Piquenique Caramelo, Procissão, Fitness e Bardoada

“Bamos lá simpaturrar mazé”

Centenas de pessoas juntaram-se no domingo no mega piquenique caramelo das Festas de Pinhal Novo. Nascido em homenagem a João Henrique, um dos fundadores das Festas Populares, o piquenique é já um dos momentos mais altos destes dias de festa local. Os caramelos, vestidos a rigor, trouxeram a animação para o Jardim José Maria dos Santos e a festa foi garantida, servida com muita música à desgarrada e regada de bom tinto e muita sopa caramela. Nesse dia, a procissão em honra do padroeiro da vila saiu pelas ruas de Pinhal Novo e, no espaço da gastronomia, juntou-se o melhor da ginástica com o melhor da gastronomia local... através da rainha de todas as festas; a sopa caramela, e dos atletas da Fitness Worx by Holmes Place de Pinhal Novo que encheu de ritmo a tarde. À noite houve Bardoada com fartura no Palco Principal. O Grupo do Sarrafo regressou ao principal palco da Festa e fizeram a festa à sua maneira, perante uma assistência considerável.

Piquenique Caramelo já é referência etnográfica da Festa  

O calendário apontava para domingo, dia oficial da festa caramela, pois então. O dia acordou cinzento a ameaçar chuva mas no Pinhal Novo ninguém pensou nisso.
Elas e eles, e as crianças também, estavam prontos para “intrar numa abentura”.
Vestiram-se a rigor, “passaram o sabonete das canelas à cintura” e ai estavam elas e eles prontos para o piquenique em nome de João Henrique, um dos fundadores das festas caramelas. Sardinhas, carapaus, saladinhas para acompanhar, a bela da febra, o chouriço assado, bolos e, claro está, a sopa caramela para uma bela barrigada. Era preciso “simpaturrar mazé”.
A “mine” e o “binho a granel” também não faltaram. A sandes de “cuirato” com pêlo juntou-se ao almoço e foi uma festança. Mas também houve favas com pão e “arroz branco com pão que os coelhos estão pela hora da morte”, dizia uma caramela antiga.
E já com tudo na malhada – que é como quem diz, no almoço, – foi uma alegria contagiante. Cantaram, comeram, contaram-se piadas, andou-se de pasteleira ao despique e até houve tempo para meter a conversa em dia ... uma grande tarde.
A “princesinha” da Festa, como alguém chamou a Ana Rita Santos, cantou a marcha das Festas deste ano ao som da concertina. E o povo caramelo entoou “a festa é linda”.
E quem estava “embaçado” e de “barrigada cheia”, passou pelas brasas debaixo dos plátanos do jardim, enquanto a canalha brincava por ali e outros preferiram cantar ao desafio ou, como dizia uma menina ainda pequena, “todos desafinados”.
Quem passava por ali parada e observava a festa caramela. Uns juntavam-se à festa pela primeira vez. Foi o caso do casal Saraiva. Júlio e Andreia Saraiva viajavam de Leiria para o Algarve e queriam descobrir percursos novos. As ruas engalanadas convidaram a uma paragem para ver melhor e o casal de Leiria “adorou” a malta caramela. “É único. É genuíno. É uma ideia deliciosa”, dizia Andreia já agarrada a um pedaço de bolo oferecido por uma caramela de ir e vir. “Epá antes era uma ofensa chamar caramelo a alguém... agora é um orgulho e tudo graça à Festa pá”, dizia um homem vestido de fato domingueiro.
E já com a tarde a andar para a noite, eis que eles e elas se pegaram num “balho balente”. O “balho” já ia na brasa e ninguém ficou parado por ali. Os Balha ca Carroça fizeram a festa, deitaram os foguetes, apanharam as canas e foi tudo de bem para a procissão que estava prestes a começar no adro da igreja de S. José.
Veja a reportagem fotográfica do Piquenique Caramelo AQUI 

São José, o padroeiro de Pinhal Novo
Procissão reuniu centenas de crentes nas ruas de Pinhal Novo 
Em nome de José Maria dos Santos, da maior vinha do mundo, do vinho que também há. Dos caramelos que chegaram de Cantanhede e de Mira, dos homens e das mulheres do Alentejo e do Algarve que chegaram no princípio do século XX para trabalhar nos caminhos de ferro, dos comboios e dos ferroviários. Em nome do entrecruzar de culturas e mentalidades, deste emaranhado de coisas e sentimentos, chegamos a Domingo com mais uma enchente humana. A tarde convidava a uma visita às tasquinhas de “comes e bebes”. Os licores, o vinho com chocolate, o artesanato, as farturas, os coiratos com pão, as pizzas “devoradas” à entrada do jardim, eram locais de paragem obrigatória de uma tarde que começou em silêncio e religião.
A procissão em honra de S. José atraiu à paróquia largas centenas de pessoas. Apesar destas serem umas festas “pagãs”, a igreja está desde sempre ligada à origem de Pinhal Novo.
Procissão saiu do adro da Igreja e percorreu as ruas de Pinhal Novo. Em silêncio, em oração, em busca de fé, as imagens de santos desfilaram pelo meio do povo. Acena-se das janelas, ajoelha uma senhora quando a imagem de Nossa Senhora de Fátima atravessa o jardim. E ficou, ali por instantes, em silêncio. A banda da SFUA acompanhou os passos da procissão em honra de S. José e à frente a fanfarra dos bombeiros do Pinhal Novo. A procissão de fé terminou, como sempre, na porta da Igreja com o mesmo nome. O Padre Ramalho agradeceu e apelou há fé e há força dos homens para ultrapassar esses tempos de crise e angustias. E ficou feliz por, ano após ano, “ver crescer o número de féis que nos acompanham”. E afinal, como disse, “as Festas de Pinhal Novo já não podiam passar sem a procissão”.
Veja a reportagem fotográfica da procissão em Honra de S. José AQUI

