Légua Naturista da Praia do Meco decorre este Sábado.

"Vamos todos correr contra o preconceito" 

"Corre como vieste ao mundo" é a proposta da organização da Légua Naturista que se realiza esta sábado, 19 de Setembro, na Praia do Meco, em Sesimbra, a partir das 10 da manhã. A terceira edição desta prova, única em Portugal, terá um percurso de 10 quilómetros sempre no areal da praia que podem ser feitos a correr ou a caminhar. As regras são simples: correr (praticamente). E é apenas praticamente porque as meninas para quem seja desconfortável pular podem usar uma sutiã discreto. Quanto ao resto, vá, são permitidas sapatilhas (e meias, lá está). E aconselha-se o uso de protetor solar e chapéu. Esta é uma prova para "correr com o preconceito" de quem ainda aponta o dedo aos amantes do naturismo em Portugal. 
Prova realiza-se pela terceira vez no concelho de Sesimbra 
Esta será a terceira edição, que se espera concorrida, até porque não tem limite de inscritos. Na primeira, em 2013, terminaram 28, na segunda, em Maio de 2014, quase dobrou. José Sousa, das Lebres do Sado, acredita que a evolução se manterá. Até porque, e isto dizemos nós, tudo vai do começar.
Além da corrida, cujo dorsal é uma pulseira, haverá uma caminhada. Ah, e uma t-shirt, por incongruente que pareça. “Depois treinam com ela, como eu faço, diz José Sousa”.
Esta é a única prova desportiva em Portugal onde os participantes, sejam federados ou amadores, podem correr nus. "Noutros países estão autorizados numa série de modalidades, do pingue pongue ao ciclismo, mas por cá ainda há muito pudor", diz José Sousa. A prova de amanhã está devidamente autorizada pela capitania do porto de Setúbal e Sesimbra. 
José Sousa diz que não é naturista mas é um atleta amador que adora correr. Conta com 66 maratonas de estrada e montanha e 56 ultramaratonas no curriculum. Agarrou nesta prova graças a um desafio de amigos. Tem como objectivo de contribuir "para a mudanças de mentalidades" e correr com o preconceito que, por cá, ainda vai existindo. 
A prova de 10 quilómetros, sempre no areal da praia do Meco, e tanto pode ser feito a correr como a caminhar. Nas duas primeiras edições, a prova teve participantes entre os 26 e os 77 anos. 
Um deles é Herculano, um empregado de mesa de 51 anos, que corre ao lado da mulher de 44 anos. "Gosto de correr de forma o mais natural possível e é uma sensação única", explicou o atleta amador ao jornal Dica da Semana. 
De acordo com Herculano, "a nudez é mal compreendida na sociedade atual. As pessoas associam-na ao erotismo e ao sexo. O corpo é considerado objecto de prazer e explorado, até à exaustão, numa perspectiva de perfeição". 
O presidente do Clube Naturista do Centro [que apoia a prova ao lado da Associação de Atletismo Lebres do Sado, da Federação Portuguesa de Naturismo e da Federação Naturista Internacional], explica que o "naturismo dá-nos uma sensação de liberdade indescritível e contribui para a autoestima", diz Júlio Esteves que defende ainda que "aqui somos todos iguais, os mais gordos, os mais magros, os de pele escura ou branca. Aqui não há marcas, nem de roupa".
A mesma ideia defende Sara Paixão, de 32 anos, que frequenta sempre que pode a Praia do Meco com o namorado e a irmã deste. "Estar nu não é pecado, não é sexo, não é erótico. É apenas liberdade e respeito pelo que gostamos. A sensação é muito boa e, mesmo quem critica, gostava de ter coragem para um dia experimentar. Mas estes apenas andam ao sabor das correntes morais da sociedade. É tempo de termos tempo de correr com esse preconceito. Até porque há cada vez mais praias naturistas na região de Setúbal".    







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