19 anos de cadeia para o assassino de Tiago Vale


Tribunal considerou que Gustavo teve “manifesta intenção de matar”

O colectivo de juízes do Tribunal de Setúbal a quem coube o julgamento do homicídio do jovem Tiago Vale, ocorrido em Junho do ano passado, em Palmela, condenou o único arguido do processo a uma pena de prisão de 19 anos e classificou a morte do jovem de “um acto de violência extremamente gratuita”. Defesa já disse que vai “recorrer” e considera “inadequadas” as palavras da juíza para o arguido.

Tiago foi assassinado em Junho de 2012 em Palmela

Decorreu sexta-feira passada, na Vara Mista do Tribunal de Setúbal, a leitura da sentença em que era arguido Gustavo Oliveira, de 26 anos de idade, acusado da morte de Tiago do Vale, de 21 anos, morto à facada na noite de 18 de Junho, do ano passado, no largo da Boa Vista, em Palmela.
No acórdão, lido pela juíza Ana Sofia Wengorovius, na presença da procuradora do Ministério Público, Isabel Lajas, foram dados como provados a maioria dos factos constantes da acusação, excepto que o arguido tenha rasgado o toldo onde o grupo de jovens (Tiago e amigos) se encontravam e que o acusado, no decorrer da luta, se tenha virado de costas para ir buscar a navalha.
Aliás, a juíza referiu, várias vezes durante a leitura, o facto de ter sido retirada a vida a um jovem “por causa de um toldo”, bem como as lesões traumáticas graves de que foi vitima Tiago do Vale que, refere a sentença, “apenas deu socos para responder às agressões” de que estava a ser vítima. Do acórdão consta ainda a “manifesta intenção de matar” por parte de Gustavo Oliveira, o seu “desprezo pela vida humana” e que nenhum dos presentes interferiu porque, disseram-no em Tribunal, “todos eles pensavam que o arguido não tinha a navalha”.

Forte reprimenda da juíza a Gustavo
De acordo com o colectivo de Juízes, Gustavo é acusado de “egocêntrico”, de não ter mostrado “arrependimento sincero” no decorrer do julgamento e que o acto praticado foi “traiçoeiro e desleal”. Por tudo isso, o colectivo condenou o arguido a uma pena de 19 anos de prisão, bem como ao pagamento das custas do processo e de uma indemnização cível de 91 mil euros.
No entanto, após a leitura da sentença, Ana Sofia Wengorovius dirigiu-se a Gustavo Oliveira para lhe dizer que “não há palavras para descrever aquilo que o senhor fez! Tirou a vida a um jovem, de 21 anos… e o senhor, que tem uma filha, não a vai ver crescer por causa disto. É chocante e não há nada que explique aquilo que fez.”. A juíza disse ainda ao arguido que ele “é capaz de matar, por nada, quando contrariado” o que “faz de si uma pessoa extremamente perigosa e com uma personalidade extremamente violenta” e referiu que para todos os jovens que se encontravam no local “isto não tinha importância nenhuma para ninguém, a não ser para o senhor… para todos, esta era uma briga como todas as outras, mas o senhor praticou um homicídio na cara de toda a gente. O senhor matou, porque estava a perder mas queria ganhar aquela batalha” e, mais uma vez, voltou a questionar o acusado: “como é que tira a vida a um jovem que tinha todo o direito de viver?! O senhor tinha o dever de ter feito de outra forma, e não quis”.
A sentença foi lida na sexta-feira perante uma sala cheia de familiares de quem matou e de quem foi morto. No silêncio, quase arrepiante, uma palavra que penetrou o tribunal: “Assassino”. A última palavra da mãe de Tiago Vale para Gustavo que acabava de ser sentenciado culpado pelo Tribunal.

Advogada vai recorrer da decisão

No final da leitura do acórdão a advogada de Gustavo Oliveira, Cláudia Português, disse que ia “recorrer da decisão” do Tribunal e classificou de “completamente inadequadas” as considerações feitas pela juíza Ana Sofia Wengorovius. Por seu lado, o advogado da família de Tiago Vale, Cláudio Pisco, ao ser questionado sobre se tinha sido feita justiça respondeu que “mesmo que fosse aplicada a pena máxima” não seria feita justiça.
Lembramos que os factos ocorreram na noite de 18 de Junho do ano passado, no Largo da Boavista, em Palmela, local onde Tiago havia colocado um toldo e algumas cadeiras, fazendo daquele um local de confraternização entre amigos e onde se reuniam para assistir aos jogos de futebol do Euro 2012 que, na altura, decorria.
Naquela noite, cerca das 23.40 horas, aproximou-se do local um grupo de seis jovens, entre os quais Gustavo Oliveira tendo, momentos depois e por questões relacionadas com o toldo ali instalado, surgido confrontos entre a vítima e o agora acusado.
Tiago, na altura com 21 anos, acabou por ser atingido com uma facada no peito – que lhe atingiu o coração e causou a morte – e outra na região pulmonar, falecendo no local.
Na sentença agora proferida, um dos factos provados é a de que Gustavo Oliveira saiu do local e refugiou-se em casa de um amigo, igualmente residente em Palmela, onde acabou por ser detido pela GNR. Pelo caminho, limpou a faca na t-shirt que tinha vestida, atirou a arma para o meio de uns arbustos e desfez-se igualmente da camisola.

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