CGTP avança com marcha na ponte 25 de Abril

'Manifestação da CGTP não põe em causa a segurança', garante Arménio Carlos

O secretário-geral da CGTP assegurou que a manifestação que vai atravessar a ponte 25 de Abril, em Lisboa, no dia 19 não ameaça a circulação ferroviária nem a segurança das pessoas e não deverá originar situações de violência. Arménio Carlos disse aos jornalistas que a questão da segurança não se coloca, quer para a circulação ferroviária quer para os manifestantes que vão desfilar no tabuleiro superior, e lembrou as várias provas desportivas que têm ocorrido na ponte 25 de Abril. Para já o Sistema de Segurança Interna deu um parecer técnico desfavorável à realização da manifestação na ponte. A última palavra cabe ao Governo.

CGTP ignora alertas e avança com marcha na Ponte 25 de Abril 

Seja na ponte 25 de Abril ou em qualquer outro local, a manifestação que a CGTP convocou para 19 de Outubro vai ser acompanhada pela PSP, que garantirá as condições de segurança. A polícia apenas aguarda uma decisão final sobre a possibilidade de o protesto se realizar na ponte, que cabe ao Ministério da Administração Interna ou, em última instância, ao tribunal.
“O que for feito terá seguramente a presença da PSP, seja onde for”, afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Direcção Nacional, comissário Paulo Flor. “Vamos aguardar com a expectativa que o caso merece para fazer o que tem de ser feito no sentido de garantir a ordem pública”, acrescenta o comissário, sublinhando que “a PSP adopta sempre o policiamento necessário para as condicionantes associadas ao evento”.
A PSP esteve reunida na tarde desta terça-feira com dirigentes da CGTP para falar sobre as medidas de segurança a adoptar na manifestação de dia 19. À TSF, Libério Domingues, da União de Sindicatos de Lisboa, disse que a polícia manifestou "um conjunto de preocupações que são perfeitamente plausíveis" e aguarda agora uma decisão final.

CGTP não muda de local...
A central sindical mantém o protesto na ponte 25 de Abril apesar do parecer desfavorável emitido pelo conselho de segurança desta infraestrutura (que inclui Lusoponte, Refer, Estradas de Portugal, Protecção Civil, Gabinete de Coordenação e Segurança Nacional e Instituto da Mobilidade Terrestre), alegando “diversos riscos” relacionados com a segurança. O parecer não é vinculativo.
“Não há nenhuma condição objectiva que ponha em causa esta marcha. Nós dizemos que se mantém naturalmente, nem podia ser de outra maneira”, afirmou o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. O dirigente comparou a manifestação a eventos desportivos já realizados na ponte, como a Meia Maratona de Lisboa, e considerou que o “problema deixou de ser técnico e passou a ser político”. “O que é normal para uma corrida [de atletismo] não é para uma manifestação”, criticou.

Meia Maratona é comparável a manifestação?
Há 23 anos que a ponte 25 de Abril recebe, em Março, dezenas de milhares de pessoas que, a andar ou a correr, percorrem o tabuleiro de mais de dois quilómetros sobre o rio Tejo, desde a Praça da Portagem (em Almada)  até Alcântara. A manifestação da CGTP terá o mesmo percurso.
No entanto, para cortar, por um dia, o principal acesso rodoviário da margem Sul à capital no dia da maratona, os meios de segurança são enormes.
 “Envolve brigadas anti-terrorismo, segurança marítima e terrestre nos acessos e ao longo de toda a ponte”, explica um responsável do Maratona Clube de Portugal, responsável pela organização do maior evento desportivo da capital. São investidos “milhares de euros” na operação de segurança – patrocinados por privados –, nomeadamente no pagamento aos agentes da PSP e GNR, além da segurança privada, e na preparação da ponte para receber os participantes, cerca de 35 mil pessoas.
É preciso cortar os acessos rodoviários ao tabuleiro e definir alternativas, manter um corredor de segurança para casos de emergência e garantir que ninguém tenta aceder ao tabuleiro inferior ferroviário. E, no limite, garantir que ninguém tenta atirar-se da ponte. Para os imprevistos, a organização tem um seguro. Tudo isto começa a ser planeado com um ano de antecedência.

Incerteza no número de manifestantes
Líder da CGTP quer mesmo avançar com a marcha na ponte dia 19 
Em comunicado divulgado na segunda-feira, o Sistema de Segurança Interna menciona os “diversos riscos” que levaram ao parecer desfavorável do conselho de segurança da ponte, cuja apreciação foi unânime. Um dos riscos identificados é o “número desconhecido de participantes” na manifestação. O parecer técnico desfavorável já foi transmitido aos gabinetes dos presidentes das Câmaras Municipais de Lisboa e Almada e à PSP, enquanto Autoridade Policial territorialmente responsável pela segurança.
No caso da Meia Maratona de Lisboa, a regra é: só os inscritos e com dorsal podem aceder ao tabuleiro. Mas Armando Farias, da CGTP, garante que não é bem assim. “Em qualquer evento desportivo na ponte há inscrições e depois há milhares de pessoas que participam sem se inscreverem. Até a minha mulher já participou e não se inscreveu", afirma.
O dirigente sindical encara esta manifestação na ponte como “qualquer outra”. “Não é mais complexa, é exactamente a mesma coisa”, afirma, lembrando que a central tem recursos humanos para assegurar a organização, em coordenação com a PSP, como tem feito até aqui.
Para este dirigente, o problema é outro. “A única razão [para o parecer desfavorável] é política, o Governo quando ouve falar em 25 de Abril fica nervoso”, afirma, sublinhando que está em curso uma “tentativa de cortar a liberdade de manifestação” e um “veto político”.
A Central Intersindical lembra que "a manifestação está legalizada" e a CGTP continua a mobilizar os trabalhadores para a marcha. Uma outra manifestação está prevista para o mesmo dia na Ponte do Infante, no Porto, mas até agora não é conhecido qualquer entrave à realização deste protesto.

Agência de Notícias


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