Porto de Lisboa quer contentores na Trafaria

Ligação ferroviária liga Trafaria a Pinhal Novo já está programada

Ainda não se sabe se o terminal de contentores da Trafaria vai mesmo avançar. Mas, de acordo com Marina Ferreira, presidente da Administração do Porto de Lisboa, que se não se avançar com o projecto de criação de um terminal de contentores na Trafaria ficará comprometida a capacidade de movimentação de Lisboa. A Refer já tem 160 milhões de euros [e um estudo que Quercus e Geota não conhecem] pronto para avançar com uma linha ferroviária de mercadorias que ligará a Trafaria ao Pinhal Novo, atravessando a Arriba Fóssil da Costa da Caparica – paisagem protegida. As Estradas de Portugal também já anunciaram que irão fazer 900 metros de estrada até ao futuro terminal. Quercus vê “com bastante surpresa” que, “sem se conhecer o projeto principal, que é o do Porto de Lisboa”, se avance “já com intenções, até com algum detalhe, dos projetos associados”.

Administração do Porto de Lisboa quer mesmo contentores na Trafaria 


Entre 2020 e 2025 a capacidade de Portugal, do ponto de vista do transporte de mercadorias de contentores, estará esgotada, disse Marina Ferreira, presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL), na primeira audição sobre a reorganização da actividade portuária do estuário do Tejo, na Assembleia da República. 
O primeiro porto a esgotar será o de Lisboa, disse a responsável, explicando que o terminal de Alcântara “está neste momento com ocupações na casa dos 70 por cento - valores de Maio de 2013 -, sendo de admitir que brevemente não tenha mais capacidade”.
Por essa razão, disse Marina Ferreira, “há um tempo estratégico para esta decisão”, no âmbito da qual está prevista a construção de um terminal de contentores na Trafaria, num investimento que o Governo anunciou já que ultrapassará os mil milhões de euros.
“Face à situação de esgotamento de capacidade há o risco de, ao não se avançar com o projecto, se comprometer a capacidade de movimentação de Lisboa”, disse, lembrando que isso tem custos para o país.
Na reunião na comissão de Economia e Obras Públicas, em conjunto com as comissões  Agricultura e Mar e de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, Marina Ferreira disse que a APL está neste momento a actualizar todos os estudos feitos nas últimas décadas em parceria com o LNEC.
A responsável explicou que desde os anos 80 começaram a ser estudadas soluções para a expansão do terminal de carga, alternativas para o previsível esgotamento do terminal de alcântara, tendo sido estudada a situação do Barreiro, de Alcântara, Trafaria e até uma solução no mar da Palha.
Em respostas às preocupações ambientais levantadas pelos deputados, Marina Ferreira garantiu que “todas as questões de impacto ambiental estão a ser super acauteladas”.

