Cinco candidatos à Câmara do Montijo

Saúde, aeroporto, finanças locais, mobilidade e urbanismo dominam candidaturas 

Em 2013, 416 votos separaram o Partido Socialista da CDU. O candidato socialista levou a melhor sobre a coligação que une o PCP e "Os Verdes", com os social-democratas a ficarem na terceira posição a 558 votos da liderança da autarquia. Em 2017, os protagonistas são os mesmos e todos querem "ganhar" a única Câmara que não é comunista da Península de Setúbal. Nuno Canta, do PS, pede "maioria absoluta" e critica CDU e PSD.  “Construir um futuro melhor é governar sem o constante bloqueio ao orçamento da Câmara que infelizmente tivemos durante este mandato. É muito importante a eleição da Câmara ser feita com uma maioria clara". Carlos Jorge Almeida, da CDU, assegurou que uma das suas primeiras medidas, se vencer as eleições, é realizar uma “auditoria independente”. A grande bandeira do PSD no Montijo é "construir um hospital com quatro valências", diz João Afonso. A votos irão ainda Cipriano Pisco, do Bloco de Esquerda, e Filipe Rodrigues do PAN que tenta"um lugar no executivo municipal". 
Atual presidente ganhou Câmara com diferença de 416 votos 

O Cinema teatro Joaquim d’ Almeida encheu para o debate [organizado pelo Diário do Distrito, PopularFM e ADN-Agência de Notícias] entre os principais candidatos à autarquia, além da saúde, o aeroporto foi um dos assuntos em destaque num confronto em que as finanças municipais, o urbanismo, limpeza da cidade e transportes públicos também mereceram abordagem. Faltou o candidato do PAN que, na altura, ainda não tinha candidatura. 
A saúde foi o tema mais discutido entre os candidatos. João Afonso, da Coligação Mais Montijo (PSD/CDS-PP), foi o primeiro a falar do tema Saúde, prometendo um novo hospital no Montijo, num investimento de cinco milhões de euros. O candidato afirmou que essa é uma das suas prioridades e que com esse montante a autarquia pode construir um hospital com quatro valências; consultas, análises clínicas, imagiologia e Serviço de Atendimento Permanente (SAP), que seria depois gerido em parcerias com Instituições Particulares de Solidariedade Social. 
Sobre saúde, Nuno Canta, do PS, constatou que todos estão “de acordo” que se trata de um direito constitucional, mas recordou que  “a Câmara do Montijo não abdica do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo”.
Para o presidente recandidato, foi a luta do PS que conseguiu “manter as urgências no Hospital do Montijo, através do protocolo” celebrado entre a autarquia e a Administração Regional de Saúde. “Não perdemos tudo, ganhámos a Cirurgia de Ambulatório, que é considerada uma das referências no país”, atirou Nuno Canta.
O candidato Socialista diz que não se pode afirmar que “o protocolo não é cumprido” acrescentou ainda não estar “completamente satisfeito” pelo que o PS está a trabalhar para conseguir outras valências para o hospital, nomeadamente uma nova ambulância e o aproveitamento de uma ala para instalação de um centro de saúde.
O candidato da CDU, depois de considerar que a Saúde no Montijo é “desastrosa”, defende que o papel do município deve ser de reivindicação e exigência para com o Governo, que tem as atribuições e competências em matéria de saúde.
“O município pode exigir, por parte dos governos, o cumprimento do direito de acesso à Saúde”, que está previsto na Constituição, e a “recuperação de todas as valências do hospital do Montijo”, disse Carlos Jorge de Almeida. O cabeça-de-lista da CDU lembrou ainda que os grandes centros hospitalares nunca foram apologia do seu partido e argumentou que a oferta de saúde no concelho, incluindo centros de saúde, “está aquém” do direito previsto. 
Cipriano Pisco, do BE, diz que “o problema do hospital [do Montijo] já vem de há muito tempo” e que “começa nos centros de saúde”, sustentando que “não é por acaso que há tantas pessoas sem médico de família”. O candidato bloquista recorda que a maternidade no Montijo fechou “no tempo de Leonor Beleza” como ministra da Saúde.
A proposta do Bloco de Esquerda para a saúde passa por o município “exigir mais condições e mais valências” para o hospital do Montijo. Quanto à proposta de um novo hospital, apresentada por João Afonso, o cabeça-de-lista do BE deixa duas perguntas: “Depois [de construído] como funciona? Quem é que pode ir para o novo hospital?”

