Enfermeiros começaram greve de cinco dias

Greve de enfermeiros “teve forte adesão” no Distrito de Setúbal 

Os profissionais de enfermagem deram ontem início a um conjunto de greves de cinco dias que foram convocadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses entre 15 e 22 de Outubro e que afectarão o período da manhã. No primeiro dia a paralisação afectou os serviços de saúde do distrito de Setúbal, Santarém, Lisboa e Madeira. No distrito a greve teve “forte adesão”, dizem os enfermeiros. 

Enfermeiros portugueses reclamam mais condições 

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou o calendário dos protestos no passado dia 4 de Outubro, na sequência do que considerou ter sido o falhanço nas negociações com o Ministério da Saúde. Do caderno reivindicativo faziam parte várias questões, das quais as principais eram as novas grelhas salariais para estes profissionais e a passagem do regime de trabalho de 35 para 40 horas semanais.
Agora, à Lusa, a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) Guadalupe Simões reforça também a preocupação que estes profissionais sentem face ao agravamento da crise e consequente diminuição do acesso das pessoas aos cuidados de saúde.
“Esta é uma situação que se alastra de norte a sul do país e o que sentimos é que as pessoas cada vez menos têm condições de chegar aos serviços de saúde, até porque, para muitos deles, a perspectiva é de encerrar, e não conseguimos entender as razões pelas quais, já tendo sido ultrapassadas todas as metas iniciais da troika para a Saúde, o ministro continua a cortar no Serviço Nacional de Saúde e essa seja mais uma vez a perspectiva para 2014”, afirmou a dirigente sindical.

Hospitais de Setúbal sentiram a greve 
A greve teve uma forte adesão” nos quatro hospitais do distrito de Setúbal. Daniela Santos, membro da direcção nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses realça que durante toda a manhã de ontem “ocorreram reuniões, onde foram debatidas ideias e pensadas novas formas de luta”. No hospital Garcia de Orta, (Almada), hospital do Barreiro, hospital do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) e hospital de São Bernardo, em Setúbal, “participaram nas reuniões cerca de 300 enfermeiros”.
Daniela Santos salienta que os enfermeiros querem um horário de trabalho completo, com contrato de trabalho por tempo indeterminado. A sindicalista considera que estes profissionais devem ter uma remuneração justa, uma vez que “trabalham exclusivamente para o Serviço Nacional de Saúde”.
A dirigente sindical refere a necessidade de os enfermeiros “serem pagos na totalidade pelas horas extraordinárias”.
A enfermeira defende a continuação das 35 horas de trabalho semanal e realça que está provado pela Organização Mundial de Saúde que “os enfermeiros não devem trabalhar mais do que estas horas, sob risco de prejudicarem a sua atividade profissional”. As cinco horas adicionais que o Ministro da Saúde quer impor podem ser reservadas para formação.
Daniela Santos mostra-se preocupada com o “agravamento da crise” e considera que a mesma provoca uma diminuição no acesso das pessoas aos cuidados de saúde.

Calendário das greves
Luta prolonga-se até 22 de Outubro em todo o país 

Hoje seguem-se paralisações em Portalegre, Évora e Beja. Dia 17 será a vez do Algarve e Açores e, no dia 18, de Aveiro, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Leira. Por fim, no dia 22 de Outubro, a greve está marcada para Viana do Castelo, Braga, Porto, Bragança e Vila Real.
“Em todas as instituições, a greve efectiva-se entre as 8 e as 12 horas, exceptuando na Madeira, no dia 15, que se efectiva no turno da manhã”, lê-se no comunicado do SEP, que adianta ainda que o sindicato vai reunir-se com os enfermeiros para procurar novas formas de luta.
O SEP – Sindicato dos Enfermeiros Portugueses – reclama a manutenção das 35 horas de trabalho semanal para os enfermeiros, com a possibilidade de as cinco horas adicionais serem reservadas às áreas de formação ou outras que não impliquem prestação directa de cuidados.
Outro dos principais temas em cima da mesa são as questões relacionadas com os salários, designadamente no que respeita a enfermeiros que estão a ganhar abaixo do regime remuneratório em vigor ou outros com vários anos de serviço e com uma diferença salarial de 200 euros relativamente a outros profissionais que ingressaram mais cedo.
Ainda sobre a mesma matéria, o SEP quer discutir as desigualdades em termos de remuneração, como especialistas que ganham como não especialistas e chefes e supervisores cujas tabelas salariais no futuro vão ter um diferencial grande em relação a outros profissionais que exercem há menos tempo.

Agência de Notícias 

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