Zero quer respostas sobre opção Montijo

Aeroporto vai causar problemas de ruído na Baixa da Banheira 

A Zero defendeu neste domingo a realização de estudos de impacte ambiental sobre as alternativas ao aeroporto de Lisboa. E diz que há questões a esclarecer na opção pelo Montijo, relacionadas com acessibilidades, conservação da natureza, ruído e poluição do ar. “O estudo de impacte ambiental deve olhar para diferentes alternativas, revendo aquilo que está previsto em relação a Benavente e justificando não avançar com essa opção, o que nos parece positivo do ponto de vista dos recursos envolvidos para a construção de um novo aeroporto de raiz”, disse à agência Lusa o presidente da Zero. O ambientalista aponta o ruído na zona da Baixa da Banheira como um dos maiores problemas. A obra ainda vai desenvolver toda a rede de transportes públicos do distrito de Setúbal.  
Ambientalistas apontam alguns pontos críticos à escolha 

Francisco Ferreira referiu também a necessidade de analisar a gestão combinada do aeroporto Humberto Delgado com o aeroporto do Montijo. Salientando que a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) “deverá ser inequivocamente obrigatória”, o especialista refere que “tudo indica que a complementaridade feita pelo aeroporto no Montijo é bastante positiva”.
Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação social têm avançado que o Governo e a ANA - Aeroportos de Portugal se preparam para assinar o memorando de entendimento para desenvolver os estudos necessários à utilização da base aérea do Montijo como aeroporto complementar ao Humberto Delgado, em Lisboa.
A Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, listou cinco questões “críticas na avaliação da utilização da base aérea do Montijo para fins civis”, alternativa que, no entanto, reconhece poder representar “uma enorme poupança de recursos” relativamente à construção de uma estrutura nova, em Benavente.

Rotas migratórias de pássaros
A conservação da natureza “é talvez um dos maiores problemas”, explicou Francisco Ferreira, já que se trata do estuário do Tejo, de uma zona de protecção especial e reserva natural, uma área atravessada por várias rotas migratórias de pássaros.
As aves são também “um problema para as próprias aeronaves” pelo aumento de risco de colisão, o que “é sério e tem de ser devidamente equacionado e esclarecido”, alertou.

O ruído na Baixa da Banheira 
O ruído é outro assunto que inquieta os ambientalistas pois, a manter-se a orientação predominante das pistas, a zona da Baixa da Banheira, no município da Moita, “é fortemente afectada”.
Os aeroportos são uma preocupação pelos poluentes emitidos, como as partículas e os óxidos de azoto. A aviação representa 5,2 por cento das emissões nacionais, com um aumento de 28,5 por cento, entre 2000 e 2014, uma tendência “benéfica para vários sectores, como o turismo, [mas que] acaba por ser muito difícil de encaixar” no objectivo de, em 2050, Portugal ser neutro em carbono, meta anunciada pelo primeiro-ministro.

Como chegar ao aeroporto? 
A Zero quer saber como será o acesso ao aeroporto do Montijo e Francisco Ferreira enumerou a possibilidade de ser de barco, utilizando o cais do Seixalinho, no Montijo, por exemplo, de meios rodoviários ou da extensão da linha ferroviária do Pinhal Novo [entretanto transformada em ciclovia] até ao aeroporto do Montijo e do Metro Sul do Tejo, que “estava previsto ligar todo o arco ribeirinho sul”.
A opção pelo Montijo tem igualmente implicações no ordenamento do território, já que “estas infraestruturas criam sempre um grande aumento da pressão imobiliária, não apenas para habitação, mas eventualmente para uma oferta turística que pode potencial a margem sul”, conclui Francisco Ferreira.

Aeroporto para todas as companhias aéreas
Governo quer aeroporto a funcionar em 2019 
A solução complementar para esticar a vida do aeroporto de Lisboa vai mesmo avançar no Montijo. É apresentado na segunda semana de Fevereiro. Mas ao contrário do que se previa, a Portela+1 não será exclusiva das companhias aéreas low-cost. A razão é simples: não é possível do ponto de vista legal obrigar as transportadoras a operar num ou em outro aeroporto. 
Solução: a ANA deverá fazer uma discriminação positiva para "convidar" as transportadoras a operar no Montijo, estando prevista a aplicação de taxas aeroportuárias mais reduzidas na pista complementar.
No fundo, este novo terminal do aeroporto não será low-cost como estava inicialmente pensado, mas terá taxas low-cost. Os valores praticados vão, naturalmente, ser a principal porta de entrada para as companhias de mais baixo custo, numa altura em que várias transportadoras têm levantado a voz contra os aumentos de preços praticados pela ANA em Portugal.

As exigências da Câmara do Montijo 
Ao mesmo tempo, satisfazem-se os autarcas daquela região, especialmente Nuno Canta, do Montijo, que quer potenciar o desenvolvimento económico da região, advogando que o crescimento não seria o mesmo só com companhias de baixo custo e transporte de carga.
O Montijo também espera ver chegar um novo memorando de entendimento para assinar, depois de ter rejeitado assinar o que Sérgio Monteiro ainda enviou quando era secretário de Estado dos Transportes. De acordo com o jornal Público, o autarca admite que a abertura de o novo terminal aéreo do Aeroporto Humberto Delgado exija a concretização de obras e infraestruturas de acesso, que não deverão ultrapassar os 15 milhões de euros. Entre as obras está a conclusão da construção da circular externa que vai circundar a cidade, evitando a passagem do trânsito pelo centro urbano para chegar ao aeroporto.
Pedro Marques quer ver o aeroporto do Montijo a operar, o mais tardar, em 2019. Até lá, espera-se que a Portela continue a ver o tráfego a aumentar, bem como o número de companhias aéreas a pedirem para entrar em Portugal.

Agência de Notícias com Lusa

Comentários