Alunos do secundário na rua contra cortes no Barreiro

Vereadora da educação recebeu alunos na Câmara e deu força às reivindicações 

Alunos de mais de cem escolas manifestam-se ontem em todo o país, para exigir mais financiamento para a educação, denunciando situações de salas de aulas sobrelotadas e secundárias sem espaço para acolher todos os seus estudantes. Quiseram ainda chamar a atenção para a falta de condições no ensino, escassez de professores e diminuição nos apoios sociais. No Barreiro, os alunos foram recebidos pela vereadora da Educação, Regina Janeiro, e mostrou todo o apoio à luta dos estudantes.

Alunos foram recebidos pela vereadora da educação no Barreiro 

Os estudantes do Ensino Secundário do Concelho do Barreiro manifestaram-se ontem, 13 de Março, em frente aos Paços do Concelho, reivindicando melhores condições de ensino e mostrando o descontentamento face a medidas governamentais que dificultam o acesso e colocam em causa o ensino público. A vereadora da Câmara do Barreiro, Regina Janeiro, responsável pela área da educação, recebeu os alunos nos Paços do Concelho e convidou-os para reunirem na Sala de Sessões.
A autarca disse que, "devido ao aumento do custo de vida e às condições económicas em que muitas famílias se encontram atualmente, há muitos alunos que estão a abandonar o ensino superior e outros com dificuldades em frequentar o ensino obrigatório".
Após o 25 de Abril de 1974, a escola pública foi uma das prioridades do regime democrático. Anos mais tarde, a escola pública passou a ser tendencialmente gratuita. Hoje, disse a detentora da pasta da educação da Câmara do Barreiro, "a educação é tendencialmente paga”, alertou Regina Janeiro. “Portanto, é muito justa a vossa luta. Não deixem que vos calem! Lutem pelos vossos direitos!”, disse a autarca.  
O valor excessivo dos manuais escolares, o aumento do número de alunos por turma, a falta de professores e de auxiliares de ação educativa, a necessidade de obras nas escolas e de acesso às tecnologias da informação e comunicação foram alguns dos temas abordados na conversa entre alunos e a responsável pela educação do Barreiro, sendo o grande foco de debate a defesa da gratuitidade do ensino obrigatório.
Regina Janeiro aconselhou os alunos a sensibilizarem os outros colegas “para esta luta que também é deles” e disponibilizou-se para reunir e colaborar com alunos e associações. 

Qualidade do ensino secundário em causa 
Alunos do ensino básico e secundário marcaram um "Dia Nacional de Luta" para sair à rua e exigir o "direito de estudar numa escola pública, gratuita e de qualidade". A ideia partiu de duas associações de estudantes (AE), tendo "aderido pelo menos uma centena de escolas", contou à Lusa Miguel Mestre, vice-presidente da AE da Secundária Santa Maria, em Sintra, uma das promotoras da iniciativa.
Numa carta assinada por 94 AE, os alunos prometeram "denunciar todos os ataques feitos ao ensino público pelo Governo PSD/CDS-PP" e as dificuldades por que passam.
"Certos estudantes, que vivem longe da escola, têm de pagar entre 70 a 80 euros pelo passe escolar. Alguns destes alunos tinham apoio social escolar e, por isso, só pagavam metade desse valor, mas agora têm de o pagar na totalidade", exemplificou Miguel Mestre.
O representante da escola de Sintra disse ainda que faltam funcionários e docentes e que há excesso de alunos por turma: "Aqui no Santa Maria, há alunos do secundário que têm de ir ter aulas para uma escola básica, porque não há espaço físico na escola para albergar os 2700 alunos", denunciou, referindo-se a duas turmas da área de Humanidades e duas de Economia.
Os alunos lamentam que existam estabelecimentos degradados e outros que, apesar de terem sido recentemente intervencionados pelo Parque Escolar, já tenham problemas na construção.
Para os estudantes, os cortes de cerca de 500 milhões de euros no ensino básico e secundário, no Orçamento do Estado para 2014, colocam em causa a qualidade da educação.

Agência de Notícias

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