CDS critica Câmara de Almada por oferta de relógios

Câmara gasta 78 mil euros em relógios para dar aos funcionários

O CDS-PP de Almada acusou  a maioria CDU na Câmara de Almada de gastos exagerados na aquisição de relógios [no valor de 800 euros/cada] para oferecer aos trabalhadores que completam 25 anos de serviço durante as comemorações do Dia da Cidade, a 24 de Junho. Em resposta, o chefe do executivo de Almada respondeu às críticas através de uma nota de imprensa em que diz não estranhar a atitude do CDS-PP face ao que tem sido a política do Governo. O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local apoia a iniciativa do executivo.

CDS acusa executivo da Câmara de gastar muito em ofertas 

Todos os anos a Câmara de Almada distingue os trabalhadores que completam 25 anos ao serviço do município com um relógio de pulso, oferecido no dia da cidade, a 24 de Junho. Este ano a tradição mantém-se. A câmara liderada pelo comunista Joaquim Judas vai pagar mais de 78 mil euros para premiar a dedicação de 98 trabalhadores, uma iniciativa criticada pela concelhia do CDS-PP.

A acusação do CDS-PP surge na sequência da decisão da autarquia de adquirir, por ajuste direto, um total de 98 relógios – 55 para homem e 43 para mulher -, por 63.792 euros, valor acrescido de IVA (num total de 78.464 euros), o que significa que cada relógio custa cerca de 800 euros.
“A Câmara de Almada tem todo o direito de homenagear os funcionários, mas consideramos que a oferta destes relógios é algo exagerada”, disse António Pedro Maco, da concelhia de Almada do CDS-PP, salientando que a situação não é inédita e que já motivou reparos dos partidos da oposição no passado.
“Entendemos que estas ofertas [relógios] poderiam ser substituídas por outro tipo de lembranças, eventualmente realizadas com o apoio dos centros de dia e de outras instituições de solidariedade social, que teriam menores custos para o município”, acrescentou o líder dos democratas-cristãos de Almada.
Para António Pedro Maco, as críticas à Câmara de Almada fazem ainda mais sentido, atendendo a que se trata de “um município que critica outras entidades públicas e o próprio Governo, por fazerem gastos supérfluos”.

Oferta “não afeta o investimento da autarquia" 
Judas afirma que ofertas não afeta investimento municipal 
Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada, respondeu às críticas através de uma nota de imprensa em que diz não estranhar a atitude do CDS-PP face ao que tem sido a política do Governo.
O presidente diz não estar surpreendido com as críticas do CDS-PP e garante que a despesa em causa não afeta o investimento da autarquia na área social.
“Não se estranha que o CDS-PP (concelhia de Almada) venha a público condenar esta iniciativa, tendo em conta a política que o Governo, que este partido integra, tem vindo a seguir em relação aos funcionários públicos e pensionistas, com a imposição de sacrifícios e o não reconhecimento de uma vida de trabalho”, refere o autarca eleito pela CDU.
Segundo Joaquim Judas, a oferta de relógios personalizados, com o nome de cada trabalhador gravado, “é um reconhecimento da dedicação dos funcionários do município de Almada ao serviço público, existente há mais de 20 anos”.
O presidente da Câmara de Almada afirma ainda que a despesa em causa “não afeta o investimento da autarquia, nomeadamente nas áreas de intervenção social, que têm registado, nos últimos anos, um acréscimo de verbas, em virtude das necessidades sentidas pelas populações, derivadas das políticas nacionais que têm levado a um empobrecimento dos portugueses”, conclui Joaquim Judas. 

Sindicato apoia iniciativa da autarquia 

O dirigente da secção de Setúbal do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, João Paulo, em declarações ao jornal Público, lembra que diversas autarquias reconhecem a prestação dos seus funcionários, de formas muito diferentes. Sobre a iniciativa de Almada, considera que “é sempre positivo o reconhecimento feito pela autarquia, dentro das suas posses”. E lembra que a iniciativa parte de um “município de topo, que não deve nada a ninguém e cumpre os seus compromissos”.
Pelo contrário, diz o sindicalista, "o Governo premeia os trabalhadores com despedimentos e com perda de subsídios”, finaliza João Paulo.
Segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses relativo a 2012 (o mais recente), Almada está entre os dez municípios com menor índice de endividamento.




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