CGTP espera "grande jornada de luta" amanhã

Intersindical espera milhares de pessoas de todo o país  

O secretário-geral da CGTP conta ter "uma grande jornada de luta" no sábado, em Lisboa e no Porto, e promete anunciar outros protestos contra as novas medidas de austeridade previstas na proposta de Orçamento do Estado para 2014. À esta manifestação junta-se outra organizada por um movimento anónimo que promete bloquear o porto de Lisboa no seguimento da concentração em Alcântara.

Líder da CGTP espera "uma grande jornada de luta" 

"A CGTP conta ter uma grande jornada de luta no sábado, mas a luta não vai terminar, anunciaremos, na altura, outras ações que se justificam neste momento de ataque aos trabalhadores e aos pensionistas", disse à agência Lusa o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
A CGTP marcou para sábado uma jornada nacional de luta contra a exploração e o empobrecimento que inclui manifestações no Porto e em Lisboa.
O protesto no Porto integra a travessia a pé da ponte do Infante e em Lisboa previa a travessia da ponte 25 de Abril.
Dado que o Governo não autorizou a travessia a pé da ponte 25 de Abril, alegando questões de segurança, a central sindical optou por uma concentração em Alcântara, que deverá contar com a participação de "milhares de pessoas.
Muitas destas pessoas vão deslocar-se para a capital em autocarros, que vão atravessar a Ponte 25 de Abril com protestos sonoros.
“Está prevista a chegada a Lisboa de centenas de autocarros e muitas pessoas já manifestaram intenção de participar no protesto, seguindo nos seus próprios carros, para depois integrarem a concentração”, disse Arménio Carlos.

Frustrados por não conseguirem autorização na Ponte
Portugueses já não querem nem aguentam mais austeridade 
Para o sindicalista a decisão assumida pelo Governo "foi uma decisão política", mas não prejudicou a participação na manifestação.
"Do que sabemos, tem vindo a aumentar o número de pessoas que pretendem participar e, por isso, acreditamos que vamos ter um dia muito bonito, de confiança, determinação e de afirmação do que pretendemos para o país", disse.
Arménio Carlos reconheceu que o cancelamento da marcha na ponte 25 de Abril causou frustração nalgumas pessoas, mas estas acabaram por entender a decisão da CGTP.
"Decidimos que fazê-lo [atravessar a ponte a pé] era dar pretexto ao Governo para desviar a atenção do Orçamento do Estado, que é um brutal ataque a todos os trabalhadores e pensionistas", disse o sindicalista.
Arménio Carlos considera que a jornada de luta "vai ser um momento alto" para a central apresentar as suas propostas, como alternativa à política de austeridade seguida pelo Governo.
"Vamos ter com certeza duas grandes manifestações em que os trabalhadores e pensionistas vão mostrar que não ficam de braços cruzados e acreditam que o país tem futuro", acrescentou.
O líder da Intersindical entende que as medidas de austeridade inscritas na proposta de Orçamento do Estado para 2014 aumentam a indignação dos portugueses e acabam por ter um efeito mobilizador para o protesto.

Outubro e Novembro com muita luta nas ruas
Questionado se a CGTP antevê desacatos nas manifestações de sábado, o líder da central sindical voltou a rejeitar essa perspectiva.
"Nós não estamos ali para provocar desacatos e, por isso mesmo, tomámos a decisão de não entrar naquilo que o Governo pretendia, que era uma posição de confronto. Confronto pelo confronto não. A nossa arma não é o confronto violento seja com quem for, mas a da argumentação, da proposta e da demonstração da alternativa", contrapôs.
Já sobre o objectivo final da CGTP após ter convocado uma série de paralisações e de greves convocadas até meados de Novembro, Arménio Carlos deixou esse esclarecimento em aberto.
"Como em tudo da vida, uma coisa de cada vez: sábado vamos ter duas grandes marchas em Lisboa e no Porto; dia 25 haverá uma greve dos CTT contra a privatização destes serviços; está agendada uma quinzena de luta dos transportes com impacto mais significativo na primeira semana de Novembro (paralisações na Soflusa, Transtejo, Carris e, eventualmente, dos ferroviários, para além do Metropolitano de Lisboa e STCP); dia 8 de Novembro haverá uma greve da Frente Comum na administração pública. Depois, cá estaremos para ver o que vamos fazer a seguir", respondeu Arménio Carlos.

Movimento quer bloquear porto de Lisboa
Lisboa e Porto esperam milhares de pessoas nas ruas 

Um “movimento” anónimo promete bloquear o porto de Lisboa no seguimento da concentração em Alcântara marcada pela CGTP para amanhã. A CGTP demarca-se desta iniciativa e não assume qualquer responsabilidade pelo que venha a acontecer.
A convocatória deste novo protesto, que dá pelo nome de “Fazer pontes, ocupar a rua, parar o porto de Lisboa”, é “aberta e múltipla”, “sem porta-vozes nem dirigentes”.
De acordo com o texto, publicado no blogue http://bloqueioportolx.wordpress.com/ e no Facebook, este colectivo pretende bloquear o terminal de Alcântara do porto de Lisboa depois da concentração da CGTP-IN, interromper a circulação de mercadorias e apoiar a greve dos estivadores, que começa às 8 horas de domingo.
“É mais que sabido que as pessoas saem para a rua e não são ouvidas, portanto o que queremos é parar e afectar o capital, que é a única coisa que lhes interessa [ao Governo]. Talvez assim nos oiçam”, explicou Guilherme Príncipe, uma das muitas pessoas que estão a participar na mobilização que pretende bloquear o porto, segundo escreve o Jornal Público.
“Queremos parar um processo de precarização, reforçando a luta concreta no porto de Lisboa. Queremos fazer crescer outras lutas, noutros sectores da economia, noutras áreas da vida. Queremos dizer bem alto que o problema é a exploração e a acumulação obscena de recursos por uns poucos. Queremos dizê-lo numa linguagem que não possa mais ser ignorada. Queremos parar a economia e colocá-la nas nossas mãos.” É desta forma que a convocatória põe a nu os seus motivos e objectivos.   
“Nesta mobilização, não há movimentos em si, há pessoas que estão envolvidas em partidos, outras que só se manifestam por aquilo que se está a passar agora no país… É uma acção que envolve vários colectivos”, esclarece o mentor da ideia.


Agência de Notícias 

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