Aeroporto divide candidatos 
Nuno Canta disse que “a Câmara do Montijo enquadra o aeroporto numa perspectiva de criação de riqueza e emprego”, argumentando que a aviação civil na BA6 iria criar “dinâmica turística no Arco Ribeirinho Sul” e que os candidatos deveriam estar mais preocupados em “discutir a estratégia para aproveitar o aeroporto para desenvolver o concelho”.
O autarca recandidato, defendeu ainda que a valência aeroportuária tem muito a ver com as raízes históricas da antiga Aldeia Galega, da Mala-Posta, local de passagem para Lisboa.
Carlos Jorge Almeida a defende que a nova infra-estrutura é uma “oportunidade que se oferece ao Montijo”, mas defendeu a construção do novo aeroporto em Canha como melhor opção do que a utilização da base Aérea n.º 6 para aeroporto complementar à Portela.
“Reparem, o grande aeroporto de Lisboa, um dos maiores da Europa, poder vir para o Montijo, é uma coisa extraordinária”, exultou o candidato comunista que sustentou depois essa que considera a “melhor solução” com os pareceres de diversas especialidades.
“É por isso que somos favoráveis à opção Canha”, concluiu o candidato da CDU, sustentando ainda que quem tem que custear o investimento é a empresa concessionária dos aeroportos (ANA).
João Afonso desvalorizou a importância do aeroporto, argumentando que nada está ainda definido e que de pouco ou nada vale a nova infra-estrutura se o concelho não estiver preparado para tirar partido dessa localização.
“Nós, montijenses, não precisamos de aeroporto. Se vier, é bem-vindo, mas o que nós precisamos é de um bom projecto autárquico, de melhor Saúde, Educação e Mobilidade, que são as questões que interessam às pessoas”, defendeu. O candidato da coligação de direita argumentou que a proximidade, em si mesma, não é sinónimo de desenvolvimento e deu o exemplo de Camarate. “É a localidade mais próxima da Portela, mas alguém aqui quer ir viver em Camarate?”, questionou. 
Já Cipriano Pisco reservou uma posição do BE, sobre a localização do aeroporto, para quando for conhecido o “resultado dos estudos de impacte ambiental” da instalação na BA6, mas, relativamente ao argumento do emprego que a nova estrutura pode gerar, deixou uma pergunta: “E as pessoas que estão a trabalhar no aeroporto da Portela vão para onde?”


Contas municipais, reabilitação urbana e transportes
O debate entre os candidatos abordou diversos outros temas, como, por exemplo, as finanças municipais, os transportes públicos – tanto internos como de ligação a Lisboa – e a reabilitação urbana da cidade.
Quanto às contas municipais, vingou a ideia, perpassada por Nuno Canta, de que o município terá uma boa saúde financeira – com os candidatos da CDU e PSD/CDS-PP a contarem até com a capacidade de endividamento da autarquia para concretizarem os seus projectos – mas, ainda assim, Carlos Jorge Almeida assegurou que uma das suas primeiras medidas, se vencer as eleições, é realizar uma “auditoria independente”.
No caso dos transportes públicos, todos os candidatos defenderam a melhoria das condições a ligação fluvial a Lisboa, sendo que, neste caso, serviu de ponto, a promessa de João Afonso de criar uma BRT (Bus Rapid Transit).
A reabilitação urbana foi uma das matérias introduzidas pelas perguntas do público. Os candidatos, de forma geral, mostraram-se sensíveis ao problema e apontaram a zona ribeirinha como a área de intervenção prioritária no concelho. 

As prioridades do PAN
O PAN - Pessoas-Animais-Natureza anunciou Filipe Rodrigues será o seu candidato à presidência da Câmara do Montijo, nas eleições autárquicas de 1 de Outubro.
O PAN apresentou um programa com vários eixos de intervenção para o Montijo, como os transportes públicos, acessibilidades, eficiência energética, hortas urbanas e o abandono de herbicidas e pesticidas.
Filipe Rodrigues vai encabeçar a lista do PAN à Câmara do Montijo, num concelho onde o partido não tem representação nos órgãos autárquicos.
A Câmara  do Montijo é liderada pelo socialista Nuno Canta, que venceu as últimas eleições com uma maioria relativa.
O executivo tem três elementos socialistas, dois comunistas e dois social-democratas.
Veja aqui o vídeo da ADN-Agência de Notícias do Debate do Montijo















Agência de Notícias

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