Tribunal do Barreiro revela sentença de seis fuzileiros

Fuzileiros que humilharam colega conhecem hoje sentença

A leitura da sentença do processo de seis fuzileiros da Marinha portuguesa acusados de agredir um outro militar, em 2010, durante o curso na Escola de Fuzileiros de Vale de Zebro, no Barreiro, está agendada para esta quarta-feira depois de almoço. Um dos seis arguidos e o ofendido são fuzileiros e continuam a prestar serviço actualmente na Marinha.
Caso ocorreu em 2010 em Vale de Zebro, no Barreiro 

Um dos episódios de violência, ocorrido a 2 de Agosto de 2010, foi gravado por um dos envolvidos e posto a circular na internet em 2011. Os arguidos, hoje com idades entre 25 e 29 anos, e o ofendido frequentavam o curso de praças, que decorreu de Outubro de 2009 a Agosto de 2010.
Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, entre Maio e Agosto de 2010 cinco dos arguidos “começaram a agredir física e psicologicamente, de forma frequente e reiterada”, a vítima, actualmente com 24 anos.
“As agressões ocorriam na cobertura, durante a noite, e nas salas de aulas e traseiras dos edifícios durante o dia. Eram perpetradas por mais do que um arguido, que concertavam entre si a forma de o fazer, designadamente desferindo vários pontapés e murros em todo o corpo do ofendido”, refere a acusação, descrevendo também agressões verbais.
Na madrugada de 2 de Agosto de 2010, na cobertura atribuída aos militares, cinco dos arguidos aproveitaram o facto de o ofendido estar a descansar, semivestido, e decidiram “molestá-lo fisicamente, desferindo-lhe pontapés, murros e joelhadas”, conta o MP.
As agressões, diz a acusação, foram gravadas por um sexto arguido, que guardou o vídeo no seu computador pessoal.
A vítima não recebeu assistência médica imediata, mas foi acompanhada em consultas de psicologia e psiquiatria no Centro de Medicina Naval, no Alfeite, e na Unidade Hospitalar de Santa Clara, tendo-lhe sido diagnosticado transtorno de pós-stress traumático.
As agressões determinaram ao militar 365 dias de doença, 90 dos quais com afectação da capacidade profissional.
“Os arguidos actuaram no intuito de humilhar o ofendido e induzi-lo a desistir do curso que frequentava, fazendo-o crer que não tinha capacidade para o exercício de tais funções”, sustenta o MP.
Os seis elementos estão acusados, em co-autoria, de um crime de ofensas à integridade física qualificada, na forma continuada. Um dos seis arguidos e o ofendido são fuzileiros e continuam a prestar serviço actualmente na Marinha.
A leitura da sentença está agendada para as 14 horas no tribunal de Instância Local do Barreiro.

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