Duplo homicídio da Palhota por causa de ciúme

Homem teria lista de seis pessoas para matar

Manuel Balseiro Faria, antigo camionista, morava nos arredores de Palmela, matou na noite de domingo duas pessoas: a sua mulher, na Palhota, freguesia de Pinhal Novo e depois desapareceu para disparar sobre uma amiga do casal, no Lau, na freguesia de Palmela. Queria matar uma terceira pessoa que foi salva a tempo pela GNR e segundo uma investigação do JN havia, ao todo, seis pessoas na lista. A mulher resistiu ao ferimento do tiro e terá morrido em Setúbal já de madrugada. A amiga teve morte imediata. O antigo motorista desapareceu e foi encontrado ontem de manhã numa vinha com um tiro na zona da barriga. Suicidou-se, dizem as autoridades. O motivo? Pensava que a mulher o traia e que as amigas a ajudavam.

Casa onde ocorreu um dos crimes, no Lau 

Nada previa que uma tragédia acontecesse no domingo à noite nas zonas rurais do concelho de Palmela. Manuel, um homem que na terra era conhecido por Rato d’Água, andava desconfiado que a mulher o andava a trair. Mais, as duas melhores amigas de Lucília [a sua mulher], segundo pensava ele, eram as responsáveis para a “conduzirem para a má vida”, dizem algumas fontes ligadas ao casal.
A verdade é que o homem de 58 anos pegou numa caçadeira e, após uma primeira discussão em casa, disparou sobre a mulher, de 56 anos, na Palhota. Terá deixado a mulher ferida no chão e tomou o rumo do Lau, na freguesia de Palmela, onde terá disparado dois tiros contra Cidália Ascenço. A mulher, segundo aquilo que dizem as testemunhas, terá chegado de um baile. Manuel esperava-a escondido. Quando Lucília abria a porta foi atingida com um primeiro tiro no ombro. Tentou fugir mas não conseguiu ir longe. Manuel foi atrás e voltou a disparar. A mulher teve morte imediata.
Planeava fazer o mesmo a Belmira, outra amiga do casal. Ela só não teve o mesmo destino porque foi retirada de casa pelo GNR de Pinhal Novo antes de o homicida a encontrar. Ainda segundo outra investigação, havia uma lista de seis nomes a abater. De acordo com o JN, eram todos amigos e parceiros de negócios.
Uma quarta mulher, disse ao JN, ter recebido, cerca das 8 horas de ontem, um aviso de uma pessoa amiga para que não abrisse o café: "Disseram-me que ele também me queria matar".

Caça ao homem envolveu mais de 100 polícias
Durante toda a noite de domingo, madrugada e manhã de segunda-feira, a GNR de Pinhal Novo, Poceirão e Palmela, com a própria Unidade de Intervenção, e a PJ de Setúbal andaram numa caça ao homem, num raio de quinze a vinte quilómetros, com receio da continuação do banho de sangue. Até à manhã de ontem, o homem era dado como “fugitivo muito perigoso”.
O Rato d’Agua acabou por ser encontrado pela polícia já de manhã, ao lado do seu carro, no meio de uma vinha. As autoridades tiveram de accionar a localização do telemóvel para achar o paradeiro do homem. A aproximação foi feita com cuidado e pelo corpo de intervenção da GNR já que o homem estaria armado. No entanto, o homicida já estava morto. Tudo indica que disparou sobre si mesmo.

Mulher só morre no hospital
Homicida terá se suicidado numa vinha 
Refazendo os últimos passos do homicida é possível saber, por exemplo, que horas antes esteve com um amigo a apanhar fardos de palha. Segundo escreve o Correio da Manhã, no fim da apanha da palha o homem não foi ao café como era normal. Foi para casa. E terá sido ai que tudo começou. Após uma discussão acesa o homem terá disparado um tiro contra a mulher e fugiu.  Lucília não terá morrido logo e ainda tentou avisar as amigas e os vizinhos. Vários vizinhos tentaram alertar a próxima vítima [Cidália] que nunca atendeu o telefone por estava num bailarico em Agualva de Cima. Conseguiram no entanto avisar a GNR que salvou uma possível terceira vítima. A mulher, Lucília, foi alvejada no peito e foi transportada pelos Bombeiros de Pinhal Novo para o Hospital de Setúbal. Os médicos fizeram de tudo para salvar uma vida mas não conseguiram. O óbito foi declarado às cinco da madrugada de segunda-feira.

Homem teria doença terminal
A causa do duplo homicídio e suicídio parece estar num casamento problemático e numa doença cancerosa. "Foi-lhe diagnosticado um cancro na próstata e ele ficou desesperado", denuncia um amigo de Manuel Faria ao JN. E segundo avança o mesmo jornal, o homem teria apenas mais “seis a sete meses de vida”.
Manuel Faria, homem alegre que convivia com toda a gente, ficou triste, reservado e cabisbaixo. "Parecia que tinha uma depressão", diz a funcionária do café onde o homicida era cliente.
Além disso, também estaria a passar por problemas financeiros. Homem da terra, habituado a fazer searas e campanhas agrícolas, viu-se, com a crise, a viver dificuldades financeiras. Não obstante todos os problemas, ninguém previa que viesse cometer um duplo homicídio.

Arma de Manuel estava escondida
As autoridades não têm registo de qualquer queixa por violência doméstica, mas entre vizinhos e amigos da família as opiniões divergem. Uns afiançam que eles “eram um casal feliz e exemplar”, outros garantem que Manuel era um homem “violento e machista e que não deixava a mulher fazer nada”. Um dado parece certo: havia já ameaças. Porque  Lucília havia escondido a caçadeira do marido há várias semanas. A arma encontrada ontem não seria de Manuel e as autoridades ainda não sabem se o homem a terá comprado ou pedido emprestada.
Uma noite antes, dizem algumas pessoas, o casal foi com Cidália e o companheiro desta e ainda com Belmira a um bailarico na zona. Parecia estar tudo bem entre eles. Na verdade, não estava.
A casa do casal, local do primeiro crime, esteve fechada durante todo o dia mas da rua era possível ver sinais de violência: portas partidas, objectos espalhados pelo chão. Quem mora perto jura não ter ouvido nada. “Nem discussão alguma nem sequer os tiros”. “Este é um dia triste e um dia que ninguém vai esquecer”, dizia uma amiga do casal. “Gostava que tudo tivesse sido diferente porque ninguém tem o direito de acabar assassinado desta forma e, como se vê por todo o lado, as pessoas estão a ficar perigosas e algo terá de ser feito”, concluiu uma familiar das vítimas.

Agência de Notícias  



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