Hospital Garcia de Orta nega caos na urgência

Não há “caos” mas hospital precisa de “mais médicos”

O Administrador do hospital Garcia de Orta, em Almada, explica que, no sábado, ocorreram “situações de grande gravidade no serviço de urgência”, o que motivou o aumento do tempo de espera. Daniel Ferro recusa que se tenha vivido "caos na urgência" do hospital de Almada, mas reconhece que a equipa de especialistas precisa e vai ser reforçada. A câmara do Seixal volta a relembrar para a “urgente” construção do hospital do Seixal e pede uma reunião [em conjunto com as autarquias de Almada e Sesimbra] a Paulo Macedo que ainda não foi agendada.


Administração do Garcia de Orta, em Almada, quer mais médicos 

A administração do hospital Garcia de Orta, em Almada, recusa que esteja a haver situações de “caos” na urgência e defende que “não se justifica o alarmismo que se está a criar” quanto ao tempo de espera. O presidente do conselho de administração, Daniel Ferro, admite que houve, desde o início do ano, três picos no que toca aos tempos de espera, mas ressalva que dentro de no máximo três semanas as urgências do hospital vão ser reforçadas com quatro médicos.
Em causa estão notícias e relatos de doentes que dão conta de tempos de espera de mais de 10 horas. Daniel Ferro admite que existiram três picos entre 1 e 18 de Janeiro, que se deveram a maior afluência ou situações mais críticas, mas recusa a ideia de “caos”.
“Apesar do pico que ocorreu entre as 16 horas e as 21 horas [de sábado], em que a espera chegou a atingir um pouco mais de sete horas, devido a um conjunto de situações graves, a situação nem de perto justifica que se fale em caos nas urgências”, disse, explicando que as situações críticas se referem a reanimações e aneurismas que “mobilizaram as equipas durante algum tempo”, mas que não se justifica “o alarmismo que se está a criar”.
De acordo com Daniel Ferro, o tempo médio nas urgências, no sábado, foi – e segundo uma escala dos mais graves para os menos graves – de uma hora e 10 minutos; duas horas e 10 minutos; e duas horas e 49 minutos. Quanto a sexta-feira, em que chegou a ser avançado pela oposição, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, na Assembleia da República, que os tempos de espera eram, nesse dia, às 9h30, de 13, 20 e cinco horas, Daniel Ferro contrapõe que eram – dependendo da gravidade – de duas horas e 30 minutos e de quatro horas.

TVI mostra falhas nas urgências
Pessoas esperam mais de 10 horas para serem atendidos 
No entanto, segundo reportagem da TVI, durante a noite domingo estiveram mais de 300 pessoas à espera para serem vistas no hospital Garcia de Orta, em Almada, segundo A espera, diz a estação de televisão, chegou, em alguns casos, a mais de 15 horas.
Uma doente, por exemplo, aguardava há “14 horas para ser atendida”. Após a triagem, disseram à jovem “que não havia médicos”.
Um outro utente mostrava-se indignado. A mãe, de 94 anos, e que deu entrada no hospital com falta de ar, “passou a noite toda sem ser atendida”, apesar de ter sido transportada pelo INEM.
Sem tratamento médico, as justificações apresentadas a quem está doente são poucas ou mesmo nenhumas.
O presidente do conselho de administração sublinha, porém, que dentro de, no máximo três semanas, chegarão mais quatro médicos especialistas “que vão trabalhar exclusivamente no serviço de urgência”, um reforço que acontece depois de um concurso e “atendendo ao insuficiente número de médicos especialistas”.
Daniel Ferro adiantou ainda que estão “a diligenciar, com os centros de saúde, a possibilidade de existir uma consulta, em prazo curto, para doentes de menor gravidade que recorram à urgência do hospital, evitando longas horas de espera.” Para além destas medidas, está prevista a criação de um hospital de dia polivalente, “que aumentará a capacidade de atendimento em cerca de 50 doentes por dia e que entrará em funcionamento durante o primeiro semestre deste ano”.

 Pico da gripe ainda não chegou
O presidente do conselho administração insiste que, em situações de menor gravidade, os utentes devem consultar primeiro o médico de família, antes de se dirigirem à urgência. Uma posição corroborada pelo director do serviço de urgência, José Clemente, que não negou, porém, que existem “algumas dificuldades” no serviço de urgência, relacionadas, entre outros aspectos, com o “défice de seniores, pessoas mais diferenciadas” nas equipas. Ressalvando que não está a dizer que as pessoas “mais jovens” não dêem o melhor, explica que a rapidez é menor, o que “obviamente condiciona os tempos de atendimento e os tempos de decisão.” Neste hospital, segundo Daniel Ferro, um em cada três médicos, é interno.
O hospital, disse ainda, está a preparar-se, em conjunto com os centros de saúde, para enfrentar os picos de gripe. Apesar de, segundo a Direcção-Geral de Saúde, a actividade gripal ter sido “moderada” nas primeiras semanas de Janeiro, espera-se um “aumento do número de casos de gripe”, como “é habitual” no Inverno, prevendo-se que tal aconteça nas próximas semanas.

Seixal volta a lembrar necessidade de hospital 
Câmaras da região querem reunião urgente com Paulo Macedo 
O hospital Garcia de Orta serve os cerca de 340 mil habitantes dos concelhos de Almada e Seixal, [as populações de Sesimbra passaram a ser atendidas no São Bernardo, em Setúbal] mas em algumas valências, diz a administração, “a sua zona de influência extravasa largamente estes dois concelhos, estendendo-se a toda a Península de Setúbal”.
Este é um dos motivos principais que as câmaras de Seixal e Almada apontam para a construção de uma nova unidade hospitalar no concelho do Seixal.
Em comunicado, a autarquia do Seixal reforça a necessidade urgente de se agendar uma reunião com o Ministro da Saúde para, mais uma vez, “demonstrar que as populações dos concelhos do Seixal, Almada e Sesimbra necessitam de mais um equipamento hospitalar, que responda às suas necessidades”. Esta reunião, relembra o executivo do Seixal, “ já foi solicitada pelos autarcas dos três municípios no passado dia 19 de Dezembro que até ao momento aguardam uma resposta do Ministro”.
Para o executivo do Seixal, “ o Governo não pode continuar a fugir aos seus compromissos, procurando evitar a necessidade de construir o novo Hospital no Concelho do Seixal. Utentes e profissionais da saúde sentem, no dia-a-dia, a necessidade dessa construção. A situação a que se chegou no Hospital Garcia de Orta é manifestamente insustentável e não é infelizmente uma questão pontual, o quotidiano dos utentes e dos profissionais de saúde é cada vez mais complicado, infelizmente somente desconhecido pelo Conselho de Administração daquele hospital”, refere a autarquia em comunicado. É tempo, diz ainda fonte da câmara do Seixal, “do Governo assumir as suas responsabilidades, cumprir os compromissos assumidos com as populações, as Comissões de Utentes de Saúde e as Autarquias dos Concelhos de Seixal, Almada e Sesimbra”.

Agência de Notícias
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