Vitória responde às acusações da Câmara de Setúbal

"Comigo o Vitória não se põe de joelhos com ninguém"

O presidente do Vitória de Setúbal desmontou esta terça-feira os argumentos apresentados pela presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, que sustentam o distanciamento institucional entre a autarquia e a Direção do clube. Fernando Oliveira começou por dizer que a sua comunicação "não é uma resposta a ninguém, antes uma defesa da honra". O dirigente sadino defendeu que a Direção do Vitória "tem rosto" e enfrenta os problemas "de frente". O clube recusa ainda o facto de ter apoios no valor de seis milhões de euros da autarquia e questiona porque é que o maior clube da cidade não foi convidado para a cerimónia de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, em Bruxelas, na semana passada. 
Fernando Oliveira desmonta argumentos da Câmara de Setúbal 

"Não nos pomos de cócoras nem prestamos vassalagem seja a quem for", afirmou o presidente do Vitória de Setúbal, refutando que o clube tenha recebido apoios no valor de seis milhões de euros no período de 13 anos - estranha, nomeadamente, que a autarquia contabilize as quotizações pagas como associada do clube - e contrapondo com promessas da autarquia não cumpridas.
O Vitória recorda que o contrato-programa de desenvolvimento desportivo não é pago de há três anos para cá, tendo a Câmara justificado o incumprimento com o facto de não ter dinheiro, mas que compensaria com obras o que, defende o clube sadino, não está feito.
"Consideramos que existe um conjunto de informações que a senhora presidente dispõe que não corresponde à realidade. O Vitória tem uma necessidade de respostas, por parte do Município, que se prendem não com aquilo que foi feito mas sim com tudo aquilo que está por fazer", afirmou Fernando Oliveira, em conversa com os jornalistas.
E enumerou as promessas: "O relvado sintético anunciado no 103º. Aniversário do Vitória. Vai ser uma realidade? Se sim, quando?; a alteração do PDM/Vale da Rosa/direito de superfície do Estádio do Bonfim vai ser alterado? Se sim, quando?; a localização do museu do Vitória no Palácio Salema vai ser uma realidade? Se sim, quando?; a requalificação do Estádio do Bonfim de acordo com o pré-projeto existente vai ser uma realidade? Se sim, quando?; Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016 prescinde do contributo do Vitória Futebol Clube? Sim ou não?".
Em relação a este último ponto, estranha o Vitória que a Câmara, no âmbito do processo de candidatura, tenha feito deslocar ao Bonfim uma delegação que incluía representantes da União Europeia, e que não tenha incluído nenhum membro da Direção sadina na comitiva que se deslocou a Bruxelas para ver consagrada a candidatura da cidade. Lembre-se que a autarquia convidou José Mourinho, técnico natural da cidade, e Rosa Mota, atleta ligada à cidade do Porto.

Clube não fecha porta ao diálogo 
O líder da direção refutou ainda uma afirmação feita a 20 de Novembro pela presidente da câmara, Maria das Dores Meira, segundo qual a autarquia ajudou o clube a inscrever a equipa profissional na I Liga de futebol na presente época.
"A Câmara não teve nenhuma interferência. Quem arranjou um cheque de um milhão de euros para pagar às Finanças, ter as certidões e inscrever a equipa foi o Vitória. Não foi nenhum empresário, mecenas ou instituição. Foi o clube através do contrato que mantém com um patrocinador", garantiu.
Fernando Oliveira negou as acusações de "falta de lealdade e ataques constantes" apontadas pelo executivo camarário para o corte de relações com o clube e questionou o sentido de oportunidade da conferência de imprensa de Maria das Dores Meira.
"A senhora presidente achou por bem corresponder a esta prova de lealdade - seriedade e sabedoria, acrescentamos nós - com o agendamento de uma conferência de imprensa precisamente para o dia do 105.º aniversário do Vitória", lembrou.
Apesar do atual afastamento entre a câmara e a direção do Vitória, Fernando Oliveira admitiu que ambas as instituições têm muito a ganhar com o normal reatar das relações.
"Não conseguimos sequer admitir, por via do peso social, cultural e desportivo do Vitória e dos seus 105 anos de existência como bandeira da cidade de Setúbal, outro cenário que não seja o de uma aliança profícua, duradoura e, principalmente, estável entre a câmara e o clube", sublinhou o líder do clube.
Por isso, o Vitória de Setúbal não fecha a porta a uma reaproximação, porém, como fez questão de frisar Fernando Oliveira, não "vai pôr-se de joelhos".

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