Almada e Seixal querem mais médicos de família

Autarquias culpam ARSLVT  por falta de médicos de família

Esta semana chegaram mais médicos aos concelhos do Seixal e de Almada. No entanto, a medida da tutela não veio colmatar a carência de profissionais de saúde nos dois concelhos mais populosos do distrito de Setúbal. Por isso, os presidentes das duas autarquias criticam a decisão da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo de não ter qualquer vaga para médicos de família para os centros de saúde dos dois concelhos. Num comunicado conjunto, os presidentes dos municípios de Almada e de Seixal expressam “a mais profunda contestação” pela decisão da Administração Regional de Saúde local que, consideram, “vai prejudicar ainda mais o acesso aos cuidados de saúde primários das populações” dos dois concelhos. Em Almada e no Seixal há mais de 70 mil utentes sem médico de família. 
Autarcas pedem colocação de mais médicos nos centros de saúde

Almada e Seixal lembram que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), na qual se insere o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal fez publicar no Diário da República, dia 24 de Dezembro do ano passado, a abertura de concurso para preenchimento de 70 vagas de médicos de família na área de intervenção daquela ARS. As duas câmaras, em comunicado, dizem  que “numa decisão que não conhece precedentes e de forma surpreendente, a ARSLVT não considerou, no quadro daquele concurso, qualquer vaga destinada às Unidades de Saúde dos Concelhos de Almada e do Seixal”. O comunicado acrescenta ainda que “não obstante o respectivo agrupamento ser actualmente um dos mais carenciados em termos de recursos humanos" em toda a região de Setúbal.
Joaquim Santos e Joaquim Judas [que lideram o executivo municipal do Seixal e Almada, respectivamente] contestam que a solução para este problema seja a colocação de médicos internos nos centros de saúde do Agrupamento de Centros de Saúde de Almada Seixal frisando que essa “não é a solução necessária à prestação de cuidados médicos de qualidade às populações” dos referidos concelhos. Ao mesmo tempo, acusam o Governo de “desinvestimento continuado nos cuidados de saúde primária" e lamentam “o facto de o ministro da Saúde, ignorar os reiterados pedidos de entrevista que lhe têm sido dirigidos pelas Câmaras Municipais de Almada e do Seixal para discussão dos graves problemas de saúde vividos nos dois municípios”.
Santos e Judas realçam que “a decisão da ARSLVT ignora a realidade concreta vivida ao nível dos cuidados de saúde primários nos concelhos de Almada e do Seixal”, em particular “o elevadíssimo número de utentes sem médico de família atribuído nestes municípios”. Os autarcas lembram ainda que “este número ultrapassa certamente os perto de 70 mil utentes oficialmente reconhecidos”, um número que pode “crescer de forma significativa porquanto é previsível que continuem a sair médicos do sistema que não são substituídos por decisões desta natureza”, embora o “ACES de Almada e Seixal seja aquela que maior número de médicos forma na área da ARSLVT”, conclui o comunicado das autarquias. 

Região de Lisboa com mais 168 médicos de internato
Desde segunda-feira que a região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo conta com 168 médicos de medicina geral e familiar, que iniciaram a especialidade de Medicina Geral e Familiar, um aumento de 22 por cento face a 2014, de acordo com o Ministério da Saúde.
Em comunicado, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), informa que os centros de saúde das zonas de Almada/Seixal, Loures/Odivelas e Sintra são as que recebem um maior reforço de médicos em termos absolutos. A medida, diz-se no comunicado, "irá permitir à ARSLVT, no final do internato, assegurar médico de família a mais 319 mil e 200 utentes, distribuídos por 15 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da Região de Lisboa".
Os médicos estão a iniciar o seu internato médico, que se realiza após a licenciatura em Medicina e corresponde a um processo de formação médica especializada, teórica e prática.
A região de Lisboa e Vale do Tejo envolve 3,6 milhões de utentes, distribuídos por quatro distritos e 15 Agrupamentos de Centros de Saúde. A falta de médicos nas urgências dos hospitais tem sido notícia nas últimas semanas, depois de relatos de muitas horas de espera, nalguns casos de 20 horas, e de dois casos de mortes de doentes enquanto esperavam para ser atendidos em hospitais do distrito [em Setúbal e Almada] e outros tantos no resto do país.

Agência de Notícias

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