O que aconteceu na tragédia do Meco?

Pais das vítimas da tragédia no Meco dizem que estavam mais pessoas na praia

O advogado das famílias das vítimas da tragédia na praia do Meco, Vítor Parente, acredita que existiam mais pessoas na praia para além dos sete estudantes, avança a SIC. A mesma estação afirma que a casa onde os jovens se encontravam no fim de semana terá sido limpa e arrumada de madrugada antes da chegada das autoridades, suspeita que é também partilhada por Vítor Parente. O advogado sublinha que existem ainda muitas questões sem resposta e é imperativo que estas se clarifiquem. O advogado acredita ainda que o que aconteceu no areal terá sido uma praxe. “Uma praxe nos moldes” relatados pela TVI na noite desta quarta-feira. Mas sublinha: “Tudo terá de ser investigado”. 

Advogado das famílias acusa Ministério Público de ineficácia  

Vítor Ribeiro estranha que tenha sido preciso tanto tempo para a investigação por parte do Ministério Público arrancar: “É estranho que o processo tenha estado parado um mês e só depois de os pais falarem para a comunicação social é que algo aconteceu. Houve um grande desinteresse pela investigação numa fase em que teria sido fundamental a recolha de provas”. 
O advogado das famílias que perderam os filhos explica que tem estado a preparar “a constituição como assistentes no processo dos pais” e que a entregará na segunda-feira no tribunal. A constituição como assistente permite à vítima ou queixoso actuar como colaborador do Ministério Público e intervir no inquérito e na instrução.
Só depois disso o advogado irá solicitar ao Ministério Público elementos – “e eventualmente uma reunião, que não sei se será concedida” – que permitam perceber que diligências já foram tomadas. E aí se saberá, por exemplo, se algum elemento da polícia [Marítima ou outra] esteve na casa alugada pelos estudantes, em Aiana de Cima (casa de onde partiram, no sábado, 14 de Dezembro, à noite, em direcção ao Meco, a pé e trajados). O advogado diz que já houve pais a serem ouvidos, mas, tanto quanto sabe, alunos não. “O processo está em segredo de justiça”, lembra.

Pais das vítimas falam com PJ
Foi a 21 de Janeiro que a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que o inquérito tinha sido avocado ao procurador da República coordenador do círculo de Almada e que já não estava nas mãos do Ministério Público de Sesimbra, que não chegou a ouvir o sobrevivente.
Nesta quinta-feira a PGR acrescentou que o Ministério Público está a ser “coadjuvado por uma equipa mista, constituída por elementos da Polícia Judiciária e da Polícia Marítima”.
A Lusa especifica que foram quatro os familiares dos estudantes que falaram à Polícia Judiciária de Setúbal. Citando fonte ligada ao processo acrescenta que a Judiciária poderá querer também os depoimentos dos elementos da Polícia Marítima, que tiveram o primeiro contacto com o aluno sobrevivente, assim como com residentes da zona onde os estudantes da Universidade Lusófona alugaram uma casa. O sobrevivente deverá também ser ouvido em breve.
Vítor Ribeiro está convicto que a tragédia teve origem numa praxe. E remete para a reportagem da TVI desta quarta-feira, em que se faz uma reconstituição de um ritual, [idêntico aquela que a RTP também já mostrou há duas semanas] que terá sido feito noutras ocasiões, segundo a estação de televisão. Nesse ritual, os praxados fazem prova para continuarem a ser os representantes do seu curso no Conselho de Praxes da Lusófona.

Reportagem da TVI “descreve” a praxe
Todos esperam por uma resposta plausível sobre o que aconteceu 
A TVI diz que várias vezes os alunos chegaram a ir para junto ao mar, sempre numa noite de lua cheia, como a da tragédia, para um ritual inspirado na Hora do Diabo de Fernando Pessoa, que passaria por ter o dux a questionar os colegas, de olhos vendados. 
A estação de televisão descreveu ainda o teor de algumas listas feitas por alunos que indicam que mais pessoas poderão ter participado no fim-de-semana de 14-15 de Dezembro, organizado pelos elementos do Conselho Oficial da Praxe Académica da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, do qual faziam parte as vítimas.
Segundo a TVI, Carina Sanchez, uma das jovens arrastadas pelo mar, terá sido incumbida de organizar a logística do fim-de-semana. Numa “lista de materiais” que seriam necessários a aluna escreveu, entre outros, “talheres”. E à frente da palavra “talheres” acrescentou: “Cada um traz de casa (trazer mais 5 a contar com os excelentíssimos).”
Cada aluno, incluindo o dux, João Gouveia, que sobreviveu, tinha uma alcunha. Mas numa lista que também estava nos pertences dos jovens a TVI encontrou mais nomes de código. Nomes que não os das seis vítimas, nem do sobrevivente: “Foca”, “Songoku” e “Mostar”. A TVI relatou ainda que no dia 12 de Dezembro, quinta-feira, antes da ida para Aiana de Cima, Carina foi às compras e gastou mais de 80 euros. E que foi comprada carne para 12 pessoas.
Veja AQUI a reportagem da TVI


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