Mostra de Teatro de Almada arranca hoje

São 18 dias de cultura com 25 espetáculos espalhados por vários espaços da cidade

Já vai na sua 22.ª edição e é uma referência para os grupos de teatro em Portugal. A Mostra de Teatro de Almada começa já esta sexta-feira, com 25 espetáculos, de 22 grupos de teatro, em 10 espaços de apresentação. E tudo isto durante 18 dias. Heiner Müller, Bertolt Brecht, Beckett, Natália Correia, Marina Carr, são alguns dos autores representados na edição deste ano da iniciativa que junta a Câmara de Almada a diversos Grupos de Teatro. Este ano, poderá contar com um programa mais diversificado, que pretende chegar a diferentes públicos e que contempla espaços de formação, de debate e de convívio entre público e artistas.
Mostra regressa hoje aos palcos de Almada 

Serão 25 espetáculos que, ao longo de 18 dias, vão ser interpretados por 22 grupos de teatro e dança, em dez espaços de apresentação, entre teatros, salões de festas, auditórios e associações recreativas, entre outros.
Este será um programa marcado pela "diversidade", com textos de Heiner Müller, Bertolt Brecht, Beckett, Natália Correia, Marina Carr, António Mauriz, Patrick Süskind, Alberto Luengo mas também Paulo Sacaldassy, Fernando Fitas e Blaise Cendrars, entre muitos outros, que "fazem antever a riqueza daquilo a que será possível assistir", segundo a organização.
Além das encenações, estão previstos ainda os já habituais espaços de formação, de debate e de convívio entre o público e os artistas.
O espetáculo inaugural, 'Criação', de Sarah Adamopoulos, a partir de um processo em criação coletiva, explora a ideia da família como "coração profanado da sociedade", a partir da memória do que é ser irmão, e será representado pelo grupo Actos Urbanos, no Auditório Fernando Lopes-Graça.
No segundo dia sobe ao palco do Teatro-Estúdio António Assunção a peça 'Dois reis e um sono', escrita por Natália Correia e Manuel Lima, sobre dois reinos em litígio, "sendo a alegórica figura do Sono o motivo da discórdia entre monarcas irmãos", numa representação do Teatro Extremo.
O mesmo dia encerra com uma estreia, a peça 'A morte nos olhos', da autoria de Alexandre Pieroni Calado e João Ferro Martins, com a coreógrafa Carlota Lagido, que propõe um trabalho de criação "assente na reescrita das fontes antigas do mito de Medusa e Perseu".
A agenda prossegue, no dia 6, no Pátio do Prior do Crato, com 'Sementeira', pelo grupo O Grito, um trabalho de dramaturgia que comemora 40 anos de vida literária de Fernando Fitas, único autor por duas vezes agraciado com o Prémio de Poesia e Ficção Cidade de Almada.
No dia seguinte, uma única peça, 'O segredo de quem somos', pelo Teatro da Gandaia, que explora o universo interno das pessoas, a "reconstrução da vida quotidiana e a exaltação dos sentimentos humanos", a partir de texto de Christiane de Macedo, e que terá repetição no dia 13.
No dia 8, 'Ilha do sumiço', um trabalho de Francisco Silva, Rui Silvares e Ana Nave, que será interpretado pelo Teatro Ubu.
O dia 9 de Novembro ficará marcado pela estreia de uma peça que parte do clássico 'À espera de Godot', de Samuel Beckett: 'Godet... Godot... Godin... ou lá como ele se chama!', uma encenação de Sofia Raposo, para ser vista no Cineteatro da Academia Almadense, interpretada pelo Alpha Teatro.
'Fazer uma fogueira', de Alberto Luengo (segundo Jack London), encerra a agenda do dia, com o grupo de teatro Ninho de Víboras, que interpretará uma história passada no território do Alaska, nos finais do século XIX, sobre os homens que ali acorriam em busca da riqueza imediata.
No dia 10, chega a dança, com 'NO', uma criação coletiva dirigida por Marina Nabais Dança, associação cultural, a que se seguirá a peça 'Um minuto antes de dizer adeus', de Paulo Sacaldassy, sobre duas personagens que, "na sala de embarque de um aeroporto, reveem as suas vidas".
A programação do dia fecha com a estreia de 'O Contrabaixo', de Patrick Süskind, a cargo da associação cultural A Lagarto Amarelo, que vai explorar o "discurso ácido e frustrado de um contrabaixista e funcionário público, que se sente invisível na hierarquia de uma orquestra".

"Três bicas e um carioca de limão" fecha a mostra 
A agenda da mostra para o dia seguinte começa com programação infantil: de manhã, uma peça intitulada 'A biblioteca encantada', de Íris Pitacas, e, à tarde, 'As voltas que a terra dá', um espetáculo de dança e representação, da responsabilidade da atriz Ângela Ribeiro e da bailarina Susana Rosendo.
Ainda no dia 11, estão em destaque três estreias, a primeira, 'A Teia', uma criação coletiva do Grupo de Teatro da Academia Almadense, que leva o espetador até "ao mundo das redes sociais e aos comportamentos que os jovens nelas adotam", e a segunda, 'Pântano', de Marina Carr, "uma reinterpretação livre dos mitos clássicos gregos".
A terceira estreia é também uma criação coletiva, da associação cultural Manuel da Fonseca, intitulada 'Crónicas Acrónicas', e que consiste numa "peça que retrata o quotidiano do povo, tal como ele é, pelos olhos do jornalismo da atualidade".
O dia 14 fica marcado pela estreia da peça 'Horácio', centrada no mito de Horácio, a partir dos textos: 'O Horácio', de Heiner Müller, 'Os horácios e os curiácios', de Bertolt Brecht, e 'Horácio', de Pierre Corneille, pelo Novo Núcleo Teatro, FCT.
Entre os dias 15 e 17, haverá lugar para uma peça infantil intitulada 'Às crianças', de Blaise Cendrars, para uma encenação de Isabel Mões, que se propõe traçar uma espécie de mapa autobiográfico da Europa, com 'A minha Europa/My Europe', para um trabalho de Sara Hung sobre 'Migrações', e para uma criação coletiva do Grupo de Teatro da Associação Cultural Manuel da Fonseca, intitulada 'Romeu Correia, talvez poeta'.
O último dia da mostra é totalmente preenchido com estreias, a primeira das quais da autoria de António Mauriz que, com "O trem das treze (e treze)", conta a história de "dois estranhos iguais com as suas malas iguais, esperando o comboio que nunca chega" e que se confrontam "para controlar o momento, a palavra e o espaço, com o único objetivo de alcançar o poder de um sobre o outro", uma comédia interpretada pelo grupo Teatro&Teatro.
No mesmo dia, os mais pequenos terão direito também a uma estreia, a peça "Sonhos -- Um clássico encantado", adaptação de Diogo Novo e Sara Castanheira inspirada nos contos dos irmãos Grimm.
A última apresentação desta mostra de Almada é a peça "Três bicas e um carioca de limão", de Xico Braga, que se estreia pelo Grupo de Iniciação Teatral da Trafaria, passada num café, que é o lugar de encontro de quatro amigos que, na rotina dos dias, conversam sobre os mais diversos assuntos.
"São 11 as cenas que desafiam os cinco atores - amadores de teatro - ao exercício dos seus dotes de representação", sublinha a organização.
Mostra de Teatro de Almada é uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Almada, em parceria com os grupos locais de teatro, desde 1996.
Pode consultar programa completo no site oficial do evento.

Agência de Notícias com Lusa 

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