Falta de anestesistas no Hospital de Almada

"Redução de 20 a 24 cirurgias por semana" no Garcia de Orta

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, está a adiar cirurgias programadas por falta de anestesistas. "Um problema recorrente", alerta a Ordem dos Médicos. Em Agosto, este problema afetava as grávidas, que não tinham quem administrasse a epidural para a realização do parto. "O Garcia de Orta tem dificuldade em contratar anestesistas, mas não há falta de profissionais. Há é falta de contratação de anestesistas pelo Serviço Nacional de Saúde. O ministério está a esvaziar o Sistema Nacional de Saúde", diz o bastonário José Manuel Silva, para quem é fundamental uma "auditoria às condições de funcionamento dos blocos operatórios". A administração do hospital diz que o problema está a ser resolvido. Entre Dezembro e Janeiro, acrescentam os responsáveis pelo maior hospital do distrito de Setúbal, vão ser admitidos cinco anestesistas.
Falta de anestesistas obriga a redução 20 operações por semana

O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos afirmou  que a falta de anestesistas obrigou a uma "redução de 20 a 24 cirurgias por semana", no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
"Há cerca de um ano, o Hospital Garcia de Orta perdeu 10 anestesistas - passou de 24 para 14 - e não consegue contratar outros", disse Jaime Teixeira Mendes, após uma reunião com a administração do Hospital Garcia de Orta, realizada na semana passada.
"Há algumas cirurgias que só têm bloco de operações disponível de duas em duas semanas e o Hospital Garcia de Orta calcula que houve uma redução de 20/24 cirurgias por semana, o que representa um número muito grande ao fim de um mês", acrescentou.
Segundo Jaime Teixeira Mendes, a saída de médicos anestesistas do Hospital Garcia de Orta coincidiu com a entrada em funcionamento dos novos hospitais público-privados de Loures e Vila Franca de Xira.
"A lei permite que esses hospitais público-privados venham recrutar nos hospitais do SNS (Serviço Nacional de Saúde), como o Garcia de Orta, oferecendo melhores condições aos médicos", disse, lamentando que as administrações hospitalares só possam substituir os profissionais de saúde que deixam os hospitais públicos através de empresas de prestação de serviços.
"Defendemos que os hospitais públicos deveriam poder contratar médicos diretamente, quando têm falta de especialistas, mas estão proibidos de o fazer pela nova lei, pelo que têm sempre de contratar através das empresas de prestação de serviços, o que tem sido um cancro para o SNS", disse ao Diário de Notícias.

Administração garante entrada de cinco anestesistas até Janeiro  
Para Jaime Mendes trata-se de uma restrição incompreensível, uma vez que existe a convicção de que a contratação de médicos através de empresas de prestação de serviços, em detrimento da contratação direta pelos hospitais, "acaba por ficar muito mais cara" ao erário público.
"Além disso, essas empresas [de prestação de serviços] ficam com uns 30 a 40 por cento do valor pago pelos hospitais e pagam muito menos aos médicos", acrescentou o Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos.
Ao jornal Correio da Manhã, a administração do Hospital Garcia de Orta explicou que "está a reforçar o corpo clínico de anestesiologia devido ao facto de muitos anestesistas qualificados terem sido recrutados por entidades privadas para os novos hospitais".
Entre Dezembro e Janeiro, acrescentam os responsáveis pelo maior hospital do distrito de Setúbal, vão ser admitidos cinco anestesistas. Avançou ainda o hospital que "espera-se a atribuição de algumas vagas no próximo concurso".

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