Urgência do Hospital do Montijo pode fechar

Urgência do Montijo nas mãos da administração regional de Saúde

Quase quatro anos depois de uma comissão de especialistas ter proposto uma nova rede de urgências, o Ministério da Saúde publicou inesperadamente na última sexta-feira o mapa dos serviços que vão continuar a ter este estatuto em Portugal. São 78 serviços de urgência e emergência que funcionam em hospitais e centros de saúde de Norte a Sul do país, menos 11 do que os que constam da rede definida em 2008. O novo mapa entra em vigor dentro de seis meses. No despacho, o ministro da saúde, [que está de saída] deixa o funcionamento o serviço de urgência básica  no Hospital de Montijo na dependência de "orientação" da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.O Bloco de Esquerda considerou ilegítimo e inadmissível que o Governo, "em final de vida política", decida o encerramento de algumas urgências hospitalares e a desclassificação de outras
Governo de saída encerra várias urgências no país  

Numa pergunta dirigida ao Governo e entregue no Parlamento, o Bloco de Esquerda considera que o Governo PSD/CDS extravasou as suas competências, como governo de gestão, ao publicar na sexta-feira o despacho que "altera a organização da rede de urgências hospitalares".
"Um governo em final de vida política não tem legitimidade para legislar sobre algo tão importante e com tão grandes impactos nas populações. É não só incompreensível como inaceitável que um governo de gestão tome uma medida com este impacto", refere o Bloco nas questões enviadas ao Governo.
Segundo o documento, o despacho publicado "faz desaparecer alguns serviços de urgência básica", como os casos de Idanha-a-Nova, Coruche, Agualva-Cacém, Loures ou Serpa, enquanto a continuidade dos serviços de urgência básica de Montijo e de Algueirão-Mem Martins fica dependente da decisão da administração regional de Saúde.
"A pressa em produzir este documento foi tanta que foi até publicado com erros que o Ministério da Saúde indicou que iria corrigir após contestação, designadamente no que diz respeito às urgências da Póvoa de Varzim, Mirandela e Chaves, que passavam de médico-cirúrgicas para urgências básicas (SUB).
Também a urgência do hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, surge como desclassificada, passando de médico-cirúrgica para SUB, sendo que o Ministério não indicou este caso como tendo de ser alvo de correção, acrescenta ainda o Bloco de Esquerda.
O despacho, que deverá produzir efeitos dentro de seis meses, lembra que, em 2011, foi criada a Comissão para a Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência, com a missão de avaliar o estado de implementação daquela rede, nomeadamente a distribuição territorial existente, as condições de acesso e a composição das respostas existentes, bem como propor alterações.
A agência Lusa contactou o coordenador daquela comissão de reavaliação das urgências, o médico José Artur Paiva, que se escusou a comentar o despacho ou a responder a qualquer questão sobre as diferenças entre o que foi proposto e o que foi efetivamente publicado.
O Hospital da Figueira da Foz, por exemplo, mantém o serviço de urgência médico-cirúrgica, quando o relatório da Comissão para a Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência propunha a desclassificação da unidade para urgência básica.

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