Barreiro com menos barcos para Lisboa

Utentes sofrem com redução de ligações fluviais entre Lisboa e o Barreiro

Apesar do anúncio de 10 milhões para recuperação da frota, a Soflusa anunciou novo horário, com redução de cinco carreiras às primeiras horas da manhã, na ligação fluvial entre Lisboa e o Barreiro. Na denúncia realizada pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), lamenta-se a decisão tomada pela administração da empresa e diz-se que "este não é o caminho a seguir". A federação realça a necessidade de se "recuperar a frota, admitir os trabalhadores que faltam e montar uma oferta de serviço público que responda às necessidades dos utentes". Fonte oficial da administração da empresa, refere que têm procurado ultrapassar as "dificuldades criadas nos últimos anos com desinvestimento em manutenção da frota e venda de um navio". O PSD e a CDU do Barreiro já se pronunciaram e exigem "soluções" ao Governo.
Soflusa reduziu cinco carreiras entre Lisboa e Barreiro 

O novo horário suprime as carreiras que partiam do Barreiro para Lisboa, às 7h20, 8h10 e as nove horas e as que faziam o caminho inverso, às 7h45 e 8h25. "Isto depois de um anúncio de 10 milhões de euros para recuperação da frota, mas que pelos vistos foi apenas um anúncio, porque, na prática, o que os utentes têm agora é menos carreiras", lê-se no comunicado da Fectrans. 
A federação indaga se será esta a forma encontrada pela empresa para responder ao problema da falta de trabalhadores, realçando que, "em vez de os admitir", a administração da Soflusa opta pela redução de carreiras, acabando assim com a necessidade de novos trabalhadores.
"É esta a forma que encontraram para responder ao problema da falta de trabalhadores. Em vez de os admitir, reduzem-se carreiras e com isso acaba-se a necessidade de novos trabalhadores", sublinha a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. 
No documento, a Fectrans acusa o Governo de "fazer de conta" que está a resolver os problemas. "Este não é o caminho a seguir. O que é preciso é recuperar a frota, admitir trabalhadores que faltam e montar uma oferta de serviço público que responda às necessidades dos utentes", refere.
O deputado do PSD Bruno Vitorino, eleito por Setúbal, também já tinha criticado o fim das carreiras nas horas de ponta da manhã entre o Barreiro e Lisboa.
"É uma vergonha o que se está a passar. Em vez de arranjarem os barcos avariados para realizarem as travessias previstas, reduzem as carreiras. E assim se resolve a falta de embarcações", diz o deputado, em comunicado enviado à Lusa.
Bruno Vitorino diz que o Governo está a atingir o "grau zero da governação", continuando a "delapidar" os transportes públicos e a "prejudicar gravemente quem paga passes e quem necessita de transportes públicos para ir trabalhar ou estudar".
"Pergunto também onde está o PCP e as suas comissões de utentes? Nunca mais ninguém ouviu falar delas. Então agora que os utentes estão a ser lesados como nunca foram, já não se importam? Não há vergonha nenhuma", sublinha.
O deputado exige que o Governo reponha imediatamente as carreiras retiradas.

"Transporte abaixo das necessidades dos milhares de utentes", diz a CDU 
A CDU também já repudiou a estratégia da empresa pública. A CDU lembra que o "Governo do PS anunciou a disponibilização da referida verba para a execução de um plano de manutenção da frota que assegura as ligações fluviais no rio Tejo e que pretendia garantir uma melhoria progressiva da oferta de transporte, o que é ainda mais preocupante é a vontade manifestada de manter a degradação da oferta de transporte, com evidente prejuízo de milhares de utentes do transporte fluvial". 
A frota de oito embarcações, hoje existente na Soflusa, mesmo que se ultrapassem as dificuldades actuais (mantém-se uma embarcação em reparação e uma outra paralisada aguardando a ida para estaleiro) e mesmo que não se verifiquem incidentes na operação é, diz a CDU do Barreiro, "manifestamente insuficiente para manter o serviço público de transporte fluvial, de qualidade, que exigimos".
A mobilidade de pessoas e bens é "determinante para uma sociedade justa e desenvolvida" e, tendo isso em conta, a CDU mantém "uma firme disposição de exigência de um transporte fluvial de qualidade, rápido, seguro e com preços acessíveis".
Na opinião da CDU do Barreiro, "na Soflusa, o que é preciso é recuperar a frota actual e aumentá-la de acordo com as necessidades e admitir os trabalhadores necessários a uma normal operação, assim garantindo uma oferta do serviço público de transporte que responda à necessidade dos utentes e da população".

Administração reconhece problema e trabalha soluções 
Fonte oficial da administração da empresa, contactada pela Lusa, refere que têm procurado ultrapassar as "dificuldades criadas nos últimos anos com desinvestimento em manutenção da frota e venda de um navio".
"Neste sentido, este ano já foram intervencionados mais navios até Setembro do que nos últimos anos. Apesar de estarem actualmente seis navios a efectuar as ligações na hora de ponta da manhã, existem alguns horários que ainda não foi possível retomar por falta de frota", explica a Soflusa.
Segundo o documento, o Conselho de Administração da Soflusa tem como objectivo promover um melhor serviço aos utentes e garantir "uma regularidade de 10 em 10 minutos e sem supressões de carreiras através deste novo horário". "Não existiram supressões desde a entrada em vigor do novo horário", conclui.

Agência de Notícias com Lusa

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