Almada lamenta "perda de capacidade" do Garcia de Orta

Câmara defende a construção urgente de um novo hospital no Seixal 

A autarquia de Almada considerou  que existe uma "perda de capacidade" do hospital Garcia de Orta, referindo que existe um desinvestimento nos cuidados de saúde em toda a Península de Setúbal. "A Câmara de Almada não pode, no entanto, deixar de expressar, uma vez mais, o seu profundo lamento, pelo facto desta situação ser consequência de uma política que teima em apostar no desinvestimento continuado nos serviços públicos de prestação de cuidados de saúde, em Almada e em toda a Península de Setúbal", refere a autarquia em comunicado. O documento refere ainda que a cooperação entre o Hospital Garcia de Orta e a Centro Hospitalar Lisboa Norte sublinha também a necessidade de construção de um novo hospital no concelho do Seixal. "Continua a constituir uma prioridade absoluta, tendo em vista a melhoria da capacidade de resposta e da qualidade dos serviços de cuidados de saúde prestados às populações", diz  Joaquim Judas. 
Câmara de Almada lamenta perda de capacidade do Garcia de Orta 

A Câmara, liderada por Joaquim Judas, refere que existe uma "perda de capacidade de resposta" do Hospital Garcia de Orta em várias valências.
"Abdicaram da existência de uma urgência polivalente na Península de Setúbal, realidade que afeta muito negativamente a qualidade dos serviços de saúde prestados às populações da margem sul do rio Tejo", salienta o autarca de Almada.
 As listas de espera para determinadas operações no Hospital Garcia da Orta, em Almada, vão reduzir-se quase para metade por influência de um protocolo assinado na sexta-feira entre o Hospital e o Centro Hospitalar Lisboa Norte. 
O protocolo permite que determinadas operações (tiroide, hérnia abdominal e vesícula) a doentes do Hospital Garcia da Orta possam ser feitas no Hospital de Santa Maria ou no Hospital Pulido Valente, baixando em 150 dias as listas de espera, disse à Lusa o presidente da administração do Garcia da Orta.
Daniel Ferro à Agência Lusa após a assinatura do protocolo, esclarecendo que a média atual é superior a 200 dias. O protocolo vai permitir “retirar 1300 doentes das listas de espera” e entra em funcionamento já este verão.
“Houve nos últimos tempos um recrutamento de anestesistas desta casa que enfraqueceu o corpo clínico, e a maneira de complementarmos a resposta à população é não só aprofundar aqui, sobretudo em tempo extra, a atividade cirúrgica, como também pedir ajuda aos hospitais da capital, que nos vai aumentar mais essa resposta”, explicou o presidente da administração do hospital de Almada.
O tempo médio de espera para uma cirurgia tem vindo a “degradar-se” desde 2003 e nos últimos anos os anestesistas foram “reduzidos a metade”, disse Daniel Ferro. 

Almada defende novo hospital no Seixal 
De acordo com a autarquia, a cooperação entre o Hospital Garcia de Orta e a Centro Hospitalar Lisboa Norte demonstra também a necessidade de construção de um novo hospital no concelho do Seixal, "há muito reivindicado" e que "continua a constituir uma prioridade absoluta, tendo em vista a melhoria da capacidade de resposta e da qualidade dos serviços de cuidados de saúde prestados às populações" de toda a Península de Setúbal. 
A atual política na área da saúde "é desde há muito denunciada pelos utentes, pelas suas associações e pelas autarquias locais", reforça a Câmara de Almada.
Em comunicado, o município de Almada reiterou que "em primeiro lugar, deve ser colocada, obviamente, a saúde dos cidadãos e a sua recuperação das situações de doença, não colocando em causa a bondade da cooperação entre hospitais".
A Câmara de Almada lamentou o facto de esta situação ser consequência de "uma política que teima em apostar no desinvestimento continuado nos serviços públicos de prestação de cuidados de saúde, em Almada e em toda a Península de Setúbal".

Ministro da Saúde satisfeito com protocolo 
Doentes de Almada vão ser operados em Santa Maria 
A cerimónia de assinatura do documento foi presidida pelo ministro da Saúde, que à Lusa salientou o facto de ser uma cooperação que vai resultar em 1200 cirurgias adicionais para os doentes do Garcia de Orta, no espaço de um ano.
Paulo Macedo congratulou-se por as duas entidades terem chegado a um entendimento para “um resultado muito concreto na vida de um conjunto significativo de portugueses” e acrescentou que é um modelo que “pode e que já está a ser replicado”.
O Centro Hospitalar Lisboa Norte fez recentemente acordos de cooperação com o Centro Hospitalar do Oeste e com o Hospital do Litoral Alentejano, como o Hospital Universitário de Coimbra fez protocolos com os hospitais de Aveiro e Guarda, lembrou Paulo Macedo, acrescentando que é um tipo de cooperação a que se junta o programa de “cirurgia adicional” e que serve para “recuperar um número significativo de cirurgias e reduzir as listas de espera”.
O protocolo assinado na sexta-feira, garantiu à Lusa o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Carlos Martins, não vai “em nenhuma circunstância” aumentar a lista ou os tempos de espera dos hospitais envolvidos da capital.
“Em nenhuma circunstância há aumento de tempo, ou de listas de espera, ou aumento de custos. Estamos é a gerir os nossos recursos humanos, a nossa tecnologia e a as nossas instalações da melhor forma possível, ao serviço do Serviço Nacional de Saúde e rentabilizando os recursos globais”, salientou.
Carlos Martins explicou que o protocolo contém um anexo onde se definem os tipos de operações que podem ser feitas e disse que esse anexo pode ser modificado em função das disponibilidades.
Para já são três as patologias contempladas e os doentes vão ser operados seja em cirurgia programada seja em cirurgia de ambulatório, num dos dois hospitais e com profissionais dos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, de acordo com as disponibilidades físicas e de equipas.

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