Siderurgia Nacional ameaça sair de Portugal


Preço elevado da electricidade e greves da CP podem afastar gigante do aço do Seixal 

A Siderurgia Nacional, de capitais totalmente espanhóis e com unidades transformadoras na Maia e no Seixal, admite encerrar em Portugal e transferir a sua atividade para Espanha [onde já tem uma fábrica]. Uma ameaça que já é do conhecimento do Governo, segundo o jornal Expresso. Em cima da mesa estão os custos enérgicos elevados, taxas portuárias pouco atractivas e dificuldades logísticas acrescidas devido às várias greves da CP Carga. Se a empresa fechar portas, deixa 750 trabalhadores sem emprego.  

750 postos de trabalho em risco na Siderurgia Nacional 

O administrador Álvaro Almodóvar garante que a empresa já não consegue suportar os custos energéticos que considera "completamente desajustados da realidade".
Citado na edição do semanário, o responsável explica que, "em Espanha, onde também temos uma unidade, na Galiza, os custos por megawatt hora são 21 euros mais baixos e isso faz muita diferença". E, remata, ou há uma revisão dos custos energéticos para as empresas ou "simplesmente" fecham e vão produzir para outro lado, nomeadamente para Espanha".
A Siderurgia é o principal consumidor de energia em Portugal, com uma fatura a variar entre os 55 e os 60 milhões de euros por ano. Algo que começa a ser “insuportável” para a viabilidade da empresa que em Espanha terá custos muito menores. Desta forma, diz Álvaro Almodóvar, ou há uma revisão dos custos energéticos para as empresas do Seixal e da Maia ou “simplesmente fechamos e vamos produzir para outro lado, nomeadamente para Espanha”.

Greves da CP atropelam interesses da empresa
A logística é outro dos factor de grande instabilidade da empresa. A Siderurgia Nacional quer transportar toda a sua produção por comboio até aos portos de Setúbal e Leixões, queixa-se de que a CP Carga só assegura 30 por cento das suas necessidade, em parte por causa da multiplicidade de greves. Todo o resto da mercadoria é transportado por empresas de camionagem que, segundo a empresa, “ficam mais caros para além de serem uma maior fonte de emissão de dióxido de carbono”.
Álvaro Almodóvar diz ainda que continuam demasiado elevadas as taxas portuárias, que fazem com que os portos portugueses sejam cada vez menos competitivos.

Governo em silêncio
Apesar da Siderurgia Nacional ser a principal produtora de aço da Península Ibérica, e uma referência mundial neste sector, o administrador explica que já há vários concorrentes a colocar em Portugal “mais barato do que nós cá produzimos. E, nestas condições, não conseguimos estar no mercado”.
O assessor da administração da empresa do Seixal, António Cavalheiro, faz questão de afirmar que, “numa altura onde se fala tanto na necessidade de atrair investimento estrangeiro, talvez não fosse má ideia começar por tentar assegurar o que cá está”.
Até ao momento, apesar de estar a par das “ameaças” da empresa em deixar Portugal, o ministério da Economia, liderado por Álvaro Santos Pereira, não quis comentar o assunto.
A Siderurgia Nacional emprega 750 trabalhadores nas duas fábricas portuguesas e exporta 80 por cento da produção para mais de 40 países. Em 2012, a empresa facturou 750 milhões de euros.

Agência de Notícias 

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