Ligação ferroviária custará 160 milhões

Novo terminal terá ligação ferroviária a Pinhal Novo 
A construção de uma ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria (Almada) custará 160 milhões de euros, numa extensão de 7,9 quilómetros, e deverá estar concluída no segundo semestre de 2019, disse o presidente da Refer.
O responsável foi ontem ouvido numa audição conjunta das comissões parlamentares de Economia, de Ambiente e de Agricultura e Mar, a propósito do projeto do Governo para a reestruturação do estuário do Tejo (relativo ao Porto de Lisboa, que abrange também municípios do distrito de Setúbal), que prevê a construção de um novo terminal de contentores na Trafaria, orçado em mil milhões de euros.
Questionado pelos deputados sobre o projeto da Refer de ligação ferroviário à futura infraestrutura, Rui Loureiro adiantou que o traçado escolhido é aquele que tem menor impacto ambiental - o caminho-de-ferro terá de atravessar a arriba fóssil da Costa da Caparica (Almada), classificada como área protegida.
Para minimizar os impactes ambientais, o traçado, entre o terminal e a linha do Sul, na zona do Pinhal Novo, terá três túneis e três viadutos.
"A arriba fóssil é uma pecha do projeto", disse aos jornalistas Rui Loureiro, admitindo que a solução dos túneis encarece a obra, que está orçada em 152 milhões de euros.
A obra, que deverá demorar dois anos a ser construída e estar concluída no segundo semestre de 2019, terá ainda um custo acrescido de oito milhões de euros necessários para expropriações. O responsável disse não estar ainda definido quem pagará - se a Refer se o futuro concessionário do terminal, caso em que a operação na linha ficaria exclusiva para o operador que vier a gerir o novo porto.
O presidente da Refer referiu que "a assunção da Trafaria [como local para construção de um novo terminal] não é atual", pelo que há "um canal mais ou menos reservado da linha do Sul até à Trafaria".
Rui Loureiro esclareceu ainda que a linha se destinará apenas ao transporte de mercadorias e que não está equacionada a possibilidade de construir uma nova ponte sobre o rio Tejo.
900 metros de estrada até ao terminal
Na audição, João Grade, vogal da administração da Estradas de Portugal, explicou que está construída a ligação da Trafaria ao IC20 (itinerário complementar) e que a empresa terá apenas de construir uma ligação entre a localidade e o terminal, com cerca de 900 metros, cujo custo está estimado em dois milhões de euros.
O responsável acrescentou que os estudos já realizados "não estão suficientemente desenvolvidos" quanto ao impacto no tráfego.

Quercus e Geota contra projecto
Quercus critica passagem de comboio por paisagem protegida

A vice-presidente da Quercus afirmou que é “absolutamente inadmissível” que se avance com projetos como a ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria sem que se conheça o projeto para aquele porto.
A construção de uma ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria (Almada) custará 160 milhões de euros, numa extensão de 7,9 quilómetros, e deverá estar concluída no segundo semestre de 2019, disse na terça-feira o presidente da Refer no Parlamento.
A Quercus disse que vê “com bastante surpresa” que, “sem se conhecer o projeto em si [o projeto principal, que é o do Porto de Lisboa]”, se avance “já com intenções de projeto, até com algum detalhe,dos projetos associados”, sublinhou Carla Graça, em declarações à agência Lusa.
Para a dirigente da Quercus, está-se “uma vez mais, à semelhança do que aconteceu em projetos anteriores, perante uma inversão total do processo de planeamento”.
“Nós já solicitámos informação ao Porto de Lisboa sobre o projeto do terminal de contentores da Trafaria há largas semanas e ainda não obtivemos resposta”, referiu.
“Este projeto específico da linha da Trafaria, em nosso entender, terá enormes impactos ambientais, como é óbvio, é uma área protegida”, defendeu Carla Graça.
O presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) considerou também “inadmissível” e “ilegal” a ligação ferroviária ao futuro terminal de contentores da Trafaria através da arriba fóssil da Costa da Caparica.
“Os impactos serão certamente muito significativos. Deve-se pensar seriamente se a obra deve ser feita ou não. A pouca informação que há sobre o projeto indica que é uma obra com utilidade duvidosa, com custo elevadíssimo e com impactos ambientais e sociais altamente lesivos, para além de uma metodologia de decisão inadequada”, frisou Joanaz de Melo, na terça-feira, em declarações à Lusa.
Para a vice-presidente da Quercus, está-se “na presença de decisões tomadas, com viabilidade duvidosa, que não se percebe sequer a justificação técnica e económica para se instalar o porto na Margem Sul”.
O projeto do Governo para a reestruturação do estuário do Tejo (relativo ao Porto de Lisboa, que abrange também municípios de Setúbal) prevê a construção de um novo terminal de contentores na Trafaria, orçado em mil milhões de euros. No entanto, o município de Almada está “frontalmente” contra o projecto, tal como muitos políticos de todos os partidos e técnicos especializados.

 Agência de Notícias 

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