Novo Centro de Saúde de Corroios ainda sem datas

Autarquia avança para espaços exteriores mas ainda não há concurso público para o novo equipamento 

A Câmara do Seixal aprovou, em reunião de câmara, a minuta do contrato referente ao concurso público para a empreitada dos espaços exteriores do Centro de Saúde de Corroios, adjudicada pelo valor de 256 mil 321 euros mais IVA, pelo prazo de execução de 270 dias.  Ainda assim, o presidente da Câmara do Seixal, critica "a demora" do governo para avançar com a obra do centro de saúde que ficou contratualizada em Maio do ano passado. Joaquim Santos, lamentou que "o processo de construção deste equipamento, que é tão necessário para a população, continue sem desenvolvimento". A autarquia já pediu uma reunião com a nova ministra da Saúde mas ainda não obteve resposta. 
Abertura estava prevista para final deste ano 

O autarca lembrou que "em Maio de 2017 foi celebrado um acordo de colaboração para a instalação desta unidade de saúde, subscrito pelo secretário de Estado da Saúde, pelo presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde da Região de Lisboa e Vale do Tejo e pelo presidente da Câmara do Seixal e infelizmente já foram anulados pelo Ministério da Saúde dois concursos públicos para a sua construção e consequentemente adiado o compromisso assumido com a população. A autarquia do Seixal solicitou em Outubro nova reunião à ministra da Saúde, não tendo obtido resposta até ao momento".
Nesse acordo assinado em Maio ficou definido que a Administração Regional de Saúde da Região de Lisboa e Vale do Tejo assumiria a construção do novo Centro de Saúde de Corroios e que a Câmara do Seixal assumiria a construção dos acessos e arranjos exteriores, tendo ficado estabelecido como data de abertura do novo equipamento de saúde o ano de 2018. Hoje foram aprovados em reunião de câmara os referidos arranjos exteriores, ficando em falta a parte assumida pelo Governo.
Importa lembrar que a construção do Centro de Saúde de Corroios é urgente pois o serviço continua a funcionar num edifício de habitação adaptado para o efeito com quatro andares, sem elevador e sem o mínimo de condições para assegurar a acessibilidade plena dos cerca de 50 mil habitantes desta freguesia.

Governo prometia abertura no final deste ano 
Em Maio de 2017, o então secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, reconheceu o atual centro de saúde "é de facto uma situação que não oferece confiança aos utentes ou qualquer condição de trabalho para os profissionais”.
Manuel Delgado frisou ainda que “apesar das dificuldades financeiras que ainda temos, as opções do Governo têm que ser tomadas em função das necessidades mais prementes que os cidadãos têm e aqui estávamos perante uma necessidade efetiva, pelo que o Governo assumiu que este centro de saúde tinha que ser construído. E cá estamos para o fazer com todo o gosto e com muita satisfação. Esperemos que, como a placa diz, mais para o fim de 2018, possamos inaugurar o centro de saúde e eu cá estarei com todo o gosto a ajudar nesse momento importante”. A verdade, em Novembro de 2018, ainda nem o concurso público foi lançado.
A presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Rosa de Matos, deixou na sua intervenção, em Maio de 2017, a promessa de que “quando tivermos este centro de saúde, não vamos ter utentes sem médico de família. Há um ano, quando cheguei,[em 2016] pensei que não era possível, mas se todos trabalharmos num processo de articulação e integração, vamos conseguir”, referiu.

A realidade do estado da saúde no concelho do Seixal e na região de Setúbal
Estão registados cerca de 30 mil utentes sem médico de família inscritos nas unidades de saúde do concelho do Seixal.
Ao nível de recursos humanos e equipamentos na península de Setúbal, a cobertura de camas hospitalares era de 1,73 camas por mil habitantes em 2012, enquanto a nível nacional era de 3,4 camas para mil habitantes em 2010, "números que se traduzem na falta de 1.302 camas hospitalares", diz a autarquia do Seixal.
De igual modo, na península de Setúbal existem 104 médicos por 100 mil habitantes, enquanto a nível nacional o número de médicos hospitalares era de 196 médicos por 100 mil habitantes em 2011, o que equivale a 714 médicos hospitalares em falta.
No concelho do Seixal, as dificuldades são acrescidas pela reconhecida necessidade de construção de novas unidades de saúde de cuidados primários. Para além da unidade cujo acordo foi hoje formalizado, faltarão ainda uma outra em Foros de Amora e em Aldeia de Paio Pires.
Sobre os cuidados hospitalares é conhecida a sobrelotação do Hospital Garcia de Orta, em Almada, "o que se reflete nos elevados tempos de espera no serviço de urgência, nas consultas externas, nas cirurgias assim como na falta de camas de internamento, pelo que é vital avançar com a construção do hospital do Seixal, assegurando a necessária complementaridade entre os cuidados de saúde primários e os cuidados de saúde hospitalares", conclui a autarquia do Seixal.

Agência de Notícias

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