal, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e a Santa Casa da Misericórdia do Seixal.
No total, esta cooperação visa o realojamento de 234 famílias e tem um investimento total na ordem dos 15 milhões de euros, dos quais 8,3 são suportados pelo município.
O bairro começou a formar-se na década de 90, quando populações que vinham dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa começaram a fixar-se nas torres inacabadas, fazendo puxadas ilegais de luz, água e gás.
Findo o processo de realojamento e demolição, está prevista a construção de novos edifícios de habitação, bem como um parque urbano e uma zona comercial.

Agência de Notícias com Lusa 

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