Hoje há protesto no Samouco contra aeroporto no Montijo

Plataforma cívica promove protesto no dia da assinatura do acordo do novo aeroporto 


A Plataforma Cívica Aeroporto BA6 Não, que luta contra o futuro aeroporto do Montijo, vai manifestar-se esta terça-feira junto à base aérea e tentar entregar ao primeiro-ministro um memorando que já entregou no parlamento e na Presidência da República. "O que vamos transmitir é isto: nós discordamos, porque há um conjunto de largas dezenas de milhares de cidadãos que vão ser afetados pela construção do novo aeroporto do Montijo", disse à agência Lusa José Encarnação, adiantando que a delegação da Plataforma Cívica deverá integrar cerca de 30 a 40 pessoas. O Estado e a ANA - Aeroportos de Portugal assinam esta terça-feira um acordo sobre o modelo de financiamento da expansão aeroportuária da zona de Lisboa, no Montijo, segundo fonte da gestora de aeroportos.
Governo e ANA assinam acordo hoje 

"Vamos fazer todos os possíveis para entregar ao primeiro-ministro um memorando - que já tentámos entregar-lhe, mas que ele recusou receber […] -, para sinalizar a nossa discordância pela construção do futuro aeroporto do Montijo", acrescentou.
Segundo José Encarnação, entre outros argumentos, o memorando salienta que a construção do aeroporto no Montijo irá afetar cerca de 30 mil pessoas dos concelhos da Moita e do Barreiro, que estão debaixo do cone de descolagem/aterragem, não têm casas devidamente insonorizadas e vão ser sujeitos a níveis de ruído muito elevados.
De acordo com o documento, se a opção fosse pela construção faseada do futuro aeroporto no campo de tiro de Alcochete, o universo de pessoas afetadas seria muito menor - cerca de 400 pessoas - e, por isso, muito mais fácil de resolver.
Por outro lado, o memorando defende que a construção faseada de um novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete seria uma solução melhor em termos técnicos e ambientais e, numa primeira fase, não teria custos superiores à construção do futuro aeroporto do Montijo.
Para José Encarnação, a cerimónia de assinatura do acordo de financiamento da expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, que terá lugar esta terça-feira, pelas 15 horas, na Base Aérea do Montijo (a Base Aérea N.º 6), não passa de um "ato de propaganda", por se tratar de matéria que já estava prevista no contrato de concessão.
"Desde a primeira hora do contrato de concessão, assinado em 2012, que era claro que a concessionária, neste caso a ANA - Aeroportos e Navegação Aérea, tinha a obrigação de construir o [futuro] aeroporto de Lisboa. Isso está nas primeiras cláusulas do contrato de concessão, não há nenhuma novidade em anunciar, com pompa e circunstância, que o Estado finalmente chegou a acordo com a concessionária para o financiamento das obras de expansão do aeroporto da Portela. Era uma coisa que decorria do contrato", disse.
O representante da plataforma cívica contra o futuro aeroporto do Montijo acusa ainda o Governo de estar a assinar um contrato de financiamento para uma infraestrutura aeroportuária que pode ser inviabilizada pelo Estudo de Impacto Ambiental.
"Estão a criar pressão sobre todas as instituições, quer sejam do Estado, como é o caso da APA - Agência Portuguesa do Ambiente, quer seja sobre outros órgãos de soberania, porque ainda não há Estudo de Impacto Ambiental. E se o Estudo de Impacto Ambiental for negativo, o que é o que é o Governo faz àquilo que vai assinar?", questionou.
No comunicado em que anuncia a ação de protesto - que terá início pelas 14 horas com um desfile pelas ruas da localidade do Samouco -, a plataforma cívica acusa também o Governo de "capitulação perante os interesses privados da ANA/VINCI ao insistir numa ‘solução’ sem futuro que irá comprometer, por largos anos, a concretização de uma verdadeira solução aeroportuária para a região de Lisboa e para Portugal".

Agência de Notícias com Lusa 

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