Os ginastas da Fitness Worx by Holmes Place
Atletas do Fitness Worx By Holmes Place animaram as tardes da Festa

A tarde ia bonita. Um grupo de ginastas da Fitness Worx by Holmes Place de Pinhal Novo davam corpo e exercício na zona da gastronomia e surpreendeu quem por lá passava. Muitas modalidades para mostrar de um ginásio que é muito mais que um ginásio: é uma grande família.
Continuando a percorrer os corredores do espaço gastronomia, encontra-se um pouco de tudo, um pouco de cada sabor. Desde os mais tradicionais aos doces e aos vinhos da região.
Apesar da festa estar quase à pinha, e de não serem muitas as cadeiras livres, alguns vendedores diziam tratar-se de um ano fraco em vendas. Para quem chega, o panorama não parece mau: em cima das mesas não faltam coratos, entremeadas e muitas imperiais. As pessoas, com um sorriso na cara, parecem felizes. “São dias diferentes que servem para nos esquecermos dos problemas de sempre”, resume António que brinda com os amigos.
Veja a reportagem fotográfica da Fitness Worx by Holmes Place AQUI


Bardoada no Palco Principal...
Depois de um dia em cheio foi tempo de Bardoada à beira do palco principal. Anos depois, o Grupo do Sarrafo regressou ao principal palco da Festa e fizeram a festa à sua maneira, perante uma assistência considerável naquele domingo.
Bardoada deram grande espectáculo durante as Festas de Pinhal Novo 
Passaram mais de 15 anos desde a fundação mas hoje os Bardoada – Grupo do Sarrafo – são uma das mais importantes manifestações culturais do concelho de Palmela e da Freguesia de Pinhal Novo que os viram nascer para a primeira actuação no Festival Internacional de Gigantes (FIG) e um ano mais tarde como associação. Hoje mais que um grupo de Pinhal Novo ou do concelho, os Bardoada são uma banda do mundo.
Numa notícia não caberá nem o som da chula nem do malhão onde os Bardoada bebem nem tão pouco há espaço para as centenas de histórias fantásticas que o grupo de Pinhal Novo arrecadou nestes anos de vida em nome da cultura.
São mais de 40 os elementos que compõe os Bardoada e dos zero aos cem ninguém fica indiferente à sua presença. Espalham ritmo, movimento e a vontade de “bater o pézinho no chão”. Uma energia contagiante que esteve presente em mais um ano de festa rija no Pinhal Novo.
Ao som dos bombos, caixas e timbalões, a banda incendiou o público com a animação do costume. Quando tocaram Vitória, a sua música premiada no mundo, o público rendeu-se. O ritmo era contagiante fora e em cima do palco.
Ainda assim o som era novidade para alguém que por ali passeava em dia de Festa. “É a primeira vez que estou a ouvir e estou literalmente deliciado com a postura e o ritmo. Isto sim é arte e cultura e quer a arte quer a cultura devem sair à rua mais vezes. Este é o espírito de qualquer Festa”, dizia um homem ao ADN.
Nestes 15 anos o grupo de percussão tradicional portuguesa, que baseia as suas músicas na “chula e no malhão” (bases de percussão tradicional portuguesa), depara-se agora com novos desafios: o Grupo de Gaiteiros da Bardoada que apresentam outro grande espectáculo. Virados para as feiras medievais [vimo-los recentemente na feira medieval de Alhos Vedros] e também em ritmos tradicionais portugueses. A criação de uma escola de percussão, os “Bardoadinhas” para jovens entre os 6 e os 12 anos de idade, foi outra das marcas deste grupo.
A modinha do malhão, o som da chula prometem não desaparecer das ruas, das praças e das orelhas dos pinhalnovenses. A dança dos gigantes – o Talau e a Mariana – também já fazem parte da tradição cultural do Pinhal Novo cá e lá fora.
O grupo já é conhecido a nível internacional e conta com inúmeras actuações por todo o país, no Brasil e em diversos países da Europa. Apesar disso, sabe sempre tão bem ouvi-los. E neste domingo, estiveram como sempre, em grande nível.
Veja a reportagem fotográfica do Concerto dos Bardoada AQUI

Acabar a noite nos carroceis...
Há noitinha foram todos juntos à corrida de toiros da festa e depois... a malta “está numa de ir na festividade ber stader a stander pra ber toda a coletbidade”. E lá foram, todos juntos, na multidão engalfinhada. Para a janta uma bifana, para a ceia uma fartura. De encontrão em encontrão chegam ao pátio caramelo onde bebem uma rodada de mines.
“Opois é o carrossel até nos mandarem embora”.
E pronto. É assim a festa!


Paulo Jorge Oliveira 

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