PS não quer contentores de Lisboa na Trafaria

“Custo demasiado elevado para o benefício que gera”

O Grupo Parlamentar do PS critica fortemente o projeto do Terminal de Contentores na Trafaria, em Almada, e exige a presença do Ministro da Economia e do Emprego no Parlamento e a apresentação de estudos técnicos e económico-financeiros que o fundamentam.

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Na opinião dos deputados socialistas, a recentemente apresentada estratégia governamental para o Porto de Lisboa constitui “mais um foco de profunda apreensão para as populações dos distritos de Lisboa e de Setúbal e um sério entrave à economia regional”. “Até os aspetos positivos, como o retomar, ainda que tardio e com tiques de novidade, do projeto, iniciado em 2008, do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa, em Santa Apolónia, e a declarada prioridade à requalificação de várias zonas para náutica de recreio e atividades de lazer, são anunciados sem uma proximidade efetiva aos planos das autarquias, nem respeitando a autonomia do poder local e as suas competências enquanto gestores do território, no espírito das alterações legislativas produzidas em 2008 e 2009 que transferem para os municípios a gestão dos territórios sem atividade portuária”, argumentam.
No segmento das mercadorias o PS regista, aliás, “com extrema apreensão” o anúncio da construção de um novo Terminal de Contentores na Trafaria e a eliminação, faseada, da movimentação de cargas na margem norte. Os deputados do PS distrito de Setúbal admitem que a relação do porto com o seu hinterland “fica prejudicada”, pois grande parte da carga movimentada, incluindo à exportação, tem como origem/destino a Grande Lisboa Norte.
“Devido às dificuldades de acesso e ao acréscimo substancial de tempos de percurso na ligação ao porto, a transferência para a Trafaria vai introduzir uma penalização fortíssima às cadeias logísticas que utilizam Lisboa, levando a transferências para outros portos. A distância tempo, por rodovia, entre Trafaria e Bobadela é superior à da ligação Setúbal – Bobadela, assim como Figueira da Foz assume uma atratividade acrescida. Pela primeira vez, o Tejo e o Atlântico não serão veículos de competitividade da capital, mas sim barreira física que separa Lisboa do seu porto”, justificam.
Trafaria sem condições
Os deputados alertam para que a ligação ferroviária à Trafaria, para além de “dificuldades resultantes do atravessamento de zonas ambientalmente sensíveis e de vencer desníveis significativos”, “terá um custo demasiado elevado para o benefício que gera”. “Não sendo razoável admitir que as ligações a Lisboa são asseguradas pela Ponte 25 de Abril, devido às conhecidas limitações de capacidade, admitir que a ligação ferroviária entre Lisboa e o seu porto se fará via Setil, não é sério por não constituir uma alternativa economicamente viável pela distância e velocidades praticadas”, consideram.
Os socialistas acreditam ainda que “o argumento que os fundos naturais na Trafaria permitirão que o novo terminal se constitua como um hub, é imediatamente contrariado pela inexistência na sua envolvente de terrenos disponíveis para a constituição de uma área logística, incontornável no desenvolvimento de um grande porto”. “Esta localização enquanto polo de desenvolvimento logístico contraria todos os instrumentos de gestão do território aplicáveis. Trafaria não terá condições para se constituir como hub mas tem proximidade geográfica suficiente para funcionar como elemento prejudicial aos portos de Sines e de Setúbal”, apontam.
Os socialistas sublinham ainda “a fragilidade dos planos apresentados, sem a devida fundamentação em estudos de viabilidade técnica e de avaliação económico-financeira”, com “a agravante de em resposta a perguntas básicas sobre a estratégia”, o governo pela voz do Ministro da Economia e do Emprego, ter respondido publicamente que “as soluções em concreto e respetivo custo seriam apresentadas depois de estudadas”. “Esta resposta indicia falta de transparência e uma inversão no processo normal de decisão tão criticada pelo governo em campanha eleitoral. Este governo anuncia primeiro e estuda depois, quando estuda”, criticam os deputados subescritores do requerimento entregue a 6 de Março.

 
Agência de Notícias 

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