Sistema de alerta para tsunamis testado em Setúbal

População seria avisada quatro minutos antes da onda gigante chegar à cidade 

Setúbal ensaiou na semana passada um sistema para alertar quem vive nas zonas costeiras de que um tsunami está a caminho do continente. No Parque de Albarquel, junto ao cais da Secil, foram realizadas experiências com um equipamento protótipo capaz de detectar antecipadamente a ocorrência deste tipo de fenómenos naturais. Estiveram envolvidos cientistas europeus e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. A responsabilidade desta experiência esteve a cargo do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, um organismo sediado em Bruxelas, que desenvolveu equipamento experimental, constituído por sistemas de medição do nível do mar e por um painel digital informativo. Quatro minutos é o tempo que o primeiro dispositivo de alerta testado com sucesso, em Setúbal, consegue avisar com antecedência que vem aí uma onda. Zona ribeirinha da cidade ficou totalmente destruída com o tsunami que se seguiu ao sismo de 1755. O mesmo aconteceu na zona ribeirinha de Lisboa. 

Setúbal testou com sucesso alerta de onda gigante 

Portugal testou com êxito, na semana passada, um dispositivo de alerta de tsunamis. A primeira instalação e teste ocorreu em Setúbal, pelas mãos dos especialistas do Centro Comum de Investigação da Comunidade Europeia, de Itália. É capaz de avisar quatro minutos antes da chegada da primeira onda.
"O dispositivo de alerta foi testado, com a ajuda de um simulador mecânico de tsunamis, tendo acionado de imediato o painel informativo e as sirenes do Parque Urbano de Albarquel", garantiu o líder do projeto, Alessandro Annunziato, citado pela Lusa.
"Algumas pessoas que ouviram as sirenes assustaram-se e até chamaram os bombeiros, porque ainda não conheciam este sistema de alerta", acrescentou o responsável. O dispositivo de alerta "pode ser ativado de forma automática, mas também de forma manual, sempre que as autoridades considerem que é necessário proceder à evacuação do local", refere Alessandro Annunziato.

Como funciona?

Constituído por um sistema de medição do nível do mar, instalado junto ao cais da Secil, a cerca de três quilómetros de Setúbal, e por um painel digital no Parque Urbano de Albarquel, o sistema permite avisar a população na zona ribeirinha de Setúbal com quatro minutos de antecedência em relação à chegada da primeira onda.
Este intervalo de tempo de reação, de quatro minutos, poderá aumentar significativamente no futuro, com a interligação de outros dispositivos de medição do nível do mar instalados ao longo da costa portuguesa.
Apesar do sucesso dos testes realizados em Setúbal, o líder do projeto reconheceu que ainda vai demorar algum tempo até que as zonas costeiras de Portugal e de outros países europeus beneficiem destes dispositivos.
"O sistema de alerta de tsunamis é financiado pela Comissão Europeia, mas, neste momento, há outras prioridades na Europa, como o emprego", disse Alessandro Annunziato.
A instalação do sistema de alerta de tsunamis em Setúbal, projeto iniciado em 2011, insere-se na estratégia europeia de investigação tendo em vista a melhoria dos mecanismos de alerta de desastres e reduzir os tempos de transmissão de alertas às populações em risco.

Olhar para o passado, para melhor enfrentar o futuro
Em Portugal, a entidade responsável pelo sistema nacional de alerta de tsunamis é o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que comunica todos os alertas que recebe à Autoridade Nacional de Proteção Civil, que, por sua vez, alerta a população em risco.
O especialista do Instituto Português e do Mar e da Atmosfera diz que este sistema “consegue avaliar o potencial de risco, sendo distribuída a primeira informação, após a qual é necessário verificar se as ondas ultrapassam os níveis normais”. Cabe às diversas entidades, como a Autoridade Nacional de Protecção Civil ou os serviços municipais de protecção civil, emitirem os alertas “através dos meios mais adequados, que podem ser SMS”. Depois de confirmado o risco, a população é alertada, com um aviso colocado no painel digital instalado no Parque de Albarquel.
Estratégia, prevenção e responsabilidade foram razões invocadas pela presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, para a adesão do Município a este projeto pioneiro e de “fulcral importância para a proteção da cidade e dos habitantes” em caso da ocorrência de um tsunami.
“Há preocupações naturais na região que não podem passar despercebidas à Autarquia”, afirma a autarca, ao vincar o investimento municipal realizado na área da proteção civil nos últimos anos.
Maria das Dores Meira salienta que, em face das características da região, “Setúbal tem de estar preparada para este tipo de situação” e, como tal, a Câmara Municipal tem trabalhado em candidaturas a fundos comunitários para apetrechar a Proteção Civil e a própria cidade.
A zona ribeirinha da cidade de Setúbal ficou totalmente destruída após o tsunami que se seguiu ao sismo de 1755, tal como aconteceu na zona ribeirinha de Lisboa.
De acordo com alguns estudos realizados em Portugal, um sismo idêntico ao de 1755 poderia provocar uma onda com sete metros de altura, que poderia destruir toda a zona do centro histórico e entrar cerca de 800 metros pela cidade dentro, até à zona do Parque do Bonfim.

Comentários