Volta a Portugal chega este sábado ao distrito de Setúbal

Distrito volta a receber a prova rainha do ciclismo português 

A Volta a Portugal em bicicleta celebra o seu 90.º aniversário com a ausência da sua rainha, a Torre, que foi novamente 'esquecida' no acidentado percurso, que vai ligar Lisboa a Viseu, entre 4 e 15 de Agosto. Depois do regresso a Setúbal no ano em que a localidade sadina foi Cidade Europeia do Desporto (2016), a Volta a Portugal em Bicicleta torna a figurar no calendário da principal prova da modalidade no País. Este sábado, o distrito de Setúbal recebe
 a primeira das 10 etapas que compõem a competição.  O pelotão passa por  Alcochete, Montijo, Pinhal Novo, Palmela [que recebe a primeira meta volante da competição], Arrábida e Setúbal, onde terminará a etapa. Hoje realiza-se o habitual prólogo, desta vez em Lisboa numa distância de 5,4 Km. A prova acaba, a 15 de Agosto, nas "rotundas" de Viseu, em plena Festa de S. Mateus. 
Pelotão da Volta a Portugal volta a passar por Setúbal em Agosto 

Nem tudo são ausências nos 1.626,7 quilómetros do percurso da 79.ª edição, mas é nelas que os olhos se centram quando calcorreiam o mapa do país, que será cruzado por um pelotão de 20 modestas equipas, no pico do verão nacional.
É certo que a caravana vai voltar a mergulhar, depois de quase uma década de ausência, no Alentejo profundo, e que o palco da consagração foi deslocado da mais comedida capital para a sempre calorosa cidade de Viseu, e que até há 30 prémios de montanha a testar as pernas dos candidatos e um contrarrelógio mais curto, incapaz de diferenças tão pronunciadas no último dia, mas é, outra vez, a inexistência de uma meta na Torre que mais se destaca nesta viagem de celebração da prova que nasceu em 1927.
Após três anos consecutivos a receber o final da competição, Lisboa vai assistir, desta vez, à ‘Grande Partida’, com o prólogo do primeiro dia a percorrer 5,4 quilómetros espraiados junto ao Rio Tejo, entre a Avenida da Índia e a Praça do Império.
No sábado, 5 de agosto, o pelotão ruma a Vila Franca de Xira, de onde vai sair para atravessar oito municípios do distritos de Lisboa e Setúbal  e cumprir 203 quilómetros até Setúbal, numa jornada maioritariamente plana, interrompida bruscamente pela desnivelada Serra da Arrábida. Alcochete, Montijo, Pinhal Novo, Palmela [que recebe a primeira meta volante da competição], são passagens obrigatória da "Volta" pelo distrito de Setúbal.
“As fugas, mais ou menos consentidas, serão uma constante. Será, no entanto, tal como em 2016, no cenário da Serra da Arrábida que os mais fortes se afirmarão. Acredito numa chegada a Setúbal [Avenida Luísa Todi] com o pelotão muito fraccionado e, por ventura, sem alguns dos potenciais candidatos”, prevê Joaquim Gomes, diretor da prova. Esta, de resto, é a segunda etapa mais longa da prova.
Entre o prólogo e o pódio de consagração, de 4 a 15 de Agosto, vão pedalar-se 1 626,7 Km numa exigente e desafiante 79.ª edição da Volta, que conta com 30 prémios de montanha e 27 metas volantes. Viseu, em plena Feira de S. Mateus, irá brindar aos vencedores.
Para o diretor, a 79.ª Volta a Portugal Santander Totta “apresenta um percurso que permitindo o êxito parcial a ciclistas de distintas características se impõe pelas sucessivas dificuldades que, claramente, farão particular apelo a ciclistas completos com uma enorme capacidade de recuperação”.
A grande festa do ciclismo nacional volta, assim, a passar por Setúbal. O regresso da prova a terras sadinas o ano passado aconteceu depois de mais de 40 anos após a sua última passagem pelo concelho.
Lembre-se que a ligação de Setúbal à Volta a Portugal em Bicicleta remonta à primeira edição da prova, em 1927, quando a cidade sadina também recebeu a meta da etapa inaugural. Daí em diante, a Volta passou pela capital do distrito mais 14 vezes, entre as décadas de 30 e 60 do século passado, com os ciclistas a rodarem no asfalto setubalense pela última vez, antes do regresso de 2016, em 1974.

"Vamos passear por Portugal" 
Volta a Portugal arrancou para a estrada em 1927 
Num domingo que se antevê quente, os bravos do asfalto terão as altas temperaturas como principal adversário na longa tirada de 214,7 quilómetros, que une Reguengos de Monsaraz a Castelo Branco e que marca o regresso do muito reclamado Alentejo profundo ao percurso da prova rainha do calendário velocipédico nacional, depois de oito anos de ausência.
A terceira etapa vai prolongar a incursão no interior do país, com a ligação de 162,1 quilómetros entre Figueira de Castelo Rodrigo e Bragança a propor um percurso extremamente sinuoso, que terá no calor e na travessia da Serra de Bornes os principais obstáculos.
E é ao quinto dia, numa terça-feira, 8 de Agosto, que chega o momento mais esperado pelos amantes da modalidade: na ausência de uma chegada à Torre, é a Senhora da Graça a tomar-lhe o relevo, aparecendo esplendorosa e árida no seu topo, depois de 152,7 quilómetros a pedalar desde Macedo de Cavaleiros.
Ainda mal refeitos da exigente quarta etapa, os candidatos terão novo teste, no final dos 179,6 quilómetros desde Boticas, com o Santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo, a ser um tradicional palco de escaramuças entre os homens da geral.
Na véspera do dia de descanso, o pelotão vai ver culminada a sequência de tiradas complicadas, com o ‘carrossel’ de 182,7 quilómetros entre Braga e Fafe a manter o famoso troço de terra do Rali de Portugal, o Salto da Pedra Sentada, que tanto deu que falar na edição passada, e a inovar, com a inclusão do difícil Monte do Viso, uma contagem de montanha de primeira categoria, situada a cerca de 50 quilómetros da meta.
Depois do único dia de descanso da 79.ª edição, os resistentes retomam a marcha em Lousada, rumando na direção de Santo Tirso, mais precisamente da Senhora da Assunção, duro ponto final de uma travessia de 161,9 quilómetros.
Com a discussão pela geral a entrar na reta final, a oitava etapa vai servir como balão de oxigénio para os favoritos, com a ligação de 159,8 quilómetros entre Gondomar e Oliveira de Azeméis a terminar numa longa reta da meta com alguma inclinação.
Para o penúltimo dia ficou reservada a etapa rainha: apesar de ausente como meta, a Torre, ponto mais alto de Portugal continental e único prémio de categoria especial do percurso, terá uma palavra a dizer nos penosos 184,1 quilómetros entre Lousã e a Guarda, que contemplam seis contagens de montanha
Mas só a 15 de Agosto, depois do contrarrelógio de 20,1 quilómetros, percorrido no coração e nas rotundas de Viseu, é que será conhecido o sucessor definitivo do português Rui Vinhas (W52-FC Porto) no historial de vencedores da ‘Grandíssima’.

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