Negócio do ouro trama inspector da PJ de Setúbal

Inspector da PJ de Setúbal detido por suspeitas de corrupção

A Polícia Judiciária deteve há dois dias sete pessoas no âmbito das investigações sobre negócios de ouro ilícitos. Entre os detidos está um inspetor da Judiciária de Setúbal e o presidente da Associação de Comerciantes de Ourivesaria do Sul, alegado cabecilha da rede, que foram detido por suspeitas de corrupção. O inspector está indiciado por passar informações a comerciante sobre as investigações. A Polícia Judiciária apreendeu cinco carros topo de gama, 70 quilos de ouro, 170 de prata e e mais de um milhão de euros em dinheiro. Em causa estão crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. O Estado poderá ter sido lesado em 12 milhões de euros nestas operações ilícitas de negócio com ouro. Os detidos estão a ser ouvidos esta tarde no Tribunal de Almada para aplicação das medidas de coacção.

Inspector da PJ de Setúbal é suspeito em negócio de ouro 


Na operação, realizada na quarta-feira nos distritos de Lisboa e Setúbal, a PJ apreendeu ainda cerca de um milhão de euros, várias dezenas de diamantes, cinco automóveis, uma embarcação e duas motos.
Em comunicado, a PJ referiu que os detidos, quatro homens e três mulheres, "estão indiciados pela prática de crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção, recetação e branqueamento de capitais".
"A investigação, que decorre há mais de ano, permitiu a desarticulação deste grupo que se vem dedicando ao cometimento destes ilícitos graves e altamente lesivos da economia nacional", salientou a PJ, acrescentando que parte dos materiais apreendidos "será proveniente da prática de crimes contra o património, bem como de transações não declaradas e efetuadas por particulares".
Uma fonte policial adiantado à Lusa que os arguidos já começam a ser inquiridos por um juiz de instrução criminal no Tribunal de Almada, que deverá anunciar as medidas de coação a aplicar ainda esta sexta-feira.
A mesma fonte referiu que a operação, que culminou com as detenções dos arguidos, iniciou-se há cerca de um ano numa ação conjunta da PJ, GNR e Autoridade Tributária (AT) que envolveu 60 investigadores, seis peritos informáticos da PJ e nove da AT.
A operação incluiu ainda, segundo a fonte, mais de 20 buscas, a domicílios, escritórios de contabilidade e a cofres privados de instituições bancárias.
Além do inspector da Judiciária de Setúbal também o presidente da Associação de Comerciantes de Ourivesaria do Sul, Paulo Martinho foi preso. O domo de uma série de lojas no Distrito de Setúbal, Lisboa e Leiria é acusado de ser o "cabecilha da rede". Em 2008, este mesmo dirigente dos ourives do sul, já havia tido problemas com a justiça: matou a tiro um assaltante que entrou na sua casa. Foi ilibado na altura mas agora foi preso pela PJ de Setúbal acusado de ser ele o "homem forte" de todo o esquema do ouro que desviou do estado cerca de 12 milhões de euros. 

Inspector preso pela própria chefe
As forças especiais da GNR foram usadas no assalto a duas moradias no distrito de Setúbal associadas à estrutura criminosa ligada ao negócio de ouro desmantelada dia 26, numa investigação da Polícia Judiciária de Setúbal. Entre os sete detidos, está um inspetor da PJ, indiciado por corrupção, suspeito de colaborar com a estrutura desmantelada, fornecendo-lhe informações e segurança.
O inspetor da PJ detido teria como função informar a rede criminosa das ações das autoridades, mas também assegurava que os transportes de dinheiro resultante dos crimes eram feitos de forma segura, para além de garantir que as casas-fortalezas permaneciam seguras. Poderá ser ainda indiciado por peculato. Foi preso pela própria chefe na manhã de quarta-feira quando chegou ao trabalho, em Setúbal.
Na operação, a PJ apreendeu fortunas: um milhão de euros em dinheiro, 70 quilos de ouro, 170 quilos de prata e dezenas de diamantes ainda não avaliados. Só o ouro vale 2,24 milhões de euros e o valor total da apreensão quase chega aos cinco milhões. Muito do ouro apreendido era resultado de furtos e roubos em residências. Depois de derretido era exportado, sendo o lucro colocado em contas offshore, entretanto descobertas pela PJ de Setúbal.

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