Areia volta a "fugir" das praias da Costa de Caparica

Perda de areia na Caparica dentro dos valores normais

Algumas praias da Costa de Caparica, em Almada, têm vindo a perder parte do areal nas últimas semanas devido à ação das marés. O fenómeno acontece cerca de um mês depois do fim dos trabalhos de reposição de areia nas praias que no último inverno foram fortemente fustigadas pelo mau tempo. Um relatório da Faculdade de Ciências de Lisboa  revela  "parte da areia perdida está a ser transferida para os fundos adjacentes, formando um banco submerso de areia que favorece a dissipação da energia da agitação marítima, fenómeno já observado após as intervenções de 2007, 2008 e 2009". Para a Agência Portuguesa do Ambiente a perda de areia nas diversas praias da Costa "são baixas e estão dentro dos valores expectáveis". No entanto segundo aquela entidade, "nos próximos dias, dependendo das condições de mar, vamos monitorizar também parte da zona submersa". As gentes da Costa de Caparica já há muito tempo que criticam a reposição de areais. 


Banhistas continuam com pouco areal na Costa de Caparica  

As perdas de areia que se verificaram após a alimentação artificial das praias da Costa de Caparica "são baixas e estão dentro dos valores expectáveis", disse nesta terça-feira à Lusa a vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Manuela Matos. "Estamos a fazer um acompanhamento da evolução das praias após a alimentação artificial. A semana passada fizemos uma monitorização da areia emersa das praias, comparando com o levantamento que tinha sido feito no final da alimentação artificial. Existem perdas mas são situações habituais neste tipo de intervenção", explicou aquela responsável. 
"Nos próximos dias, dependendo das condições de mar, vamos monitorizar também parte da zona submersa", acrescentou Manuela Matos, salientando que as praias da Costa da Caparica estão sujeitas a uma grande erosão, mas reiterando também a ideia de que as perdas de areia de algumas praias estão dentro dos valores que eram expectáveis.
Manuel Matos falava à Lusa pouco depois de ser conhecido o relatório da monitorização das praias da Caparica, efectuada na semana passada pela Faculdade de Ciências de Lisboa, para a Agência Portuguesa do Ambiente.
De acordo com o relatório a que a Agência Lusa teve acesso, "parte da areia perdida está a ser transferida para os fundos adjacentes, formando um banco submerso de areia que favorece a dissipação da energia da agitação marítima, fenómeno já observado após as intervenções de 2007, 2008 e 2009".
Em termos globais, acrescenta o documento, "a areia não é perdida dado que se mantém no grande sistema de circulação sedimentar do estuário exterior do Tejo, contribuindo para a estabilidade global do mesmo".
O relatório refere também que, de acordo com a bibliografia existente sobre a matéria, as perdas iniciais ocorridas em praias alimentadas "varia entre os 10 e 20 por cento".
O estudo da faculdade de Ciências de Lisboa reconhece, no entanto, que as alterações ocorridas nos últimos dias - desaparecimento aparente de parte da areia colocada em diversas praias - resulta da "ocorrência de agitação marítima rodada a SW entre os dias 7 e 12 de Setembro [muito pouco frequente], a qual favorece o transporte de areia para norte, para fora da área de influência dos esporões".
Referindo-se concretamente a algumas praias da Costa de Caparica, o relatório adianta que "na praia de São João da Caparica as perdas foram apenas da ordem dos sete por cento, sendo da ordem dos 10 por cento nas praias de Santo António e do CDS e de 15 por cento na praia Nova".
"As situações onde as perdas foram maiores ocorreram na praia do Norte, cerca de 35 por cento, que são valores da mesma ordem de grandeza dos verificados nas alimentações artificiais realizadas em 2007, 2008 e 2009", acrescenta o documento.
O Ministério do Ambiente investiu este verão cerca de cinco milhões de euros na alimentação artificial de diversas praias da Costa da Caparica com um milhão de metros cúbicos de areia, distribuídos por 3,8 quilómetros, face à remoção de areias provocada pela agitação marítima no último inverno. As obras ficaram concluídas a meio de Agosto. Um mês depois, muita areia já parece ter desaparecido das praias.

Populares criticam intervenção 
No pontão da praia do CDS, um pescador à linha, de 62 anos,  faz críticas à intervenção nas praias. "Em vez de reduzirem o pontão deviam aumentá-lo e construí-lo em forma de ‘t’ para quebrar a força do mar e não arrastar tanta areia", referiu. 
Outro pescador, João Luís, 69 anos, ali ao lado partilha as críticas: "Ainda só houve marés pequenas e já levaram parte da areia. No próximo inverno desaparece o resto", referiu.
O instrutor de surf, Hugo Li, referiu ao jornal Correio da Manhã ser bastante visível a "perda do areal" naquelas praias.

Agência de Notícias

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