Vendaval comunista em Setúbal

Comunistas ganham em toda a linha no distrito de Setúbal

A CDU foi a vencedora das eleições autárquicas no distrito de Setúbal ao reconquistar ao PS os municípios de Alcácer do Sal e de Grândola, tendo alcançado a maioria em 11 de 13 câmaras municipais. No entanto, a média de 60 por cento de abstenção devem preocupar todos da esquerda à direita. O PS que apostava forte na tentativa de marcar posição em terreno comunista sai fragilizado e o PSD, apesar de derrotado a nível nacional, matem o mesmo número de eleitos do que em 2005. Surpresa também em Sines onde os Independentes perderam a autarquia para os socialistas.

CDU reforça mandatos autárquicos no Distrito de Setúbal  

Foi uma vitória clara da CDU, que também esteve muito perto de ganhar a Câmara do Montijo, mas o PS acabou por segurar a presidência do município por uma escassa margem de 400 votos (PS - 28,59 por cento e CDU - 26,02 por cento), apesar de ter perdido a maioria absoluta.
Montijo e Sines, concelho que também passou a ter maioria PS, são agora os únicos municípios “rosa” num distrito onde a CDU não só reforçou as votações de há quatro anos, como também conseguiu segurar todos os municípios onde apresentou novos candidatos.
Nos concelhos de Almada, Seixal, Moita, Palmela e Santiago do Cacém, a CDU foi obrigada a apresentar novos candidatos, devido ao limite de três mandatos consecutivos para os presidentes de câmara, mas conseguiu vencer em todos com maioria absoluta.
No litoral alentejano, a CDU reconquistou ao PS as câmaras de Alcácer do Sal, com maioria absoluta de 53,5 por cento (com quatro eleitos contra apenas três do PS), e de Grândola, com uma maioria relativa de 34,56 por cento (três eleitos), tendo o PS sido relegado para a segunda posição, com 23,62 por cento dos votos (dois eleitos).
No concelho de Grândola foram ainda eleitos dois vereadores de dois movimentos independentes que também concorreram à presidência do município.

Surpresa de Sines
Em Santiago do Cacém, a CDU manteve a maioria absoluta (45,53), mas em Sines foi o PS a conquistar aquele município pela primeira vez, e logo com maioria absoluta (51,97 por cento).
A autarquia de Sines era governada há 16 anos por Manuel Coelho, autarca eleito como independente em 2009, mas que já tinha três mandatos realizados pela CDU, em 1997, 2001 e 2005, o que o impediu de apresentar nova recandidatura ao cargo. Marisa Santos, a escolhida para a substituição, não conseguiu a vitória.
Em Palmela, apesar da saída de Ana Teresa Vicente, a CDU obteve mais uma maioria absoluta (46,7 por cento), com a candidatura de Álvaro Amaro a alcançar um total de cinco eleitos. O PS ficou com três lugares e a coligação PSD/CDS-PP elegeu Paulo Ribeiro. Em 2009 os dois partidos, em separado, anularam-se.
O ex vice presidente da Câmara Municipal da Moita foi eleito para o mais alto cargo na autarquia liderada pela CDU, que conquistou a maioria absoluta em todos os órgãos do poder local, assembleia e freguesias. O PS elegeu três vereadores e o Bloco de Esquerda mantêm o único vereador que já tinha.

Tudo na mesma...
Em Sesimbra foi mais uma vitória tranquila da CDU (41,93), que renovou a maioria absoluta (quatro eleitos), enquanto o PS garantia o segundo lugar (dois eleitos). A coligação PSD/CDS-PP ficou em terceiro (apenas um eleito). Com alguma surpresa, o movimento independente liderado pelo sesimbrense Carlos Sargedas obteve mais votos (8,64) do que o BE (5,51), mas não conseguiu a eleição de nenhum vereador.
A CDU também renovou as maiorias absolutas nos concelhos do Barreiro (44,89) e do Seixal (43,42), onde ficou, praticamente, tudo na mesma, dado que CDU, PS e PSD mantiveram o número de eleitos que tinham anteriormente.

BE a perder vereador em Almada 
Em Alcochete, a CDU venceu com maioria absoluta (53,45). Mal ficou o PS, que perdeu um dos dois vereadores que tinha anteriormente para o CDS-PP.
No concelho de Almada, o último a apurar os resultados finais, a saída de Maria Emília de Sousa (CDU) abriu uma janela de esperança aos partidos da oposição para estas eleições autárquicas, mas o candidato indicado pelo PCP, Joaquim Judas, não só venceu como reconquistou a maioria absoluta para a CDU.
A CDU obteve 38,73 por cento dos votos, aumentando de cinco para seis o número de eleitos da CDU, enquanto o BE averbava mais uma derrota eleitoral ao perder o único vereador que tinha conseguido eleger há quatro anos.
O PS, que alimentava a expectativa de ganhar as eleições tirando partido da saída forçada de Maria Emília de Sousa, não fez melhor do que manter os três vereadores que tinha, tal com o PSD, que também mantém dois eleitos na Câmara de Almada.

Montijo “quase” comunista
PS consegue manter Montijo "à tangente" 
E no Montijo, já um bastião antigo socialista, o PS esteve em suspenso à espera dos resultados da freguesia de Pegões que, já a madrugada ia alta, garantiu que a autarquia continuava em mãos “rosa”. Ainda assim Nuno Canta perdeu a maioria e a CDU ficou a pouco mais de 400 votos de diferença e elegeu 2 vereadores. Tal como o PSD que, no Montijo concorreu sozinho, e garantiu dois vereadores.

CDU mantêm capital do distrito
Na capital do distrito, Setúbal, a CDU continua à frente da autarquia. É agora a única mulher presidente à frente de uma autarquia do distrito. João Ribeiro, grande aposta socialista, manteve o partido como principal força de oposição. Mas esteve longe da vitória. O PSD elegeu Luís Rodrigues e o Bloco de Esquerda que lançou Mariana Aiveca, um peso pesado do partido, não consegui a eleição.


Paulo Jorge Oliveira 

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